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Economia prateada, a nova fronteira dos negócios no Brasil

Equipe 60+ que faz parte do programa especial criado pela Nestlé. "Longevidade produtiva" é uma das características atuais dessa faixa etária
A revolução da longevidade está em curso, e com ela surge uma nova fronteira econômica: a economia prateada. Brasil está diante de uma transformação demográfica que impacta diretamente o consumo, o trabalho e as políticas públicas

Em um mundo que vive mais e melhor, a longevidade deixou de ser apenas uma conquista da medicina para se tornar uma força transformadora da sociedade e da economia. A chamada “economia prateada” — impulsionada pelo crescente protagonismo das pessoas com mais de 50 anos — está redefinindo padrões de consumo, trabalho, inovação e propósito. Mais do que um fenômeno demográfico, trata-se de uma nova fronteira de oportunidades, onde envelhecer é sinônimo de potência, e não de limitação. É nesse cenário que empresas, governos e empreendedores começam a enxergar o futuro com cabelos grisalhos e ideias brilhantes.

Hoje são mais de 50 milhões de brasileiros com mais de 50 anos, representando cerca de 25% da população. Esse grupo, historicamente negligenciado pelo mercado, agora se mostra como um dos mais potentes em termos de consumo e influência. Responsáveis pela movimentação de trilhões de reais globalmente, esse grupo já começa a redefinir padrões de comportamento e exigências de produtos e serviços.

Outro dado que dá suporte a essa análise é sobre a expectativa de vida no Brasil, que chegou a 76,4 anos em 2023, segundo dados do IBGE, superando o patamar pré-pandemia. Com isso, as projeções indicam que teremos 68 milhões de idosos em 2050, o dobro dos 34 milhões atuais, e a proporção deles na população ultrapassará 30%.

Conhecimento sobre longevidade ainda é limitado

Apesar da crescente relevância do tema, apenas 38% dos brasileiros afirmam entender totalmente o conceito de longevidade, segundo o Indicador de Longevidade Pessoal (ILP), lançado pelo Grupo Bradesco Seguros em parceria com o Instituto Locomotiva e o especialista Alexandre Kalache. Embora 9 em cada 10 pessoas digam ter algum conhecimento sobre o assunto, a compreensão profunda ainda é restrita.

O ILP avalia diversos aspectos da vida — saúde física e mental, interações sociais, educação financeira — e atribui uma nota de 0 a 100. A média brasileira é de 64 pontos, indicando espaço para melhorias. E enquanto 46% dos entrevistados consideram a longevidade uma prioridade pessoal, 8 em cada 10 demonstram interesse em aprender mais sobre o tema.

Ecossistema em construção

Mas as mudanças apontadas não estão passando totalmente despercebidas pelo mercado. Um outro estudo recente, desta vez do Lab Nova Longevidade, mapeou mais de 400 iniciativas voltadas à longevidade em todas as regiões do Brasil, revelando um campo vibrante de inovação social. Entre os destaques:

  • 62,3% das iniciativas têm mais de 5 anos de atuação.
  • 98,5% acreditam causar impacto social.
  • 82% atuam com foco em envelhecimento saudável.
  • 74% promovem conexão social e colaboração intergeracional.
  • 50% dos consumidores 50+ se sentem ignorados por marcas, empresas e governos.

Os estudos mencionados até aqui apresentam dados convergentes e que chamam atenção. Um deles mostra que o público 50+ valoriza qualidade, experiência e propósito, estão dispostos a pagar mais por produtos que ofereçam conforto, segurança e que respeitem suas necessidades específicas, incluindo desde tecnologia assistiva até turismo adaptado, passando por moda inclusiva e serviços financeiros personalizados.

Outro tema relevante é o chamado de “longevidade produtiva”, um ponto cada vez mais central dessa camada da população. Ao todo, estima-se que há cerca de 4 milhões de trabalhadores com 60 anos ou mais que estão no mercado de trabalho, mas na informalidade, mostrando que boa parte desse grupo continua ativo no mercado de trabalho, seja por necessidade ou por escolha.

Os insights divulgados pela consultoria especializada Data 8, uma das principais referências do setor, confirmam dados do Lab Nova Longevidade sobre este aspecto e ambos convergem para a ideia de que as empresas devem rever seus modelos de contratação e retenção, valorizando a experiência e a diversidade geracional como ativos estratégicos.

Barreiras e oportunidades

Os mapeamentos já feitos identificaram seis grandes barreiras para uma longevidade plena: desigualdades acumuladas, educação limitada, acesso precário à saúde, infraestrutura urbana inadequada, ausência de políticas públicas eficazes e uma cultura jovem-cêntrica. Entre os dados mais alarmantes estão os de que:

  • 15,4% da população 60+ é analfabeta.
  • 42% não usam internet.
  • 282 mil violações contra idosos foram registradas entre janeiro e maio de 2023.

A pesquisa do ILP também revelou que apenas 4 em cada 10 brasileiros têm reserva financeira para a aposentadoria, e menos de um terço consome frutas, legumes ou verduras diariamente. Já quanto à saúde mental, embora valorizada por 61% dos entrevistados, ainda enfrenta obstáculos: apenas 29% têm oportunidades frequentes de lazer.

Caminhos para a transformação

Outro ponto convergente dos estudos propõe uma arquitetura de mudança baseada em algumas dimensões: cultural, econômica, política, legal, organizacional, tecnológica e de métricas. Entre as ações sugeridas estão:

  • Combate ao idadismo e valorização da contribuição sênior.
  • Inclusão digital e educação continuada.
  • Políticas públicas voltadas à saúde, moradia e mobilidade.
  • Incentivo ao empreendedorismo sênior e à empregabilidade 50+.
Cléa Klouri, co-fundadora da consultoria Data 8: “Ajudamos marcas a criar conteúdos estratégicos e relevantes sobre longevidade e Economia Prateada, alinhando narrativas autênticas, dados e tendências para construir autoridade no tema“.

Por seu impacto social e econômico, a chamada “economia prateada” já é uma realidade, não uma tendência — e não somente já está moldando o presente, mas também definirá o futuro dos negócios. Para empresas, governos e empreendedores, entender e atender esse público é mais do que uma oportunidade: é uma necessidade estratégica.

Evento especializado, Inova Silver destaca o impacto da longevidade na transformação dos negócios

Com o tema ganhando cada vez mais importância para a economia e os negócios, eventos especializados têm buscado discutir os principais pontos sobre ele e esse foi um dos objetivos do Inova Silver, realizado em São Paulo ontem, 8 de outubro, e que chegou à sua terceira edição. Promovido pela Silver Hub, o evento destacou como missão “mostrar como a longevidade está redefinindo o mercado e criando novas oportunidades de negócios”. Com crescimento de 50% na participação em relação ao ano anterior, o evento se consolida como uma das principais plataformas de conexão, inovação e estratégia voltada à chamada economia prateada.

“O papel do Inova Silver é estratégico, justamente por promover a conexão de todo esse ecossistema, antecipando as mudanças que impactam as empresas e fomentando o desenvolvimento de soluções e negócios que atendam, de fato, às necessidades específicas do público 50+”, afirma Cristián Sepúlveda, CEO da Silver Hub. “A economia prateada é uma transformação estrutural da sociedade e das empresas. O nosso objetivo é mostrar que a longevidade deve ser tratada como prioridade estratégica para negócios, investimentos e políticas públicas”, reforçou Sepúlveda.

A programação deste ano reuniu líderes empresariais, empreendedores, investidores e especialistas em inovação, saúde, finanças e experiência do consumidor. Entre os temas abordados estavam a visão de CEOs sobre como a longevidade está transformando os negócios; saúde e longevidade como motor de soluções e novos modelos; experiências relevantes para o público 60+; e o papel da inovação com propósito em um mundo que envelhece.

Bruno Simão, VP de Clientes, Crescimento e Marketing do Banco Mercantil — instituição financeira especializada no público 50+ — foi um dos painelistas do evento este ano. Ele abordou o conceito de inovação prateada e como o setor financeiro pode se adaptar às novas demandas da longevidade. Simão revelou uma das estratégias do Mercantil para atuar com foco no segmento escolhido: “Usamos a IA, mas também a EA, a ‘escuta ativa’, como parte do nosso aprendizado contínuo de nossas operações”, disse.

Alguns dos outros participantes do evento foram Ângela Assis, presidente da Brasilprev, Lídia Abdalla, presidente do Grupo Sabin, Rivaldo Leite, CEO da Porto Seguro, Fátima Lima, da Fundação Mapfre, e Jaime Troiano, da Troiano Branding.

Com uma programação exclusiva e foco em soluções reais, o Inova Silver 2025 reforçou que envelhecer não é apenas um desafio — é também uma oportunidade estratégica para quem deseja inovar com propósito e construir negócios sustentáveis em um mundo que vive mais.

Bruno Simão, VP de Clientes, Crescimento e Marketing do Banco Mercantil: “Não acreditamos em digitalizar pessoas, não usamos essa abordagem, pois cada um se serve da tecnologia como achar melhor e nós estamos disponíveis em todos os canais“.

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