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BNDES reativa o motor do crédito e redesenha o papel do fomento no Brasil

Presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, ao lado da equipe durante a apresentação de resultados do 1S25. Foto: Jaqueline Machado/BNDES
Instituição comemora resultados e reforça papel como banco de desenvolvimento, mas mercado segue analisando com cautela os impactos gerais


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou, numa coletiva para imprensa e analistas, os resultados referentes ao primeiro semestre de 2025, mostrando forte expansão e reforçando sua posição como principal instrumento de fomento do governo. 

De acordo com os números apresentados, eles revelam um BNDES mais robusto e com uma atuação que vai além do crédito direto, sinalizando uma nova era para a política industrial e de desenvolvimento do país.

O crescimento no volume de crédito e garantias concedidas, a recuperação da rentabilidade e a gestão eficiente da carteira de crédito, com índices de inadimplência historicamente baixos, indicam uma instituição que, ao mesmo tempo em que retoma seu papel de indutor da economia, demonstra solidez e capacidade de execução. 

A estratégia de diversificação das fontes de captação e o foco em setores-chave da economia mostram também um BNDES que está se adaptando às novas demandas do mercado, buscando um modelo de desenvolvimento mais sustentável e alinhado com as prioridades atuais do Brasil. 

A equipe da GZM buscou fazer uma análise mais aprofundada para entender o que realmente significa esse balanço e o que está por trás dos números.


O que aconteceu?

O BNDES viabilizou um volume recorde de crédito no primeiro semestre de 2025, totalizando R$ 129,6 bilhões em aprovações, o que representa um aumento de 56% em relação ao mesmo período do ano anterior. 

A demanda por crédito continua em expansão, com as consultas, aprovações e desembolsos superando as marcas dos últimos anos. A carteira de crédito expandida do banco cresceu 13% em relação ao primeiro semestre de 2024, atingindo R$ 597,5 bilhões.

O banco registrou um lucro líquido de R$ 13,3 bilhões no 1S25, mantendo-se no mesmo patamar do ano anterior. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 18,8%. Já a inadimplência da carteira de crédito, considerando atrasos acima de 90 dias, foi de apenas 0,03% no segundo trimestre de 2025, mantendo a solidez do portfólio. 

Além disso, uma boa notícias foi a do apoio a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que cresceu 92% no período, um número bastante impactante


Por que importa?

Os resultados do BNDES no primeiro semestre de 2025 importam porque indicam uma retomada do banco como um agente ativo na economia, direcionando recursos para setores estratégicos. O crescimento de 262% nas aprovações de crédito para o setor de agropecuária e de 220% para a indústria, em comparação com o 1S24, mostra um foco claro no fortalecimento desses segmentos. Essa atuação pode impulsionar a produção, a competitividade e a geração de empregos em áreas que são pilares da economia brasileira.

O aumento no apoio às MPMEs, por sua vez, que são grandes geradoras de emprego, sinaliza um esforço para democratizar o acesso ao crédito e promover o desenvolvimento em diversas cadeias produtivas. 

A forte expansão das aprovações e a solidez da carteira de crédito, com baixa inadimplência, reforçam a capacidade do BNDES de atuar como indutor do crescimento sem comprometer sua saúde financeira.


A quem impacta?

  • Agropecuária e Indústria: O crescimento exponencial do crédito para esses setores tem um impacto direto em empresas de todos os portes, desde grandes indústrias que buscam modernização até pequenos produtores rurais que precisam de capital para expandir seus negócios.
  • Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs): O aumento de 92% nas aprovações de crédito e garantias para MPMEs é um sinal vital para este segmento, que muitas vezes enfrenta dificuldades para obter financiamento em bancos comerciais. Isso impacta positivamente a inovação, a capacidade de produção e a geração de empregos.
  • Governo e Contribuintes: A robustez financeira do BNDES, com um ROE de 18,8% e um lucro de R$ 13,3 bilhões no primeiro semestre de 2025, fortalece a capacidade do banco de contribuir para os cofres públicos.
  • Cidadãos: Indiretamente, os resultados impactam a população por meio da criação de empregos e do fomento à produção nacional. O investimento em infraestrutura e em setores estratégicos pode melhorar a qualidade de vida e impulsionar a economia como um todo.


Checklist de ações para gestores de empresas

  • Avaliar a busca por crédito no BNDES: Com a maior oferta de crédito do banco, gestores devem analisar as linhas de financiamento disponíveis, especialmente para projetos de infraestrutura, indústria e agropecuária.
  • Investir em projetos estratégicos: O BNDES prioriza projetos de infraestrutura, indústria e agropecuária, os que tiveram maiores crescimentos de crédito no 1S25. Gestores devem alinhar suas propostas a essas áreas para aumentar as chances de aprovação.
  • Explorar o apoio a MPMEs: Para pequenos e médios empresários, é crucial conhecer o crescimento no apoio a MPMEs e buscar as condições de crédito e garantias oferecidas pelo banco.
  • Considerar a diversificação de fontes de financiamento: O BNDES está buscando novas captações internas e externas e fundos, o que pode ampliar as opções de financiamento para empresas.
  • Ficar atento às novas regras de financiamento: O BNDES está utilizando novas metodologias e padrões, por isso é importante que os gestores estejam alinhados com as exigências do banco para garantir o sucesso das operações.


Análise GZM

O BNDES está buscando reafirmar seu papel central na economia brasileira, com um crescimento significativo no volume de crédito e garantias no primeiro semestre de 2025. O aumento de 56% nas liberações de crédito e garantias em relação ao mesmo período do ano anterior mostram um movimento que é visto pela instituição como uma reativação de seu papel de indutor do desenvolvimento, especialmente em setores estratégicos como agropecuária e indústria, que registraram altas de 20% e 24% nas aprovações de crédito, respectivamente.

A atuação do BNDES, no entanto, deve ser analisada sob diversas óticas, que vão desde a aprovação de sua função como motor de desenvolvimento até críticas sobre seu alinhamento com a política fiscal.

A importância do banco, claro, reside em sua capacidade de preencher lacunas de mercado, oferecendo crédito de longo prazo e com condições diferenciadas, algo que o setor privado nem sempre consegue suprir, atuando em projetos de infraestrutura, inovação e em setores que são considerados prioritários para o crescimento do país. 

A recente expansão do apoio a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), com um crescimento de 92% nas aprovações de crédito, demonstra um esforço para democratizar o acesso ao financiamento.

Em um cenário de juros altos, a atuação do BNDES é crucial para manter a economia aquecida e o presidente do banco, Aloizio Mercadante, destacou como “muito expressivo” o crescimento no volume de crédito, principalmente considerando um contexto de política monetária contracionista. 

Além disso, a saúde financeira do banco, com um lucro líquido de R$ 13,3 bilhões no 1S25 e uma inadimplência de apenas 0,03%, demonstra que o fomento pode ser feito com responsabilidade fiscal.

Por outro lado, as ações do BNDES enfrentam críticas que as interpretam como medidas políticas e uma forma de contornar as restrições impostas pelo chamado “arcabouço fiscal”. A principal preocupação é que, ao aumentar a oferta de crédito, o banco pode estar assumindo riscos que, em última instância, podem ser repassados ao Tesouro Nacional. 

Embora o banco tenha uma baixa taxa de inadimplência, a aversão ao risco do BNDES e suas condições de crédito diferenciadas levantam o debate sobre a real sustentabilidade a longo prazo de sua carteira de crédito.

Sempre há críticos que atacam a expansão do crédito por meio de um banco estatal como algo considerado uma medida de “estímulo fiscal por trás dos panos”, uma vez que o aumento dos gastos e investimentos por empresas e setores subsidiados não é contabilizado diretamente nas metas do governo. 

Por isso, em um cenário onde o governo precisa demonstrar disciplina fiscal e cumprir as metas do arcabouço, a atuação do BNDES como um motor de crescimento é observada de perto por analistas e pelo mercado financeiro.

A tensão entre o papel de fomento do BNDES e as necessidades de estabilidade fiscal do país é um tema central no debate econômico, por isso os resultados do primeiro semestre de 2025 reforçam a importância da instituição, mas também reaquecem a discussão sobre os limites e a forma de sua atuação na economia brasileira.

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