Você já deve ter ouvido falar das fintechs, edutechs e tantas outras empresas que se denominam assim por ter um embasamento em tecnologia para entregar soluções ao seu setor. Recentemente um novo termo chegou a esse mercado, o M&Atech, para empresas com soluções direcionadas ao mercado de fusões e aquisições, como se imagina. E é nesse campo que se insere a Accordia, uma empresa brasileira que anunciou o lançamento de um programa especializado na área.
Batizado de “Early Adopter Program”, a iniciativa é voltada para empresas interessadas em contribuir com o aprimoramento de funcionalidades digitais voltadas para auditoria contábil, due diligence e modelagem financeira e tem como objetivo reunir companhias com perfil estratégico para colaborar diretamente com o desenvolvimento da plataforma da Accordia.
Os participantes que toparem o desafio terão acesso antecipado a novos recursos, possibilidade de customizações específicas e contato direto com a equipe técnica da empresa. A seleção será feita por convite, com base em critérios técnicos e de representatividade setorial.
“Mais do que oferecer um desconto, estamos propondo uma relação de cocriação com empresas que são referência em seus setores. Queremos que esses early adopters moldem conosco o futuro da tecnologia aplicada a M&A, auditoria e contabilidade”, afirma Franklin Tomich, fundador e CEO da Accordia.
Segundo a empresa, os convidados poderão participar de fóruns privados com os fundadores, fornecer feedback técnico contínuo e receber reconhecimento público como membros fundadores do ecossistema. A proposta é promover um ambiente de cocriação voltado à evolução das ferramentas digitais utilizadas em processos de M&A.
A iniciativa surge em um momento de expansão do mercado de tecnologia voltada para fusões e aquisições. De acordo com relatório da PwC, o volume global de transações com uso intensivo de tecnologia cresceu 44% nos últimos dois anos. Já a Deloitte aponta que empresas que adotaram automação em auditoria conseguiram reduzir seus custos operacionais em até 30%.
No Brasil, esse movimento ainda está em fase de consolidação. A Accordia é uma das empresas que buscam atuar nesse nicho, oferecendo uma plataforma que automatiza projeções financeiras, avaliação de empresas e análise de riscos. Entre os recursos disponíveis estão algoritmos de inteligência artificial para detecção de inconsistências contábeis e ferramentas de previsão de insolvência.
“Acreditamos que inovação real acontece quando os clientes certos participam desde o início da construção. Este programa é uma porta de entrada para empresas que desejam influenciar de fato a forma como o mercado lida com dados contábeis, risco e transações complexas”, conclui Tomich.
Para saber mais detalhes do projeto e do momento da companhia, a GZM conversou com Franklin Tomich, fundador e CEO da Accordia. Confira:
GZM: Como surgiu a ideia do Early Adopter Program e qual foi o principal desafio para estruturá-lo?
Franklin Tomich: Por ser uma startup inovadora e a primeira M&A Tech da América Latina, a Accordia enfrentou o desafio de atuar em um setor sem referências diretas para benchmark. Com várias soluções já lançadas e novas features em desenvolvimento, o programa surgiu para aproximar a empresa dos grandes players do ecossistema de fusões e aquisições, que desejam participar ativamente da evolução da plataforma — oferecendo sua expertise em troca de benefícios exclusivos, como descontos vitalícios, acesso antecipado a novos módulos e customizações dedicadas.
O principal desafio tem sido romper a cultura do uso intensivo de planilhas e processos manuais, comum no setor de M&A, e mostrar que a adoção de uma plataforma digital traz eficiência, controle e inteligência em tempo real.
GZM: Quais critérios técnicos e estratégicos são usados para selecionar as empresas participantes?
Franklin Tomich: O primeiro critério é estar entre as melhores ranqueadas na Leaders League em seus respectivos segmentos — como M&A Advisors, Private Equity, Venture Capital, entre outros. Em seguida, avaliamos o perfil da empresa e de seus sócios, priorizando aqueles que têm visão inovadora e interesse real em contribuir com a evolução tecnológica do setor.
GZM: Que tipo de feedback a Accordia espera receber dos early adopters e como isso influencia o roadmap da plataforma?
Franklin Tomich: Esperamos feedback contínuo e prático sobre a usabilidade, performance e aderência da plataforma ao dia a dia das operações. As sugestões de novas features e ferramentas são avaliadas em conjunto com o time técnico e têm impacto direto no roadmap de desenvolvimento, ajudando a priorizar as funcionalidades que geram mais valor para o mercado.
GZM: Como a Accordia pretende equilibrar personalizações específicas com a escalabilidade da solução?
Franklin Tomich: Cada sugestão é analisada sob duas perspectivas: o valor agregado ao produto e o potencial de aplicabilidade para outros usuários. O objetivo é transformar demandas individuais em melhorias escaláveis, que ampliem o desempenho da plataforma e beneficiem todo o ecossistema de clientes.
GZM: Quais funcionalidades tecnológicas estão sendo priorizadas para os próximos ciclos de desenvolvimento?
Franklin Tomich: Estamos priorizando módulos avançados de Inteligência Artificial para detecção de manipulações e fraudes em demonstrações contábeis (projeto Red Flags).
Paralelamente, estamos implementando inteligência analítica interna na Accordia, voltada à interpretação de resultados, indicadores e geração de insights automáticos de performance empresarial.
GZM: Como você enxerga o papel da inteligência artificial na transformação do setor de M&A nos próximos anos?
Franklin Tomich: A IA vai redefinir a velocidade, a precisão e a profundidade das operações de M&A, eliminando tarefas manuais, acelerando a preparação dos deals e permitindo decisões baseadas em dados em tempo real.
O setor será cada vez mais orientado por inteligência analítica, deixando para trás relatórios estáticos em PDF, planilhas desatualizadas e dados contábeis sem validação ou credibilidade. A transformação digital agora é uma questão de sobrevivência competitiva no mercado de M&A.
GZM: Que conselhos você daria para empresas que desejam se posicionar como líderes digitais em um mercado tradicional como o de fusões e aquisições?
Franklin Tomich: Eu começaria por três frentes: dados, pessoas e processos.
Nos dados, o primeiro passo é estruturá-los. Plataformas como a Accordia permitem transformar grandes volumes de dados brutos em informações analíticas, em tempo real e com total segurança. Quando os dados estão organizados e conectados, decisões deixam de ser intuitivas e passam a ser baseadas em inteligência.
Nas pessoas, o foco deve ser em capacitação e discernimento tecnológico. É fundamental entender quais ferramentas realmente agregam valor ao negócio e quais apenas seguem modismos. Nem toda tecnologia lançada serve para sua empresa — o importante é adotar o que de fato melhora o desempenho e a tomada de decisão.
Nos processos, o segredo é mapear o que ainda é manual, lento ou sujeito a erros, e então aplicar tecnologia para automatizar, padronizar e dar visibilidade. A digitalização não deve ser imposta, mas construída de forma inteligente, com propósito e alinhada à estratégia da empresa.
Em resumo, liderar digitalmente é sobre conectar dados, tecnologia e pessoas de forma estratégica — para tomar decisões melhores, mais rápidas e mais seguras.