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A prosperidade impulsionada pela IA já está em curso na economia global

Por Fabio Seixas, CEO da Softo

O debate público ainda tende a girar em torno da substituição de empregos ou do risco de obsolescência profissional, mas essa é uma leitura míope. O que está em curso não é uma guerra entre humanos e máquinas, mas uma reconfiguração da economia real, e, com ela, das oportunidades de prosperidade.

O surgimento de agentes autônomos, que operam rotinas em segundo plano sem pausa, sem burnout e sem restrição física, cria uma nova camada de produtividade que simplesmente não existia. Com esses sistemas ativos 24 horas por dia, 7 dias por semana, a geração de valor deixa de seguir o compasso do expediente comercial tradicional. O resultado é um PIB que cresce sem exigir mais horas de trabalho humano.

Poucas vezes na história recente assistimos a uma mudança estrutural tão silenciosa, e, ao mesmo tempo, tão poderosa, como a provocada pela inteligência artificial. Longe de ser apenas uma ferramenta tecnológica ou uma curiosidade acadêmica, a IA começa a operar como uma camada infraestrutural invisível, que expande a produtividade humana e redefine, em velocidade crescente, as bases da criação de riqueza.

A comparação não é exagerada, pois sua influência sobre o desempenho econômico já rivaliza com a eletricidade e a internet. Só que, dessa vez, a transformação não se limita à eficiência operacional. Ela altera o próprio conceito de valor, trabalho e tempo.

Empresas que integram modelos de IA aos seus processos passam a produzir mais, mais rápido e com menos desperdício. Algoritmos ajustam estoques em tempo real, otimizam rotas, automatizam decisões táticas e refinam estratégias com base em dados que nenhuma equipe humana conseguiria analisar manualmente em tempo hábil. A produtividade, nesse novo regime, deixa de ser linear.

Ela passa a escalar com algoritmos, não com horas extras. A IA não gera valor apenas ao reduzir custos, mas ao criar novas fontes de receita antes invisíveis, pela identificação de padrões, pela personalização massiva e pela aceleração do ciclo de inovação.

Esse descolamento entre esforço humano e geração de riqueza introduz um novo paradigma econômico. Pela primeira vez em larga escala, parte relevante do crescimento poderá vir de sistemas digitais que produzem mesmo quando não há ninguém ‘trabalhando’.

Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em parceria com o Banco Mundial, estima que entre 26% e 38% dos empregos na América Latina e Caribe podem ser influenciados pela inteligência artificial generativa, com potencial para aumentar a produtividade em escala regional. Com máquinas pensando, analisando e executando continuamente, é preciso uma reinterpretação de conceitos como produtividade per capita, jornada útil, distribuição de renda e até tributação.

Profissionais que desenvolvem pensamento crítico, criatividade, habilidades de coordenação e sensibilidade ética estarão mais bem posicionados para comandar, e não ser comandados, por esses sistemas. A IA não elimina empregos, ela desafia o perfil do trabalho que permanece relevante, mas assim como em revoluções anteriores nem todos prosperarão no mesmo ritmo. Empresas que tratam a IA como acessório seguem otimizando planilhas, as que a tratam como infraestrutura constroem novos modelos de negócio.

O ciclo de prosperidade impulsionado pela inteligência artificial já começou, ainda que seus efeitos mais profundos estejam apenas no início. O que está em jogo não é apenas a automação de tarefas, mas a reprogramação das engrenagens da economia global.

O PIB mundial será impactado, as políticas públicas precisarão se adaptar, e a sociedade terá de redefinir como distribui, e reconhece, valor. Esse futuro exigirá decisão, intenção e reinvenção, porque a IA, em última instância, não distribui riqueza, ela a produz, e a escolha de quem vai capturá-la continua sendo humana.

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