A decisão do governo Trump de suspender projetos de energia eólica offshore nos Estados Unidos tem gerado reações inesperadas — inclusive entre executivos do setor de petróleo e gás. A tentativa de revogar autorizações já concedidas para parques eólicos, como os projetos Revolution Wind (Rhode Island) e Empire Wind (Nova York), acendeu alertas sobre insegurança jurídica e instabilidade regulatória.
Darren Woods, CEO da Exxon Mobil, afirmou que “políticas que mudam com governos não são boas para os negócios, nem para a economia”. Outros líderes do setor alertam que o precedente pode se voltar contra projetos de infraestrutura de combustíveis fósseis em futuras administrações.
A administração Trump justifica os bloqueios como parte de uma revisão sobre impactos na segurança nacional. No entanto, associações como a American Clean Power Association e a Câmara de Comércio dos EUA alertam que a reversão de autorizações aumenta o custo dos projetos e pode elevar o preço da eletricidade.
Toby Rice, CEO da EQT, uma das maiores produtoras de gás natural do país, resumiu o sentimento: “Sei como é ver um projeto de energia prestes a sair do papel ser interrompido. Isso não deveria acontecer.”
Com o fim antecipado de incentivos fiscais para energia eólica e a suspensão de novos arrendamentos em áreas federais, analistas projetam que nenhum novo parque offshore será construído nos EUA após 2028.
A controvérsia reacende o debate sobre a necessidade de reformar o processo de licenciamento federal. “Ambos os lados políticos têm abusado do sistema de autorizações”, disse Mike Sommers, CEO do American Petroleum Institute, pedindo maior previsibilidade para investidores em infraestrutura energética.
A tensão entre política e energia, antes restrita ao embate entre renováveis e fósseis, agora parece atingir todo o setor — e pode redefinir o ambiente de negócios nos próximos anos.