Hoje, dia 7 de outubro, a loja conceito da Natura na rua Oscar Freire, em São Paulo, deixará de vender cosméticos — mas não de transformar vidas. A vitrine exibirá a frase “Hoje, a Natura não vai vender cosméticos”, convidando os visitantes a conhecer a linha Crer Para Ver, maior marca de produtos sociais da América Latina, que há três décadas destina 100% do lucro para projetos de educação pública e ações sociais voltadas para mulheres.
Durante todo o dia, das 10h às 20h, estarão à venda apenas itens como bolsas, garrafas, cadernos e objetos de cozinha, todos com ilustrações exclusivas do artista sergipano Lezio Lopes. Ao lado dos produtos, displays contarão histórias reais de pessoas cujas vidas foram transformadas por meio da educação viabilizada pela iniciativa.
Educação pública em foco
A ação ganha relevância diante do cenário desafiador da educação brasileira. Segundo dados da instituição Todos Pela Educação, uma das mais atuantes no setor, apenas 5 em cada 10 alunos concluem o ensino médio com aprendizado adequado em português, e apenas 1 em cada 10 em matemática. A evasão escolar ainda afeta milhões de jovens, especialmente nas periferias urbanas e zonas rurais.
A educação pública, em particular, enfrenta gargalos históricos: infraestrutura precária, falta de formação continuada para professores, baixa conectividade nas escolas e desigualdade de acesso. Em 2024, o Brasil ocupava a 57ª posição no ranking global de qualidade educacional da OCDE, atrás de países latino-americanos como Chile e Uruguai.
É nesse contexto que a campanha da Natura se insere como um gesto simbólico e prático de apoio ao setor. “Mobilizamos essa ação porque acreditamos profundamente no poder transformador da educação. Crer Para Ver nasceu há 30 anos com o propósito claro de promover mudanças reais, e continua relevante justamente porque une propósito, ação e impacto coletivo”, afirma Agenor Leão, vice-presidente de negócios da Natura.
Impacto que vai além da beleza
Desde sua criação, Crer Para Ver já arrecadou mais de R$ 610 milhões, revertidos integralmente para projetos educacionais. Só em 2024, foram cerca de R$ 40 milhões destinados a mais de 6,4 mil escolas em 5,5 mil municípios, beneficiando diretamente 4,1 milhões de alunos. Os recursos são aplicados em formação de professores, gestão escolar, melhoria de práticas pedagógicas e apoio a redes públicas de ensino.
A linha é comercializada pelas Consultoras de Beleza da Natura e também nas lojas físicas e digitais da marca. Os produtos — que incluem itens de papelaria, cozinha e acessórios — são pensados para o cotidiano e carregam o propósito de consumo consciente.
“A ação materializa o compromisso da Natura com a educação e a transformação social, que vai muito além da venda de cosméticos. Com essa ativação, queremos surpreender o consumidor com uma experiência inesperada e inspiradora, mostrando como cada compra pode gerar impacto positivo na vida de milhões de pessoas”, afirma Verônica Gordilho, co-COO da agência Africa Creative, responsável pela concepção da campanha.
Mobilização digital e engajamento
Para ampliar o alcance da ação, a Natura preparou uma cobertura exclusiva para suas redes sociais. Influenciadores e formadores de opinião foram convidados para acompanhar a ativação, gerar conteúdo e dar visibilidade à causa. A expectativa é que a campanha inspire consumidores a refletirem sobre o papel da educação na construção de um país mais justo e desenvolvido.
A iniciativa também dialoga com tendências globais de responsabilidade social corporativa, em que marcas assumem papéis ativos na promoção de direitos fundamentais. Segundo pesquisa realizada por Luciana Minami e Diego Reeberg em 2024, Crer Para Ver é hoje a maior marca de produtos sociais da América Latina.
Educação como fragrância de futuro
Ao transformar sua loja em um espaço de conscientização, a Natura reafirma que beleza não está apenas nos frascos, mas também nas escolhas. E que, diante dos desafios da educação pública brasileira, cada gesto conta — inclusive o de abrir mão de vender cosméticos por um dia para colocar a educação no centro da vitrine.
