A Ford Motor confirmou nesta terça-feira (16) que irá cortar cerca de 1.000 empregos em sua fábrica de veículos elétricos em Colônia, na Alemanha. A medida, segundo a empresa, decorre da demanda abaixo do esperado por automóveis elétricos no mercado europeu e se soma ao plano de reestruturação anunciado em 2024, que prevê a eliminação de 4.000 postos de trabalho em diversas unidades da montadora no continente até 2027.
A fábrica de Colônia, inaugurada há dois anos como centro de produção de veículos elétricos, passará a operar em turno único a partir de janeiro de 2026. A Ford atribui a desaceleração nas vendas à baixa cobertura de infraestrutura de recarga e à escassez de incentivos governamentais. A empresa informou que oferecerá pacotes de desligamento voluntário aos funcionários afetados.
Concorrência asiática e impacto das tarifas
A montadora enfrenta crescente concorrência de fabricantes chineses, como a BYD — maior produtora mundial de veículos elétricos — que tem ampliado sua presença na Europa com modelos elétricos e híbridos de menor custo. A BYD planeja inaugurar sua primeira fábrica europeia na Hungria ainda este ano.
Além da competição internacional, as montadoras europeias lidam com tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos. A alíquota, inicialmente de 27,5%, foi reduzida para 15% após acordo comercial entre os EUA e a União Europeia em agosto, mas a nova taxa ainda não entrou em vigor.
A Ford estima que os encargos tarifários devem gerar um impacto de US$ 2 bilhões em 2025. No segundo trimestre, a empresa registrou prejuízo de US$ 36 milhões, revertendo o lucro de US$ 1,8 bilhão obtido no mesmo período do ano anterior.
Mercado europeu de elétricos enfrenta desafios
Outras montadoras alemãs também enfrentam dificuldades com a desaceleração do mercado de elétricos. BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen anunciaram recentemente novos modelos com tecnologias avançadas e softwares embarcados, numa tentativa de recuperar o interesse dos consumidores.
O cenário atual reforça os desafios da transição energética no setor automotivo europeu, que ainda depende de políticas públicas mais robustas e investimentos em infraestrutura para consolidar o mercado de veículos elétricos como alternativa viável e competitiva.