Em tempos de guerra de narrativas, cadeias produtivas tensionadas e incertezas sobre investimentos, os conselhos de administração das empresas brasileiras enfrentam um novo teste de maturidade: lidar com os impactos da geopolítica global.
E, segundo uma pesquisa inédita da Better Governance em parceria com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), muitos ainda estão longe de tirar nota alta.
O levantamento, que ouviu 357 conselheiros e diretores, revela que 87% reconhecem a relevância da geopolítica para os negócios. No entanto, apenas metade afirma que o tema é tratado de forma estruturada nas reuniões de planejamento estratégico. E menos de 40% dos diretores enxergam esse debate como institucionalizado — um sinal claro de que a governança corporativa ainda está se adaptando à nova realidade.
Sandra Guerra, sócia-fundadora da Better Governance e cofundadora do IBGC, alerta para a postura reativa dos conselhos. “O tema aparece pontualmente, mas falta uma abordagem prospectiva. A oportunidade está em inserir esse debate de forma consistente, ampliando a capacidade de antecipar impactos e identificar oportunidades de valor”, afirma.
Além disso, o estudo mostra que 43% dos conselheiros e 37% dos diretores não consideram as tecnologias habilitadoras — como inteligência artificial — adequadas para analisar o cenário geopolítico. A resistência à inovação e à incorporação de especialistas externos também aparece como ponto crítico, especialmente entre os diretores, que se mostram mais exigentes quanto à atuação dos conselhos.
Danilo Gregório, gerente de Conhecimento e Relações Institucionais do IBGC, reforça que os conselhos precisam assumir um papel mais estratégico. “Eles são os guardiões da saúde estratégica, financeira e reputacional das organizações. É essencial que tenham políticas bem definidas, processos transparentes e sistemas de monitoramento contínuo”, destaca.
Outros achados do estudo incluem:
- Apenas 50% dos conselheiros discutem geopolítica em reuniões de planejamento estratégico
- Mais de 33% discordam que há informações suficientes para embasar decisões
- Menos de 49% dos diretores veem alinhamento entre conselho e diretoria sobre o tema
- Menos de 48% acreditam que o conselho tem diversidade de competências para enfrentar os desafios
- Menos de 42% concordam que há alocação adequada de recursos para lidar com o cenário geopolítico
O relatório completo está disponível nos sites da Better Governance e do IBGC. Para empresas que desejam transformar riscos em vantagem competitiva, o momento de agir é agora.