Em um momento em que os olhos do mundo se voltam para Belém, sede da COP30, a Agropalma aproveita o Dia da Amazônia para reafirmar seu compromisso com a conservação da floresta tropical. Com mais de 20 anos de atuação socioambiental na região, a empresa brasileira, referência global na produção sustentável de óleo de palma, apresenta resultados concretos que colocam seu modelo de negócio na vanguarda dos debates climáticos.
Segundo dados recentes do INPE, o desmatamento na Amazônia aumentou 8,4% entre agosto de 2024 e junho de 2025, impulsionado principalmente por incêndios. O avanço da degradação aproxima a floresta do chamado “ponto de não retorno” — estágio em que os ecossistemas não conseguem mais se regenerar, com impactos irreversíveis para o clima global.
Produção com preservação: o modelo Agropalma
Desde 2002, a Agropalma adota uma política de compensação ambiental que protege 1,6 hectare de floresta nativa para cada hectare de palma plantado. O resultado é a conservação de 64 mil hectares de floresta, o equivalente a 60% da área total da empresa, localizada no Centro de Endemismo Belém (CEB), no Pará — uma das regiões mais biodiversas do planeta.
Além de proibir caça e pesca nas áreas protegidas, a cultura perene da palma ajuda a minimizar o efeito de borda, protegendo as matas contra fogo, ventos e insolação. A empresa investe cerca de R$ 2 milhões por ano em seus programas de proteção florestal e monitoramento da biodiversidade, com equipe permanente de guardas florestais e sistema de segurança voltado à prevenção de invasões e extração ilegal de madeira.
Monitoramento da biodiversidade: ciência como aliada
Em parceria com a Conservation International (CI), a Agropalma monitora há 18 anos mais de mil espécies da fauna amazônica, incluindo aves, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes. Os resultados são expressivos:
- 40 espécies ameaçadas encontradas na região, como o macaco Cebus kaapori e a onça-pintada
- 400 espécies de aves, sendo 27 em risco de extinção
- 60 espécies de mamíferos, 11 delas ameaçadas
O monitoramento é feito por meio de 18 trilhas florestais, com câmeras e observação direta. Os dados geram relatórios técnicos que funcionam como bioindicadores da saúde ecológica das áreas protegidas. A meta da empresa é expandir o monitoramento para 24 novas áreas em fazendas de produtores parceiros.
Alianças pela conservação
A Agropalma também apoia o Programa Anta Amazônia, do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), que estuda o maior mamífero terrestre da América do Sul — a anta — em suas reservas. Considerada vulnerável à extinção, a anta é essencial para a dispersão de sementes e manutenção da biodiversidade.
Outro parceiro estratégico é o Programa de Pesquisa em Biodiversidade da Amazônia Oriental (PPBio-AmOr), coordenado pela UFPA e pela Universidade de Bristol. A empresa oferece apoio logístico para que pesquisadores estudem o comportamento da fauna e os efeitos da conservação sobre o clima.
“Essa união entre ciência e indústria é fundamental para lidar com os desafios socioambientais e gerar conhecimento sobre a biodiversidade”, afirma Filipe França, professor da UFPA e da Universidade de Bristol.
Bioeconomia e COP30: visão de futuro
Com a COP30 se aproximando, a Agropalma se posiciona como agente ativo nos debates sobre bioeconomia e conservação. Para Tulio Dias Brito, diretor de Sustentabilidade da empresa, o desenvolvimento sustentável não é uma contradição — é uma convergência.
“A floresta não impõe limites, ela oferece oportunidades. A iniciativa privada precisa ser a vanguarda da solução. Nosso papel é mostrar que desenvolvimento econômico e floresta em pé são o único caminho sustentável.”
Em um cenário de urgência climática, a Agropalma mostra que é possível conciliar produção agrícola com conservação ambiental. Com ações contínuas, resultados mensuráveis e parcerias científicas, a empresa se destaca como exemplo de como o setor privado pode liderar soluções para os desafios da Amazônia — e do planeta.
E para saber mais detalhes das ações da empresa no campo ambiental, a GZM conversou com duas lideranças da Agropalma, Tulio Dias Brito, diretor de Sustentabilidade, e Edison Delboni, diretor Industrial nas refinarias da Agropalma. Confira:
GZM: A Agropalma estipulou uma meta de reduzir em 50% suas emissões operacionais até 2030. Quais os principais desafios para alcançar esse objetivo?
Tulio Dias Brito: Um dos principais desafios para atingir esse objetivo está na redução das emissões de gás metano (CH₄), geradas no tratamento de efluentes da produção de óleo de palma — conhecidos como POME (Palm Oil Mill Effluent).
Esse desafio já foi mapeado e estamos implementando um projeto de biocompostagem em Tailândia (PA) onde processamos nossos frutos. A nova usina transformará os resíduos sólidos resultantes da extração do óleo de palma em adubo orgânico de alta qualidade, utilizando o POME para enriquecer o material.
A contribuição para a redução de emissões ocorre porque, ao direcionar o POME para a compostagem — um processo aeróbio — evita-se a geração de metano, um gás muito mais poluente que o CO₂, emitido nesse caso em quantidades menores. O início dessa operação será um passo fundamental para avançarmos em nossa meta de descarbonização e reforçar nosso compromisso com a preservação ambiental.
GZM: Desde 2017, a empresa reduziu suas emissões de GEE em 24%. Quais foram as ações mais eficazes para atingir essa marca?
Tulio Dias Brito: Esse resultado é fruto de um esforço contínuo e de uma estratégia de sustentabilidade totalmente integrada às nossas operações.
A partir da análise do nosso inventário de emissões — realizado conforme a metodologia do GHG Protocol — definimos frentes prioritárias de atuação, que incluem: Redução no uso de fertilizantes químicos e de combustíveis fósseis, tanto no campo quanto nas indústrias; Diminuição da geração de POME (Palm Oil Mill Effluent) e aprimoramento no seu manejo; Manutenção dos compromissos de Zero Desmatamento, assegurando a preservação de áreas de alto valor de conservação; Utilização de energia elétrica da rede, aproveitando a matriz energética brasileira, majoritariamente renovável; Adoção de procedimentos e boas práticas operacionais em toda a cadeia produtiva.
A produção agrícola se destacou como a área mais favorável para a implementação dessas medidas, resultando em ganhos concretos na redução das emissões associadas ao cultivo. Essa combinação de ações, aliada ao monitoramento contínuo, tem sido essencial para avançarmos rumo às nossas metas de descarbonização.
GZM: Como a adoção de caminhões movidos a GNV contribui para a estratégia de sustentabilidade da empresa?
Tulio Dias Brito: A sustentabilidade e o enfrentamento às mudanças do clima fazem parte da estratégia da Agropalma e essa visão foi o que nos levou a desenvolver o projeto pioneiro de logística verde, que contempla a adoção de caminhões movidos a GNV.
Segundo as estimativas, quando movido a gás, esse veículo de carga contribui com a redução de 21% do CO2 lançado na atmosfera. Esse é um montante altamente expressivo e, quando somado à mitigação de outros gases pelas demais ações implementadas pela companhia, como a adesão à energia fotovoltaica e o uso da caldeira de biomassa, entre outras, esse impacto se torna ainda mais expressivo.
GZM: A companhia incentiva suas transportadoras parceiras a utilizarem caminhões padrão Euro 6. Quais os benefícios dessa medida para o meio ambiente e a eficiência logística?
Tulio Dias Brito: Os veículos que cumprem a norma Euro 6 contribuem para uma emissão significativamente menor de poluentes na atmosfera, o que coopera diretamente com o não agravamento do efeito estufa e das mudanças do clima.
Tenho propriedade para dizer que, na Agropalma, adotar o projeto de logística verde e o uso de caminhões movidos a gás natural resultou em eficiência não só no processo logístico, como também barateou o custo do transporte.
A título de comparação, segundo cálculos da própria companhia, o custo do transporte a gás atinge seu ponto de equilíbrio em comparação com o diesel a partir da nona viagem realizada pelo caminhão a gás – uma economia de cerca de R$ 220 mil no ano.
GZM: A Agropalma mantém uma política de não desmatamento há mais de 20 anos e protege 64 mil hectares de floresta amazônica. Como essa abordagem impacta o setor de óleo de palma e a biodiversidade local?
Tulio Dias Brito: Quando falamos de uma política de não desmatamento, o impacto é único e positivo tanto no mercado do óleo de palma quanto na biodiversidade local.
No Pará, a Agropalma está localizada em uma região da Amazônia conhecida como Centro de Endemismo Belém (CEB), local onde a biodiversidade está muito ameaçada. A existência de uma reserva de 64 mil hectares de floresta amazônica nessa região contribui para a conservação da fauna e da flora nesse ambiente, que, mesmo ameaçado, se destaca por sua diversidade.
E esse impacto é visível: já foram registradas a presença e a permanência de cerca de 40 espécies ameaçadas de extinção, como o macaco Ceebus kaapori, a ararajuba e a onça-pintada. Isso sinaliza que a área protegida cumpre sua função de ser um habitat seguro para centenas de espécies.
Esse retorno ambiental foi tão expressivo que estendemos nossos esforços de conservação para além da Amazônia, em torno de nossa refinaria de Limeira. Como parte do plano de desenvolvimento da unidade, a Agropalma restaurou e reflorestou 2,5 hectares de Mata Atlântica adjacentes à extensão da empresa a fim de ajudar igualmente na preservação da biodiversidade dessa área. No local, diversas espécies como raposas, onças-pardas, tucanos, ouriços, porcos-espinhos e capivaras já foram registradas.
Do ponto de vista do setor de óleo de palma, essa política impulsionou a companhia a aprimorar as técnicas de cultivo para que pudesse aproveitar ao máximo a capacidade de produção das áreas já antropizadas.
Em uma parte da plantação foram adotadas Melhores Práticas de Gestão (BMP, na sigla em inglês), que consistem, basicamente, em combinar estratégias de produtividade – como o manejo voltado para ganho de rendimento, boa cobertura de solo (o que diminui, inclusive, o uso de herbicidas em áreas totais), nutrição adequada e podas nos períodos corretos – com a captura de rendimento, processo em que há intervenções para reduzir as perdas durante a colheita.
Como resultado, em comparação com as áreas em que não foram aplicadas as BMPs, o trecho que recebeu as melhores práticas obteve um ganho em eficiência, aproveitamento de recursos e expansão da produção por hectare – um indicativo de maior eficiência e aproveitamento inteligente dos recursos, preservando o ambiente em diversas etapas desse cultivo.
GZM: A substituição de gás natural por biomassa na refinaria de Limeira gerou uma redução significativa de CO2. Há planos para expandir essa iniciativa para outras unidades?
Edison Delboni: A substituição do gás natural por biomassa em Limeira foi, de fato, um marco em nossa jornada de descarbonização, e estamos muito satisfeitos com a significativa redução nas emissões de CO2. Esse projeto não é um caso isolado, mas parte de uma estratégia maior.
A expansão do uso de bioenergia é uma prioridade para a Agropalma e nosso objetivo é levar essa e outras iniciativas de energia limpa para toda a nossa cadeia produtiva e para todas as nossas unidades. Estamos ativamente estudando as melhores formas de replicar esse sucesso.
GZM: Como a Agropalma tem integrado a bioenergia na operação industrial e quais os impactos dessa escolha para o setor?
Edison Delboni: A Agropalma tem se dedicado com seriedade e compromisso à sua jornada de transição energética e isso inclui o uso de energia limpa e renovável em sua operação industrial.
No processo de refino e tratamento do óleo de palma, por exemplo, um dos equipamentos que mais se destaca é a caldeira, que gera o vapor responsável por alimentar outras máquinas.
Na unidade de Limeira, a caldeira era antes alimentada por gás natural, mas foi substituída pelo cavaco de madeira e outros tipos de biomassa que são ambientalmente mais amigáveis, além de mais econômicos. Segundo nossas estimativas, ao substituirmos o gás natural pela biomassa geramos uma redução da emissão de mais de 13 mil toneladas de CO2, o que corresponde ao plantio anual de 91 mil árvores.
O uso da caldeira de biomassa também promoveu a sustentabilidade de outra forma, por meio do uso de florestas de eucalipto plantadas especificamente para esse fim e que, enquanto estão em processo de crescimento, contribuem para o sequestro de carbono da atmosfera.
A escolha pela bioenergia, sobretudo na produção industrial, só trouxe impactos positivos para a Agropalma. Além de diminuir a presença de gases do efeito estufa na atmosfera, o método se mostrou mais econômico financeiramente e mais eficiente, visto que não houve queda na geração de 15 toneladas de vapor por hora. Isso mostra a todo o mercado que é possível manter a produção de forma mais sustentável e economicamente viável.