A criação de micro pensões como instrumento de inclusão previdenciária foi uma das principais propostas apresentadas por Devanir Silva, diretor-presidente da Abrapp, durante o 46º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP), realizado no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
Voltadas a trabalhadores autônomos, temporários e informais, as micro pensões foram destacadas como uma inovação capaz de ampliar o alcance da previdência complementar no país. “Não é justo que quem trabalha tanto siga desprotegido. O sistema precisa evoluir para oferecer também a esses profissionais oportunidades de poupança de longo prazo, com segurança e dignidade”, afirmou Devanir.
A proposta prevê modelos de contribuição acessíveis, flexíveis e tecnologicamente viáveis, com potencial para transformar a inclusão previdenciária em política pública permanente. Segundo o dirigente, milhões de brasileiros ainda estão fora do sistema fechado de previdência complementar, e as micro pensões podem ser o caminho para mudar esse cenário.
Diálogo com o Legislativo
Devanir também reforçou a importância da interlocução com o Congresso Nacional, especialmente por meio da recém-criada Frente Parlamentar Mista para o Fortalecimento das Entidades Fechadas de Previdência Complementar. “A nova frente parlamentar é um espaço de cooperação e construção. Juntos, podemos avançar em marcos regulatórios mais modernos e inclusivos, reforçando o papel social da previdência complementar”, disse.
Além das micro pensões, a Abrapp apresentou duas outras prioridades estratégicas: educação previdenciária e financeira, voltada à formação de novas gerações conscientes sobre poupança de longo prazo; e um projeto de comunicação externa para ampliar o reconhecimento do sistema junto à sociedade.
Apoio institucional
O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, participou do evento e reafirmou o apoio do governo às iniciativas de inclusão e modernização do setor. Ele destacou a importância de integrar a previdência pública e a complementar como instrumentos de proteção e cidadania.
Entre as medidas recentes, o ministro citou a Resolução CNPC nº 63/2025, que autoriza a inscrição automática de participantes em planos instituídos, e o Programa Poupadores do Futuro, voltado à educação financeira de jovens. “Cuidar da credibilidade e da inclusão do sistema é uma tarefa de todos nós. A previdência precisa ser vista como instrumento de cidadania e desenvolvimento nacional”, afirmou.
Wolney também ressaltou a parceria entre o Ministério da Previdência Social, a Previc e o Tribunal de Contas da União (TCU), voltada ao fortalecimento da governança e da segurança jurídica das entidades. “Firmamos um acordo para que o TCU e a Previc atuem de forma conjunta no acompanhamento do sistema previdenciário, fortalecendo a transparência, a governança e a credibilidade do setor”, disse.
Sistema sólido e em expansão
Durante o congresso, Devanir Silva reafirmou a solidez do sistema fechado brasileiro, que atualmente administra mais de R$ 1,1 trilhão em ativos e beneficia cerca de 8 milhões de pessoas, entre participantes, assistidos e familiares. “A previdência complementar fechada é um instrumento de inclusão social e desenvolvimento. Amplia o acesso à poupança previdenciária, contribui para a estabilidade das contas públicas e assegura dignidade às famílias brasileiras”, concluiu.
