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Centro de Pesquisa da Aperam completa 30 anos e reforça papel da inovação na competitividade industrial

A amostra sai do chão de fábrica, é analisada no laboratório e retorna rapidamente com ajustes e validações - Fotos Elvira Nascimento
Com estrutura própria, empresa acelera o desenvolvimento de novos aços, reduz riscos industriais e busca manter posição de vanguarda no setor siderúrgico

Em um ambiente empresarial cada vez mais pressionado por transformações tecnológicas, mudanças regulatórias e exigências ambientais, investir em inovação deixou de ser uma escolha estratégica e passou a ser uma necessidade operacional. Para empresas industriais, especialmente em setores como mineração e siderurgia, o desafio é equilibrar investimentos em pesquisa e desenvolvimento com a manutenção da rentabilidade — uma equação complexa que exige visão de longo prazo e estrutura dedicada.

Segundo levantamento da Revista Mineração, o setor mineral brasileiro tem ampliado o uso de tecnologias avançadas para aumentar a eficiência, reduzir riscos e atender à pauta ESG. Iniciativas como sensores inteligentes, automação de processos e simulações digitais estão ganhando espaço nas minas do país.

É nesse contexto que a Aperam comemora os 30 anos de seu Centro de Pesquisa, instalado dentro da planta industrial de Timóteo (MG). Com uma equipe de 57 profissionais — entre doutores, mestres, técnicos e pesquisadores — o centro atua no desenvolvimento de novos produtos, melhoria de processos, redução de custos e criação de soluções que integram inovação, sustentabilidade e competitividade.

“Investir em pesquisa é investir no futuro. Significa estar preparado para os desafios que virão e se manter relevante no longo prazo”, afirma Tarcísio Reis de Oliveira, gerente executivo do Centro de Pesquisa da Aperam.

A estrutura própria permite testes em tempo real, com amostras que saem do chão de fábrica, são analisadas em laboratório e retornam rapidamente com ajustes. A réplica da usina em escala reduzida permite testar parâmetros com agilidade e minimizar riscos industriais.

Entre os avanços recentes estão o aço inoxidável Endur 300, que combina alta resistência mecânica com durabilidade superior, e os aços de grão não orientado (GNO), voltados para motores de veículos elétricos e híbridos. “Durabilidade é sustentabilidade. Quanto mais resistente e eficiente for o material, menor a necessidade de descarte e maior o valor entregue à sociedade”, resume Tarcísio.

O centro também acumula marcos históricos, como o desenvolvimento de aços inoxidáveis duplex para o pré-sal em 2009 e os materiais para sistemas de escapamento que hoje equipam praticamente todos os automóveis fabricados no Brasil.

Além da estrutura interna, a Aperam mantém parcerias com universidades e centros de pesquisa como UFMG, USP, Unicamp, UFRJ, UFOP, UFU, UFSCar, CEFET-MG, Unileste e IPT, ampliando sua capacidade de inovação e formação de profissionais.

A GZM conversou com Tarcísio Reis de Oliveira, gerente executivo do Centro de Pesquisa da Aperam South America, para saber mais detalhes dessa unidade que pode ser considerada uma referência no setor empresarial brasileiros. Confira:

GZM: Quais foram os principais desafios enfrentados pela Aperam para manter investimentos em inovação sem comprometer a rentabilidade?

Tarcísio Reis de Oliveira: O principal desafio é manter os investimentos em inovação alinhados com a estratégia da empresa, com boa análise prévia tanto comercial quanto industrial para o desenvolvimento de novos produtos e processos. Quanto mais sintonizados com as demandas do mercado de curto, médio e longo prazos, maior a probabilidade de retorno dos investimentos em inovação. No final, o que temos visto é que estas inovações têm aumentado a nossa rentabilidade, o que nos dá mais segurança para continuar investindo, criando um ciclo virtuoso. 

GZM: Como o modelo de centro de pesquisa próprio contribui para acelerar o desenvolvimento de novos produtos?

Tarcísio Reis de Oliveira: Quando não se tem um centro de pesquisa próprio, as opções são: desenvolver industrialmente, o que é muito mais caro e perigoso ao próprio processo industrial; ou desenvolver externamente com universidades e centros de pesquisa, o que normalmente é muito mais demorado e pode ser mais caro também. Além disso, como a Aperam trabalha com produtos exclusivos no mercado nacional, como aços inox e elétricos, não é fácil encontrar, aqui no Brasil, parceiros para desenvolvimento completo de produtos e processos. 

Tendo um centro de pesquisa próprio, três ações podem ser feitas de forma mais efetiva: simular o processo industrial, analisar de forma aprofundada as propriedades dos materiais (mecânicas, de corrosão, de desgaste, microestruturais e magnéticas) e simular o uso dos nossos materiais de acordo com as especificidades de cada cliente. Desta forma, a introdução de novos produtos e processos se faz de forma mais rápida, segura e econômica. 

GZM: Quais são os próximos focos de pesquisa e inovação para os próximos anos?

Tarcísio Reis de Oliveira: Quanto aos aços inox, o foco principal é aumentar o uso do material em diferentes segmentos industriais e de consumo. Por ser um produto que propicia uma maior vida útil dos equipamentos, quando comparado com o aço carbono e polímeros, há ganhos econômicos, de segurança e um menor impacto ambiental. Setores como o de mineração, agronegócio, papel e celulose e Oil & Gas são os de maior potencial. Por isso, estamos desenvolvendo produtos com maior resistência à corrosão e ao desgaste, bem como melhores propriedades mecânicas. 

Na parte de aços elétricos, o foco sempre será em produtos com maior eficiência elétrica, que propiciem economia no consumo de eletricidade aos consumidores finais. Tanto para os aços elétricos de grão não orientado, usados em motores, quanto para os aços elétricos de grão orientado, usados em transformadores, há pesquisas visando menores perdas e maiores induções magnéticas. Ou seja, produtos melhores para um mundo mais sustentável. 

GZM: Como a Aperam integra sustentabilidade às soluções desenvolvidas no Centro de Pesquisa?

Tarcísio Reis de Oliveira: Como disse anteriormente, nossos produtos são essencialmente ligados à sustentabilidade. Aços elétricos que propiciam menor consumo de eletricidade, além de aços inox com maior vida útil, o que permite evitar intervenções na natureza para extrair minério de ferro para a produção de aço carbono comum, de menor vida útil em ambientes com corrosão. Além disso, nosso processo industrial, com a produção do Aço Verde Aperam via carvão vegetal, é intrinsecamente mais sustentável que os processos convencionais. Ser sustentável está no DNA da empresa e em todos os seus produtos. 

GZM: De que forma as parcerias com universidades têm impactado a capacidade de inovação da empresa?

Tarcísio Reis de Oliveira: De duas maneiras bastante fortes. A primeira, via trabalhos em parceria com universidades de diferentes regiões do país e do exterior. Nossas grandes parceiras atualmente são a UFMG, USP, UFSCar, UFU, UFRJ, UFOP, CEFET-MG, IME, UFSC, IPT, Unileste, dentre outras. Os estudos com estas universidades são complementares aos que podem ser feitos internamente e, dessa maneira, conseguimos um desenvolvimento mais amplo e preciso.

A segunda maneira é via formação de pessoas. A Aperam South America mantém um processo contínuo de formação de mestres e doutores há mais de 40 anos, enviando profissionais para diferentes universidades, com o objetivo de adquirir algum conhecimento específico, como, por exemplo, nas áreas de resistência à corrosão e ao desgaste. Manter um time atualizado e conectado aos centros de excelência no país e exterior é essencial para manter nossa capacidade de inovação. 

Tarcísio Reis de Oliveira, gerente executivo do Centro de Pesquisa da Aperam South America: “O que temos visto é que estas inovações têm aumentado a nossa rentabilidade, o que nos dá mais segurança para continuar investindo, criando um ciclo virtuoso“.

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