O mercado de aviação brasileiro se consolida como um polo de atração e de expansão global, movimentando as agendas de grandes players nacionais e estrangeiros. Em um cenário de avanços estratégicos, a brasileira Embraer anunciou planos ambiciosos para a Índia, enquanto a francesa Daher Aircraft reforçou sua aposta no Brasil, demonstrando a importância mútua desses mercados.
A Embraer, gigante brasileira da aviação, está de olho no que pode se tornar o maior contrato de sua história. A empresa está em um processo de licitação na Índia para fornecer o cargueiro militar C390 Millennium à Força Aérea Indiana.
A proposta, segundo Márcio Monteiro, vice-presidente de Inteligência de Mercado da Embraer Defesa e Segurança, inclui a instalação de uma fábrica de aeronaves em solo indiano, em parceria com o grupo Mahindra. O projeto posicionaria a Índia como um “hub regional” para a Embraer, atendendo mercados vizinhos na Ásia.
“Esse tem o potencial de ser o maior contrato da história da Embraer”, afirmou Monteiro, durante o LIDE Brazil-India Forum em Mumbai. A Embraer também destacou sua presença tecnológica já consolidada no país, onde sua subsidiária Atech fornece o software de gestão de espaço aéreo, assim como no Brasil. Para a aviação comercial, a empresa enxerga grande potencial na Índia para seus jatos da linha E2, que podem transportar até 150 passageiros.
Em contrapartida, o Brasil se torna o foco da Daher Aircraft, fabricante francesa de aeronaves. A empresa anunciou a instalação de um escritório em São Paulo, o que servirá de base para a Daher Aircraft Brasil. O movimento é uma resposta à crescente demanda por suas aeronaves turboélice TBM e Kodiak, que são ideais para o transporte aéreo multifuncional e para operações em áreas remotas.
“Com uma próspera comunidade de aviação geral e uma crescente demanda por aeronaves de alta performance e utilitárias, nossos TBM e Kodiak estão perfeitamente alinhados com as necessidades operacionais em todo o Brasil”, disse Nicolas Chabbert, CEO da divisão de Aeronaves da Daher. O TBM 960 é o modelo de destaque para viagens de negócios e pessoais, enquanto os modelos Kodiak 100 e Kodiak 900 são reconhecidos por sua capacidade de decolagem e pouso curtos (STOL), sendo multifuncionais e adaptados para o setor agrícola, segurança pública e transporte de carga e passageiros.
A expansão da Embraer na Índia e a chegada da Daher ao Brasil refletem a dinâmica de um setor em crescimento, onde a busca por parcerias estratégicas e a adaptação às necessidades regionais são cruciais para o sucesso.
Análise do desempenho financeiro da Embraer
A estratégia de expansão global da Embraer se reflete em seus resultados financeiros do segundo trimestre de 2025. A companhia registrou um recorde histórico de receita para o período, totalizando R$ 10,3 bilhões, um aumento de 30,9% na comparação anual. A margem EBIT ajustada também teve um crescimento significativo, atingindo 10,6%.
O relatório de resultados aponta que todas as unidades de negócio contribuíram para o bom desempenho. A Aviação Executiva foi o grande destaque, com um crescimento de 74% na receita em relação ao ano anterior, impulsionado por maiores volumes de vendas, melhor mix de produtos e disciplina de preços.
A Aviação Comercial, a Defesa & Segurança e a unidade de Serviços & Suporte também apresentaram bons resultados, com aumentos de 11%, 28% e 23% na receita, respectivamente.
Outro ponto forte é a carteira total de pedidos, que atingiu um novo recorde histórico de US$ 29,7 bilhões no segundo trimestre de 2025. Esse valor representa um aumento de 40% em relação ao ano anterior, com crescimento em todas as unidades de negócio.
A carteira de pedidos da Defesa & Segurança e da Aviação Executiva, por exemplo, cresceu 100% e 62% respectivamente. O fluxo de caixa livre ajustado sem Eve, no entanto, foi negativo em R$ 1,0 bilhão no 2T25. A Embraer justifica esse resultado pela sazonalidade do negócio e pela preparação para um maior número de entregas de aeronaves nos próximos trimestres.
Para 2025, a Embraer reitera suas estimativas, projetando a entrega de 77 a 85 aeronaves na Aviação Comercial e de 145 a 155 na Aviação Executiva. A receita total da empresa é estimada entre US$ 7,0 bilhões e US$ 7,5 bilhões.