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Cultura e sustentabilidade: a sinergia que transforma negócios e a sociedade

Por Laura Salles, fundadora e CEO da PlurieBR, plataforma SaaS de gestão de cultura inclusiva, especialista em DEI pela Universidade Cornell, conselheira de inovação da ACSP e professora do MBA de ESG da Saint Paul e de DEI da Trevisan

É muito comum que, ao pensar em sustentabilidade, a primeira coisa que venha à mente sejam pautas ambientais. Ações como a proteção de florestas e a redução de emissões de carbono são frequentemente as mais associadas ao tema. No mundo corporativo, essa percepção se reforça ao falar de ESG (Environmental, Social and Governance), onde o pilar ambiental acaba recebendo a maior parte da atenção, deixando os outros dois pilares em segundo plano.

A verdadeira sustentabilidade empresarial surge do equilíbrio entre os pilares “social, econômico e ambiental”. Embora frequentemente tratados como elementos separados, o pilar social é, na realidade, o alicerce que viabiliza os outros dois. Uma empresa não pode prosperar economicamente a longo prazo nem contribuir efetivamente para a preservação ambiental se não cultivar um ambiente onde pessoas se sintam valorizadas e engajadas. 

E é por meio da cultura organizacional que essa compreensão se transforma em realidade, criando um ecossistema onde sustentabilidade deixa de ser apenas um conceito para se tornar a essência de como a organização opera e impacta positivamente a sociedade e o meio ambiente. 


A sustentabilidade além do ambiente: o papel do social

Nas empresas brasileiras, o pilar social (o “S” do ESG) é frequentemente negligenciado. Isso fica evidente na forma como as áreas de Pessoas (RH) e ESG trabalham separadas, com líderes e planos diferentes. Essa desconexão impede que a empresa reconheça que a saúde mental, o bem-estar e a igualdade dos colaboradores são elementos-chave para sua própria sustentabilidade.

Em paralelo, o pilar ambiental é frequentemente priorizado devido à existência de mais regulamentações e leis específicas que exigem seu acompanhamento. Indicadores como emissões de carbono são monitorados com maior firmeza por estarem sob pressão de órgãos reguladores e da opinião pública, fazendo com que as lideranças dediquem mais atenção a essas métricas. 

Por outro lado, muitas empresas desconhecem como mensurar adequadamente a cultura e o bem-estar dos colaboradores, fazendo com que esses temas não entrem na agenda estratégica por falta de clareza sobre como acompanhá-los. No entanto, esse pensamento precisa mudar. A cultura é base fundamental para transformar boas intenções em ações concretas, demonstrando que o crescimento sustentável acontece quando o pilar social é tratado de forma integrada e estratégica.

A verdadeira sustentabilidade nasce de uma cultura que cria um diferencial competitivo ao valorizar tanto elementos ambientais – como redução de emissões, transição energética e economia circular – quanto governança como ética, transparência e sociais com diversidade, equiparação salarial. É essencial que metas ambientais estejam alinhadas com práticas que promovam um ambiente organizacional mais justo e inclusivo.


O impacto dos dados como vantagem competitiva 

Uma pesquisa da McKinsey & Company revela que empresas com culturas organizacionais saudáveis têm 2,3 vezes mais chances de superar concorrentes em crescimento de receita. Organizações com diversidade étnica em liderança apresentam 33% mais probabilidade de obter lucros superiores, enquanto aquelas com equilíbrio de gênero na liderança têm vantagem de 21%. 

Além disso, um estudo de 2024 da KPMG com CEOs globais confirma que a sustentabilidade (ESG) e a cultura empresarial são os dois fatores essenciais para o crescimento e a reputação nos próximos anos. A pesquisa revela uma mudança significativa na mentalidade empresarial, mostrando que líderes ao redor do mundo reconhecem que não basta apenas ter produtos ou serviços excelentes, é fundamental criar organizações que sejam culturalmente sólidas e ambientalmente responsáveis. 

Os dados mostram que empresas que negligenciam esses aspectos enfrentam maiores dificuldades para atrair talentos, manter colaboradores engajados e conquistar a confiança de consumidores cada vez mais conscientes.

Nesse processo, a cultura se revela como motor desta transformação, funcionando como ponte entre intenção estratégica e impacto tangível. As empresas que investem proativamente em cultura forte aliada a ferramentas de mensuração de impacto social estão arquitetando um futuro onde prosperidade empresarial e transformação social convergem.

Esta é a essência dos negócios de impacto: organizações culturalmente enraizadas na sustentabilidade, capazes de ser catalisadoras de mudança para empresas, comunidades e sociedade, construindo um futuro onde competitividade e consciência social caminham juntas rumo a um mundo mais próspero para todos.

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