O setor de energia solar vive um momento histórico no Brasil. Em apenas um ano, foram criados cerca de 500 mil empregos verdes, R$ 57,5 bilhões em investimentos movimentados e 27 milhões de toneladas de CO₂ evitadas, segundo dados da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica). Com 22,2% de participação na matriz elétrica nacional — atrás apenas da geração hídrica — a fonte fotovoltaica se consolida como vetor econômico, ambiental e tecnológico.
Desde sua entrada oficial no país nos anos 1990, o setor já acumulou R$ 250,9 bilhões em investimentos, 1,6 milhão de empregos e R$ 78 bilhões em tributos. A expectativa é que, até o fim de 2025, o Brasil alcance 64,7 gigawatts (GW) de capacidade instalada, somando sistemas residenciais, comerciais, rurais e grandes usinas centralizadas.
O desafio da gestão em campo
Com o crescimento acelerado, surgem novos desafios operacionais. O boom de instaladoras e integradoras exige mais do que mão de obra qualificada: é preciso coordenar equipes em campo, garantir rastreabilidade dos serviços e manter a qualidade em todas as etapas — da venda ao pós-instalação.
Segundo levantamento do Instituto Ideal, cada sistema fotovoltaico demanda entre três e cinco visitas técnicas, o que intensifica o volume de agendamentos e deslocamentos. “O setor solar descentralizou a geração de energia e, com isso, aumentou a responsabilidade das instaladoras no pós-venda e na manutenção. Hoje, a organização do atendimento técnico é fator crítico de sucesso”, afirma Augusto Lyra, CEO da Everflow, startup especializada em soluções para o setor solar.
A Everlow, aproveitando o bom momento do setor, desenvolveu o primeiro ERP 100% voltado para instaladoras e integradoras fotovoltaicas no Brasil. A plataforma integra funcionalidades específicas da rotina solar: gestão de agendas, controle de ordens de serviço, comunicação com clientes, registro digital de atividades e integração com CRMs e aplicativos como WhatsApp.
“O sistema cobre desde o orçamento e contratos até o fechamento financeiro da obra. Passa pela gestão de estoques, checklists personalizados, assinaturas digitais e geração de relatórios em painéis interativos”, explica Lyra. O ERP é parametrizável conforme o porte da empresa, atendendo desde microinstaladoras até grandes integradoras com atuação nacional.
No campo, o aplicativo para técnicos funciona como um espelho da obra em tempo real. Exige registro fotográfico, checklists por fase e assinaturas digitais, além de rastrear deslocamentos via geolocalização — o que reduz custos logísticos e melhora a experiência do cliente.
“Cada empresa tem seu fluxo particular, equipes próprias e terceirizadas, fornecedores diversos, diferentes modelos de financiamento. A plataforma foi desenhada para ser ajustável, sem exigir desenvolvimento sob encomenda”, completa Lyra.
A adoção deste tipo de soluções, chamadas de Field Service Management (FSM) tornou-se essencial para empresas que buscam escalabilidade e conformidade regulatória. E em um setor que cresce exponencialmente e lida com um bem essencial como energia, a eficiência da gestão se torna tão estratégica quanto a potência dos painéis voltados ao sol.
Para saber mais sobre a iniciativa anunciada, a GZM conversou com exclusividade com Augusto Lyra, CEO da Everflow. Confira:
GZM: Como o ERP da Everflow se adapta às diferentes realidades operacionais das instaladoras e integradoras solares?
Augusto Lyra: Desenvolvemos uma solução totalmente flexível e parametrizável, capaz de se adaptar aos diferentes fluxos operacionais do segmento solar. Instaladoras e integradoras frequentemente executam projetos com particularidades únicas, e apenas um sistema que permite configurar e acompanhar todos esses cenários, como o da Everflow, consegue atender com eficiência.
GZM: Quais são os principais gargalos que a tecnologia ajuda a resolver no dia a dia das equipes em campo?
Augusto Lyra: A comunicação entre os setores é um dos principais gargalos, já que o que acontece em campo precisa ser repassado com agilidade para as áreas responsáveis. Com o Flow Service,o app da Everflow integrado ao ERP, as equipes conseguem registrar e acompanhar tudo em tempo real, garantindo que informações críticas cheguem rapidamente aos gestores e que as ações corretivas sejam tomadas com agilidade, tudo em uma solução única.
GZM: Como a Everflow enxerga o mercado de energia solar no Brasil em 2026 e quais são os planos de expansão da empresa?
Augusto Lyra: Vemos o setor solar ainda com grandes oportunidades de evolução em gestão e organização de processos. Com o avanço da IA e das plataformas de automação, as empresas precisarão inovar constantemente para se manterem competitivas. A Everflow está se preparando para liderar esse movimento, com foco em soluções inteligentes e escaláveis. Para 2026, nosso objetivo é aumentar a presença em eventos e congressos do setor, fortalecendo a marca e ampliando nosso papel como referência em tecnologia para o mercado solar.
GZM: De que forma a digitalização pode contribuir para a profissionalização e padronização do setor solar?
Augusto Lyra: Quando o processo está digitalizado, a tomada de decisão se torna mais estratégica, baseada em dados concretos. Um exemplo prático que vemos na Everflow é que, ao utilizar nosso ERP, as empresas passam a ter visibilidade dos projetos mais lucrativos e conseguem redirecionar os esforços comerciais para focar em oportunidades com maior margem, aumentando a rentabilidade do negócio.
GZM: Quais são os próximos recursos ou integrações que a Everflow pretende lançar para acompanhar a evolução do mercado?
Augusto Lyra: Estamos avançando com a automação da área financeira e com o aprimoramento contínuo do nosso app, ampliando suas funcionalidades. Já contamos com integrações personalizadas com os principais CRMs do setor solar, como Solar Market, Groner e Sunhub. Optamos por ir além de integrações básicas: nossas conexões são configuradas de forma ágil e sob medida para cada cliente, garantindo que as informações de vendas cheguem completas e corretamente aos times operacional e financeiro.
