A indústria de investimentos no Brasil segue em expansão, atingindo um volume financeiro total de R$ 7,9 trilhões no primeiro semestre de 2025, um aumento de 6,8% em relação ao segundo semestre de 2024. É o que aponta o Relatório de Distribuição de Produtos de Investimento da ANBIMA, que revela um crescimento seletivo e impulsionado por um investidor que busca segurança e alternativas ao crédito tradicional.
O grande motor dessa expansão foi o segmento de Varejo de Alta Renda, que cresceu 10,7% no semestre, superando o Varejo Tradicional (4,1%) e o Private (5,4%). Esse movimento demonstra a sofisticação do público e o aumento da busca por produtos e serviços financeiros mais elaborados.
A preferência por segurança se traduz na dominância da renda fixa, que representa quase 60% do total de investimentos e soma R$ 4,7 trilhões. Dentro dessa categoria, produtos como CDBs e LCI/LCA tiveram crescimentos notáveis de 9,9% e 17,7%, respectivamente, impulsionados pela atratividade dos juros altos.
A GZM preparou uma tabela resumo com as informações mais importantes do relatório:
| Categoria | Destaques do 1º Semestre de 2025 |
| Volume Total de Investimentos | R$ 7,9 trilhões |
| Crescimento do Volume Total | +6,8% em relação ao 2º semestre de 2024 |
| Distribuição de Investimentos | Renda Fixa: 58,9% do total (R$ 4,7 trilhões). Varejo Alta Renda: Crescimento de 10,7% no semestre. Varejo Tradicional: Crescimento de 4,1%. Private: Crescimento de 5,4% |
| Produtos em Destaque (Títulos e Valores Mobiliários) | CDBs: Crescimento de 9,9%. LCA: Crescimento de 13,2%. LCI: Crescimento de 17,7%. Debêntures Incentivadas: Crescimento de 16,8%. Títulos Públicos: Crescimento de 17,4% |
| Fundos de Investimento | FIDCs: Destaque, com crescimento de 51% e volume de R$ 35,2 bilhões. Renda Fixa: Crescimento de 8,2%. Multimercados: Queda de 2,5%. Ações: Crescimento de 4,4%. |
| Crescimento Regional | Norte e Nordeste tiveram os maiores crescimentos no período. Sudeste: Crescimento de 7,5%. Nordeste: Crescimento de 7,9%. |
| Agenda ANBIMA (2º Semestre 2025) | Atualização de regras de suitability e qualificação do investidor. Regulamentação para influenciadores e transparência da remuneração; Melhoria da experiência do investidor e implementação da portabilidade. |
FIDCs em destaque
Um dos pontos mais dinâmicos do relatório é o crescimento exponencial dos FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios). A categoria se destacou com um avanço de 51% no semestre, atingindo R$ 35,2 bilhões em investimentos de pessoas físicas. O Varejo Tradicional foi o principal motor desse crescimento, sendo responsável por 71,4% da alta dos FIDCs.
Esse desempenho reflete uma mudança estrutural no mercado financeiro. Com a Selic em patamares elevados e o crédito bancário mais restrito, os FIDCs surgem como uma fonte alternativa de financiamento para empresas.
“Estamos atravessando um período em que o crédito bancário está mais escasso, caro e demorado. Por isso, os FIDCs se tornam uma fonte alternativa aos bancos para as mais diversas operações de crédito e de financiamento”, explica João Peixoto, sócio-diretor da Ouro Preto Investimentos.
A gestora está estruturando 70 novos FIDCs simultaneamente, com a ambição de lançar 200 operações em 2025, em um movimento para atender à crescente demanda de empresas e fintechs por capital.
Peixoto destaca ainda que os FIDCs também beneficiam o investidor ao reduzir o spread bancário, oferecendo retornos competitivos. Os recebíveis comerciais, como duplicatas e boletos, já correspondem a 47% das carteiras desses fundos, mostrando sua relevância na economia real.
FIDCs sustentáveis também ganham força com nova regulamentação
Além do crescimento geral, o mercado de FIDCs tem se diversificado com a ascensão dos fundos “verdes”. A nova geração de FIDCs sustentáveis, impulsionada pela Norma nº 18 da ANBIMA, busca atrair capital de impacto e combater o greenwashing. A norma permite que fundos usem o sufixo “IS” (Investimento Sustentável) ao cumprir critérios rigorosos de governança e reporte ESG.
André Fauth, CEO da Catálise, destaca que, embora o volume de R$ 15 bilhões em FIDCs com o selo “IS” ainda seja modesto frente ao total de R$ 440 bilhões da classe, a nova regulamentação cria um padrão de transparência e disciplina. “Um fundo ESG exige governança firme, critérios bem amarrados e monitoramento constante para garantir que a proposta se sustente na prática”, afirma.
Os FIDCs sustentáveis se mostram promissores em setores como microcrédito, agricultura regenerativa e energia renovável, posicionando o Brasil na vanguarda da inovação financeira com foco em impacto positivo.