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H&M desembarca no Brasil em meio à travessia desafiadora do varejo de moda

Marca sueca inaugura lojas em São Paulo e aposta em moda acessível enquanto setor enfrenta pressão sustentabilidade e personalização

A gigante global da moda H&M finalmente chega ao Brasil. A primeira loja será inaugurada em 23 de agosto de 2025, no Shopping Iguatemi São Paulo, seguida pela segunda unidade no Shopping Anália Franco, em 4 de setembro. A estreia marca um momento estratégico para a marca, que também lança sua loja online no país: hm.com.br.

A loja do Iguatemi terá cerca de 1.000 m², com foco em moda feminina, acessórios e peças básicas. Já a unidade do Anália Franco contará com quase 2.000 m², oferecendo também moda masculina e infantil. 

“Estamos muito empolgados em finalmente abrir nossas portas no Brasil — um país repleto de criatividade, cultura e estilo”, afirma Joaquim Pereira, gerente de vendas da H&M Brasil.


Presença global e o escrutínio da ética no fast fashion

Fundada em 1947, a empresa se consolidou como referência, ao lado da Zara, na chamada “fast fashion”, um modelo vencedor, mas também controverso, pois é caracterizado pela produção em massa de roupas com preço baixo, na maioria das vezes com qualidade inferior, mas que rapidamente seguem as tendências de passarela para incentivar o consumo constante e a alta rotatividade das peças no mercado. 

O sistema sugere um processo rápido de design, produção e distribuição, resultando em ciclos de coleções muito curtos, o que pode impulsionar o consumo desenfreado. 

Embora ofereça acesso a estilos modernos e preços acessíveis, o fast fashion carrega potencial de severos impactos ambientais, como acúmulo de lixo têxtil, e sociais, devido às condições de trabalho precárias e salários injustos. 

No caso da H&M, por exemplo, que hoje opera em mais de 75 países e uma estratégia omnichannel que integra lojas físicas e plataformas digitais, em 2020 ela foi envolvida em uma polêmica internacional ao ser citada em um relatório do Australian Strategic Policy Institute (ASPI), que apontava o uso de trabalho forçado de minorias étnicas na região de Xinjiang, China. 

A empresa reconheceu que um de seus fornecedores — a Huafu Fashion — operava uma unidade fora da região, mas decidiu encerrar a parceria como medida preventiva. A repercussão foi intensa, com boicotes na China e debates sobre responsabilidade corporativa. Desde então, a H&M tem reforçado sua comunicação sobre direitos humanos e práticas éticas em sua cadeia de suprimentos.

Em seu relatório de sustentabilidade de 2024, por exemplo, a H&M detalha ações para mitigar riscos de trabalho forçado, infantil e tráfico humano. A empresa afirma seguir legislações como o UK Modern Slavery Act e o Australian Modern Slavery Act, além de realizar auditorias independentes e treinamentos com fornecedores.


Raio-X da operação global

Em 2025, a H&M conta com:

  • Funcionários: 96.457 colaboradores em todo o mundo
  • Lojas físicas: 4.213 unidades, com presença em 78 mercados
  • Faturamento anual: US$ 22,34 bilhões

A marca mantém forte atuação na Europa, especialmente na Alemanha, seu maior mercado, seguido por Estados Unidos, Reino Unido, China e França. A estratégia digital também se fortalece, com e-commerce ativo em 60 países e crescimento contínuo nas vendas online.


Principais mercados 

PaísReceita (2021)
AlemanhaUS$ 2,86 bi
Estados UnidosUS$ 2,59 bi
Reino UnidoUS$ 1,30 bi
ChinaUS$ 684 mi
FrançaUS$ 862 mi

Esses números refletem a força da marca em regiões desenvolvidas, mas também apontam para desafios em mercados emergentes, onde questões sociais e ambientais ganham cada vez mais relevância.

Por tudo isso, a H&M caminha sobre uma linha tênue entre crescimento acelerado e responsabilidade social. Com consumidores cada vez mais exigentes, especialmente entre os jovens das gerações Z e millennial, a empresa precisa provar que moda acessível pode — e deve — ser também justa e sustentável.

A pergunta que fica: será que o fast fashion pode se reinventar sem perder sua essência?


Varejo de moda no Brasil: entre oportunidades e desafios

Além das questões éticas, a chegada da H&M no Brasil ocorre em um momento de transformação profunda no varejo de moda local. Segundo o relatório State of Fashion 2025, elaborado pela McKinsey e Business of Fashion, o setor tem enfrentado impactos fortes com pressões macroeconômicas e exigências crescentes por sustentabilidade e personalização.

Apesar dos desafios, o mercado segue relevante. A categoria de vestuário e calçados continua entre as mais desejadas pelos consumidores, embora 39% tenham reduzido o consumo devido ao aumento de preços. A busca por moda acessível, revenda, outlets e os chamados “dupes” — versões inspiradas em peças de marcas renomadas — tem ganhado força.

Segundo projeções da Euromonitor, o varejo de moda online pode representar até 30% das vendas totais até 2025. A integração entre canais físicos e digitais (omnichannel) será essencial para marcas que desejam se manter competitivas.

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