A iFood é uma das maiores empresas de tecnologia do Brasil e um dos grandes destaques em qualquer lista de aplicativos mais baixados do Brasil, com algo em torno de 50 milhões de usuários e 400 mil pontos de venda cadastrados na plataforma.
Muito conhecido no mercado na hora de pedir comida, mas há uma outra face que nem todos conhecem, a de plataforma de educação empreendedora. Em agosto, por exemplo, a empresa realiza o iFood Move, um dos maiores eventos de conteúdo profissional para o setor de bares e restaurantes do mundo.
Para saber do evento e das iniciativas em educação, a GZM conversou com Beatriz Pentagna, Diretora de Marketing para restaurantes no iFood. Vamos saber, além de mais detalhes do iFood Move, sobre os programas da Academia do Delivery e sobre o iFood Decola, a plataforma aberta de educação empreendedora, que já formou mais de 50 mil pessoas. Confira:
GZM: Quais as motivações por trás desses programas de educação empreendedora que vocês promovem? E que necessidades específicas dentro do ecossistema iFood que esses projetos buscam suprir?
Beatriz: O Decola, que já tem aí uns 5 anos de existência, é como o iFood se preocupa. A gente sabe que o mercado de restaurantes tem vários perfis e tamanhos de empresários, pequenos, médios, grandes, cada um com uma necessidade, uma natureza diferente.
Nos pequenos, por exemplo, a gente sabe que tem uma mortalidade enorme e o Decola vem para tentar suprir isso, falando sobre a forma de operar, de contratar pessoas, a gestão financeira. É um site de ensino à distância com conteúdo que fala de marketing, de financeiro, como operar no iFood e tentar ajudar esse pequeno empresário a vender mais no iFood, que com certeza é uma forma fácil de começar a empreender.
Quando a gente fala de marcas grandes que são mais estruturadas e não tem essa necessidade básica, elas podem, por exemplo, informar os seus profissionais como é que é operar dentro do delivery, além de indicar os funcionários a fazer esses cursos.
Então, o propósito é esse, fazer com que os negócios saiam mais fortes, vendam mais. Bom para o setor, bom para o iFood, bom para todo mundo.
GZM: Sobre a Academia do Delivery, ele está exatamente na mesma direção do iFood Decola?
Beatriz: Sim. A Academia do Delivery surgiu dentro do iFood Move. Em 2024 a gente fez a primeira edição do evento, que hoje é o maior da América Latina focado em restaurantes do ponto de vista da quantidade de pessoas.
Dentro do evento, a gente tinha uma área que cabia 400 pessoas, que a gente chamou de Academia do Delivery. Chamamos não gente do iFood para trazer conteúdo, chamamos especialistas do mercado de delivery também para ajudar aqueles restaurantes que estavam lá. Então é algo bem mais amplo do que o Decola, nesse sentido.
GZM: Sobre o Move de 2025, como ele está pensado?
Beatriz: A gente espera receber 12 mil pessoas e em torno de 100 palestrantes. Vamos falar muito de empreendedorismo e liderança, sobre como é difícil você gerir um negócio, contratar pessoas e como é que você mantém o seu negócio super conectado com as mudanças que estão acontecendo.
Tem uma outra outra trilha de conteúdo que é 100% voltada para comportamento do consumo e tendências, afinal tem uma Geração Z aí, que é quem tem mais de 20 anos, que começa a consumir muito mais e o empresário precisa conhecer, precisa estar na internet, precisa estar nas redes sociais interagindo com esse público.
Tem um bloco também de tecnologia e inovação, falando de inteligência artificial, como isso já mudou o jogo, como é que outras empresas estão fazendo e o que está por vir? Teremos então especialistas do mercado, mas também pessoas que não são do setor de restaurantes, mas que conseguem se conectar sobre liderança, sobre tendências.Então tem muita coisa boa vindo!
GZM: Como é que esses programas se encaixam na estratégia de negócios e nesses objetivos de longo prazo que a companhia tem?
Beatriz: Acho que é lá na primeira frase que eu falei, o mais importante, para gente, é que o setor cresça, quanto mais restaurantes vendendo, vendendo bem, com saúde financeira, mais usuários eu consigo ter, porque o iFood precisa de usuários no final do dia e o restaurante também, então são as duas pontas buscando o usuário e agora o iFood mais do que nunca impulsionando isso.
A gente até então era uma empresa só de delivery e agora a gente não é mais só delivery, a gente tem vários serviços também para o restaurante, do ponto de venda físico dele, como tomador de pedidos de autoatendimento, tem a máquina POS, que tem um CRM já instalado, então é um negócio 360. Se esses negócios crescem, o iFood cresce no final. Então é bom para todo mundo.
Esses programas vêm para isso, para ajudar o setor a crescer, seja através de educação, seja através de novas soluções, seja através de relacionamentos, seja através de conteúdo lá no iFood móvel.
GZM: Que outros espaços e ações vocês têm dentro da empresa e que vocês já promovem junto com os parceiros?
Beattriz: Temos um programa que se chama Fórum de Restaurantes, é um programa onde todo ano a gente pega um grupo de restaurantes com empresários de todos os tamanhos, cerca de 20, mais ou menos, e todos os meses eles frequentam o iFood. Eles trazem para a gente o que que está funcionando, o que que o iFood poderia melhorar, ajudam a gente a direcionar como evoluir na ferramenta.
Mesmo porque, como uma empresa nativa digital, ela é muito focada no produto e a gente está o tempo todo olhando para o nosso produto, no sistema, o produto aqui é o sistema. A gente poderia fazer isso através de pesquisa, mas a gente acha muito melhor fazer isso através da escuta do usuário e esses empresários que estão aqui dentro nos ajudam muito nisso.
Eles sentam junto com o time de tecnologia e eles aprovam as telas e tudo mais. Esse é um projeto que faz a gente acelerar muito e melhorar muito nossos processos. O próprio iFood Move nasceu dessa escuta também.
A gente percebia o quanto a gente queria falar com todos os mais de 400 mil empresários que estão na nossa plataforma hoje e era difícil, porque nem todos nós temos uma relação comercial direta. Então o iFood Move consegue dar esse alcance, levar essa voz no iFood para fazer essa escuta.
Temos muita parceria com associações também, como com a Abrasel, que estamos juntos dos eventos locais e regionais que eles fazem. A gente acredita muito no trabalho que eles fazem local, principalmente para nos aproximar dos empresários.
GZM: Qual é a filosofia que o iFood carrega por trás desse investimento em capacitar os seus parceiros?
Beatriz: A gente acredita que a educação move o futuro. O empresário pode estar preparado se ele souber operar o seu seu negócio, ele tem que saber fazer uma boa contratação. Se ele quer fazer uma ação promocional, ele precisa saber como fazer isso. Se ele quer expandir, como é que ele faz isso? O iFood sabe que os empresários precisam desse suporte, então esses programas de educação nasceram com esse propósito de ajudar mesmo, contribuir e acelerar o negócio.
GZM: Qual a estrutura que vocês montaram internamente para esses programas?
Beatriz: A gente tem uma equipe dedicada à educação de restaurantes e empregadores, uma equipe grande, pois a gente lança conteúdos mensalmente, então tem sempre uma nova produção. O próprio iFood Move, com essa estrutura para receber 12 mil pessoas, também é uma parte significativa do nosso investimento em educação, conteúdo e evolução do setor.
GZM: Sobre o programa Decola, quais são os temas e que módulos são abordados dentro deste curso?
Beatriz: São várias trilhas e uma delas é fundamental, que é a trilha do onboarding, especialmente para o restaurante novo no aplicativo. Tem toda uma trilha ali para ele fazer nos primeiros 30 dias, principalmente focada na operação. Como que ele deveria gerir o pedido dentro do iFood, operacionalmente, receber um pedido, fazer a entrega para aquele entregador e como deveria ser a forma mais fluida para você fazer o pedido chegar mais rápido no usuário.
Então tem toda uma parte operacional num primeiro bloco, que é essa primeira trilha. Mas a partir daí a nossa recomendação é que o empresário foque onde ele tem um gap maior. Temos trilha de marketing digital, que dá dicas sobre como você fazer uma boa foto e implementar no seu cardápio fotos atrativas, como você inclusive deveria fazer descrições no seu cardápio pra isso, pra ser mais atraente.
Tem depois um bloco de vendas onde a gente fala sobre como é que ele deveria investir em alavancas, distribuir voucher, investir em anúncios dentro do aplicativo, até ter uma página na
E tem um bloco do financeiro também, de como é que você faz um bom DRE, como você faz um CMV, que é uma coisa muito importante para restaurante. É bem comum que restaurantes pequenos não saibam o que é um CMV, uma ficha técnica para eles ensinarem as suas equipes e não terem perdas muito grandes.
GZM: Como vocês desenvolveram esse conteúdo, isso foi feito internamente ou tiveram parcerias externas?
Beatriz: Tem conteúdo que é interno e tem conteúdo em parceria. Aquela parte inicial do onboarding, de operação, ela é basicamente toda interna, apesar de que a gente convida alguns especialistas do mercado, que conhecem muito de iFood, para serem interlocutores.
Já quando a gente fala de marketing e financeiro, aí é 100% em colaboração. Por exemplo, a gente fez a parceria com o Senai e a gente tem cursos de Gestão Financeira e Marketing.
A gente usa também especialistas do mercado que falam de marketing para restaurantes, a maioria são infoprodutores que tem endosso e muita capacitação para falar de restaurante, para fazer conteúdo junto com a gente.
GZM: Vocês já tem informação de algum dado ou resultado que a gente possa mensurar com relação aos programas?
Beatriz: Só no ano de 2024 a gente teve mais de 50 mil usuários únicos concluindo algum curso, esse é um dado bem relevante, dado que a gente tem ali 400 mil estabelecimentos. Pode parecer pouco, mas pensa que são 50 mil que terminaram o curso inteiro para alguma certificação. Então consideramos isso bem relevante.
O restaurante que entra na plataforma e faz o onboarding, ele faz 10% mais pedidos num período de 30 dias do que o empresário que opta por não fazer o curso, uma vez que não é obrigatório, é só uma recomendação nossa. Então a gente vê que ele acelera, ele aprende muito mais rápido a usar a ferramenta.
GZM: Como têm sido os feedbacks dessas ações que vocês têm promovido?
Beatriz: O nosso NPS dos cursos é bem positivo, está ali em torno de 85, o que nos deixa muito satisfeitos. Mas, é óbvio que a gente tem sempre o que melhorar. Temos recomendações de promover mais oportunidades de conteúdo, de treinamentos que vão para essa camada dos funcionários das empresas maiores, por exemplo.
Sobre como é que eu consigo ajudar funcionários a não só operarem no iFood, mas conseguirem entender um pouco mais de contabilidade, irem para outros territórios. E, de fato, a gente ainda não colocou energia nisso, a gente optou por ser muito forte em gestão financeira, marketing e operação do iFood.
GZM: Certamente vocês encontraram muitos desafios aí para implementar esse programa. Você consegue listar pra gente alguns desses desafios?
Beatriz: Tem um desafio que talvez seja intrínseco do brasileiro, que é o Decolar. Ele é 100% gratuito, é um portal que está aberto e inclusive a gente pede para o usuário colocar o CNPJ, mas se o se ele não for do iFood, ele também pode fazer o conteúdo. Então ele é aberto ao público geral.
Mas é óbvio que a gente direciona para o dono do restaurante que está no iFood e não são todos os restaurantes que usufruem dessa ferramenta. Então, o maior desafio é aumentar a conversão.
Não sei se é porque é gratuito e as pessoas acabam deixando para depois, por exemplo. É claro que vai ter cursos, podem ser melhores, outros vão ser piores, mas no geral eles são muito bons. Então acho que o maior desafio é esse, aumentar a quantidade de pessoas que tenham interesse e tempo.
GZM: Como é que esses programas, dentro dos planos da empresa, conversam com as iniciativas de responsabilidade social e de ESG?
Beatriz: As nossas iniciativas aqui de ESG no iFood são pautadas em três grandes blocos: educação, impacto no ambiente e futuro do trabalho. É onde, com certeza, pela nossa grande unidade e onde a gente atua, precisamos colocar energia.
E aí como um dos pilares é a educação, o Decola abraça isso. E a gente não tem só o Decola. Não sei se você já ouviu falar também no Meu Diploma do Ensino Médio, que é um projeto que o iFood tem para incentivar.as pessoas que não concluíram o ensino médio a conseguirem isso. Já foram mais de 11 mil pessoas formadas com o diploma do ensino médio através desse programa do iFood.
GZM: Vocês são uma empresa de tecnologia e do outro lado a gente tem os restaurantes, bares que também demandam muito isso. Como é o diálogo de vocês com esses parceiros e como eles estão em termos de maturidade tecnológica não só para uso da plataforma, mas para uso de ferramentas digitais como um todo?
Beatriz: O que a gente oferece para o restaurante é justamente tecnologia de ponta para ele operar bem. A gente oferece a plataforma de delivery para ele operar e entregar mais rápido e com eficiência, com meio de pagamento, com uma logística super capilarizada, com acesso ao usuário a mais de 50 milhões de usuários que a gente tem comprando com a gente a nossa tecnologia.
O iFood Move vem pra trazer um pouco de conscientização para os empresários de como é que o mundo está vivendo a tecnologia, então essa é uma forma de conscientizar ele. E por outro lado, os nossos movimentos mais recentes é que a gente não quer oferecer tecnologia só para o delivery.
A gente investiu em três grandes empresas, uma delas de integração, que opera muito bem no salão do restaurante. A gente vai fazer com que o restaurante consiga ter uma visão 360 do seu negócio, seja no pedido do salão, seja no pedido do delivery.