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Futuro do licenciamento ambiental em jogo: Lula decide nesta sexta sobre o PL 2.159/2021

Manifestação na Av. Paulista contra a nova lei de licenciamento ambiental, chamada por seus críticos de PL da Devastação. Nova Lei tem sido acompanhada também internacionalmente
Com o fim do prazo para um posicionamento presidencial, país começa a descobrir nesta sexta sobre como será a regulação da agenda ambiental em seu programa de desenvolvimento

O Projeto de Lei 2.159/2021, que propõe uma nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental, foi aprovado pelo Congresso Nacional e agora aguarda o posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O prazo para sanção ou veto termina em 8 de agosto, e a decisão presidencial poderá redefinir o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental no Brasil.


O que é o PL 2.159/2021?

O projeto, que tramita há quase duas décadas (originalmente como PL 3.729/2004), busca padronizar e simplificar o licenciamento ambiental em todo o país. Ele estabelece diretrizes gerais, cria novas modalidades de licenças e altera leis ambientais importantes, como a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998).

Entre os principais dispositivos:

  • Licença por Adesão e Compromisso (LAC): permite autodeclaração do empreendedor, sem necessidade de estudos prévios.
  • Licença Ambiental Especial: autoriza licenciamento simplificado para projetos considerados “estratégicos” pelo Conselho de Governo.
  • Descentralização: transfere competências para estados e municípios, permitindo que definam critérios próprios de licenciamento.


Os pontos mais polêmicos

O projeto tem sido chamado por ambientalistas de “PL da Devastação” por representar, segundo eles, um grave retrocesso. Os principais pontos de crítica incluem:

  • Esvaziamento dos órgãos ambientais: o ICMBio perde poder de veto e passa a ter papel apenas consultivo.
  • Risco de judicialização: especialistas alertam que o texto pode ser alvo de ações no STF por inconstitucionalidade.
  • Desrespeito a tratados internacionais: como a Convenção 169 da OIT, que exige consulta prévia a povos indígenas e tradicionais.
  • Fragmentação regulatória: estados e municípios poderão flexibilizar regras para atrair investimentos, criando uma “guerra ambiental”.


Posições das entidades e especialistas

O PL gerou forte divisão entre setores produtivos e entidades socioambientais:

Entidade/EspecialistaPosiçãoDeclaração
CNI (Confederação Nacional da Indústria)Favorável“O licenciamento ambiental é tema prioritário para destravar investimentos.”
ABCON SINDCON (Setor de Saneamento)Favorável“A proposta traz segurança jurídica e agilidade para obras essenciais.”
INESC (Instituto de Estudos Socioeconômicos)Contrário“O PL representa o maior retrocesso ambiental desde a redemocratização.”
Transparência Internacional – BrasilContrário“O texto abre brechas para corrupção e degradação ambiental.”
Suely Araújo (ex-presidente do Ibama)Contrário“É um tiro no pé do empresariado. Avaliações ambientais completas evitam projetos inviáveis.”
Especialistas da ONUContrárioEnviaram comunicação oficial ao governo alertando para riscos aos direitos humanos.
Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP)Contrário“A descentralização excessiva pode gerar competição predatória entre estados.”


Próximos passos após o posicionamento de Lula

O presidente tem três caminhos possíveis:

  1. Sanção integral: o PL vira lei e entra em vigor como aprovado.
  2. Sanção parcial: trechos vetados voltam ao Congresso, que pode mantê-los ou derrubá-los.
  3. Veto total: o projeto é rejeitado e retorna ao Congresso para nova deliberação.

A decisão de Lula será determinante para o futuro da política ambiental brasileira. Caso sancionado, o PL exigirá adaptações nos órgãos ambientais e poderá alterar profundamente a forma como empreendimentos são autorizados no país. Se vetado, o debate retorna ao Legislativo, reacendendo a disputa entre interesses econômicos e ambientais.

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