Quando um grande evento acontece, com auditórios cheios e estandes movimentados, a atenção costuma se voltar para o que se vê no palco. Mas antes de cada edição, há um trabalho intenso de articulação, parcerias e alinhamentos estratégicos. O que o público acompanha é apenas o resultado de meses de construção coletiva.
Os eventos setoriais são um dos motores do desenvolvimento econômico. Eles criam um ambiente de confiança e colaboração, onde empresas, governos, investidores e startups podem discutir desafios e gerar oportunidades reais de negócio. Mais do que um ponto de encontro, são plataformas que transformam ideias em ação.
O impacto econômico desse ecossistema é expressivo. Segundo a União Brasileira dos Promotores de Feiras (UBRAFE), em parceria com a SPTuris, os eventos B2B realizados em São Paulo em 2024 movimentaram R$ 12 bilhões na economia da cidade. Foram 8,029 milhões de visitantes únicos, dos quais 5,62 milhões eram moradores do Estado e 2,41 milhões turistas de negócios de fora de São Paulo e do exterior. A previsão média de investimento individual foi de R$ 560 para visitantes locais e R$ 3.700 para turistas, evidenciando o impacto do setor no ecossistema de hospitalidade da capital paulista.
O setor de energia é um bom exemplo. O Brazil Windpower 2025, organizado pela Informa Markets em parceria com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e o Global Wind Energy Council (GWEC), consolidou-se como o principal encontro de energia eólica da América Latina. O tema deste ano, “COP30 e o papel da energia eólica: acelerando a descarbonização da economia”, reflete debates essenciais sobre transição energética, geração offshore, curtailment e marcos regulatórios.
O impacto, porém, não se limita aos dias do evento. Meses antes, especialistas e lideranças se reúnem para alinhar agendas e amadurecer pautas que, durante o encontro, ganham visibilidade e consenso. É assim que temas complexos, como a abertura total do mercado livre de energia e as compensações regulatórias, avançam de forma prática.
E o trabalho continua depois. O pós-evento costuma acelerar discussões e ampliar o alcance de propostas apresentadas nos painéis. Muitas vezes, é nesse período que surgem grupos de trabalho, consultas públicas e novas agendas voltadas à regulação, autorregulação e inovação. Essa continuidade mostra como os eventos funcionam como catalisadores de mudanças, encurtando o tempo entre o debate e a implementação.
Os eventos setoriais cumprem uma função que vai além da troca de conhecimento. Eles consolidam temas estratégicos, dão legitimidade a novas ideias e aproximam diferentes visões. São espaços onde o diálogo gera soluções, a cooperação vira motor de crescimento, novos conceitos instigam transformações e oportunidades amadurecem.
Em um mundo cada vez mais volátil e suscetível à dinâmica geopolítica, os eventos de negócios são catalizadores de debates e percepções inovadoras, que habilitam executivos, empresas, governo, investidores e academia a compartilharem e formatarem ações e políticas efetivas diante da complexidade crescente dos mais diversos setores da economia. São o elo entre o discurso e a prática, entre a visão de futuro e as ações que movem o presente.