Carregando...

Crescimento não é, necessariamente, prosperidade

Paulo Motta, que também lidera a holding The Networkers, com centralização em frentes de negócios em agenciamento artístico, inteligência comercial, experiências de alto padrão e networking corporativo
Por Paulo Motta, empresário, investidor e especialista em gestão de ativos com trajetória marcada por visão estratégica e capacidade de execução. Sócio da IMvester, atua na estruturação e operação de investimentos imobiliários com presença no Brasil, Portugal e Estados Unidos

Durante muito tempo, eu acreditei que o sucesso de um negócio se media pelo faturamento. Então, quanto mais vendíamos, mais vitorioso eu me sentia. A empresa crescia, os números impressionavam, os clientes chegavam e, por um tempo, tudo parecia perfeito. Até que percebi que o dinheiro entrava pela porta e saía pela janela com a mesma velocidade. Eu estava faturando como nunca, mas o caixa secava. Foi aí que entendi, da pior maneira possível, o erro que quase todo empreendedor comete: confundir crescimento com prosperidade.

Faturar muito não significa estar saudável financeiramente. É fácil se deixar levar pela euforia dos números, pelo orgulho de dizer que dobramos de tamanho, que abrimos filiais, que ampliamos a equipe. Só que na prática, muitas vezes estamos apenas construindo um castelo de areia, que é bonito de ver, mas extremamente frágil. O problema é que ninguém nos ensina a diferença entre crescer e sustentar o crescimento. A maioria dos empreendedores é movida pela urgência de expandir e não pela paciência de consolidar. Eu mesmo caí nessa armadilha.

Investi mais do que podia, contratei rápido demais, abri frentes de negócio que não estavam maduras. A empresa crescia em faturamento, mas não em margem. Eu estava obcecado por aumentar o tamanho do bolo e esqueci de verificar se ainda havia forno para assá-lo. O fluxo de caixa ficou negativo, o endividamento cresceu e, quando percebi, o que antes era orgulho virou preocupação. Entendi que o faturamento é vaidoso, pois ele chama atenção, impressiona, mas não paga as contas no fim do mês.

Foi preciso quase quebrar para compreender que a verdadeira medida de sucesso não está na receita, mas na consistência. Crescer é fácil; prosperar é outra história. Crescer exige vendas, enquanto prosperar exige gestão, disciplina e, principalmente, consciência. É o tipo de aprendizado que não se lê em manuais de negócios, ele vem com a dor de errar, com noites sem sono e decisões difíceis.

O empreendedor precisa entender que o crescimento vazio é um veneno disfarçado de vitória. Expandir por expandir é perigoso, porque incha o negócio e fragiliza a operação. O crescimento saudável é aquele que acontece com inteligência, estratégia e previsibilidade e isso só vem quando o ego dá lugar à gestão. Hoje, olhando para trás, vejo que o maior erro foi acreditar que faturar era o mesmo que vencer.

Aprendi que o sucesso real é aquele que permite continuar jogando o jogo. Faturar muito é ótimo, mas continuar vivo depois disso é o verdadeiro triunfo. Empreender, no fim das contas, é resistir. É entender que a empresa precisa respirar, que o caixa é o oxigênio e que cada decisão deve ser tomada com calma e consciência. Porque o maior desafio de um empreendedor não é crescer, mas sim sustentar o crescimento sem perder a alma do negócio.

Compartilhe nas redes:

Boletim por E-mail

GZM NEWS

Cadastre seu e-mail e receba nossos informativos e promoções.

publicidade

Recentes da GZM

Mais sessões