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Geração Z faz do politrabalho o novo modelo de trabalho e obriga empresas a repensar as regras de contrato

Autor já atuou como uma das lideranças-chave de RH na 99, primeiro unicórnio brasileiro, apoiando ainda mais de 10 unicórnios nacionais em processos de gestão de talentos
Por Diego Rondon, CEO e cofundador da e-volve.one – consultoria especializada em estratégia de crescimento com foco em RH por meio de soluções que usam tecnologia para desenvolvimento das melhores práticas da área de recursos humanos

O modelo tradicional de carreira, baseado em promoções lineares, fidelidade exclusiva e jornadas exaustivas, não conversa mais com a nova geração. Se antes a ambição era subir a escada corporativa passo a passo, hoje muitos preferem construir uma ponte própria — mais flexível, diversificada e com sentido.

A Geração Z está promovendo uma ruptura profunda, talvez mais significativa do que o home office ou o quiet quitting causaram. E isso não é achismo. Segundo levantamento da Harris Poll com o Glassdoor, 57% dos jovens da Geração Z já têm trabalhos paralelos ou fontes de renda extra. Mais da metade simplesmente não acredita que o caminho tradicional seja o mais inteligente — ou o mais sustentável — para se viver.

Eles não querem esperar 10 anos para assumir um cargo de gestão. E, quando o fazem, querem entender o que vem junto: mais autonomia, mais responsabilidade, mais remuneração? Ou só mais horas de cobrança e menos tempo de vida. Não é desinteresse. É lucidez.

Eles olham para o mercado e não enxergam a promessa sendo cumprida. Por isso, criam alternativas. Buscam sentido no que fazem, mesmo que seja fora da estrutura convencional. Não querem só sobreviver à semana para descansar no domingo. Querem uma vida em que o trabalho seja parte, não o todo. E isso exige das empresas uma reação à altura.

O que as empresas precisam entender (e fazer já):

  1. Promessas precisam ser cumpridas. O discurso de carreira, propósito e desenvolvimento precisa sair do PowerPoint e virar realidade. Caso contrário, o politrabalho será a regra, não exceção.
  2. Contratos mais honestos. Se a empresa exige exclusividade e alta dedicação, precisa oferecer mais do que um salário. Precisa oferecer pertencimento, clareza de metas, feedback, formação. Tudo isso é parte do contrato psicológico da nova geração.
  3. Flexibilidade não é um mimo. É uma premissa. Não significa ausência de comprometimento — significa maturidade, respeito e autonomia.
  4. Desempenho precisa ser medido por impacto, não por tempo de tela. Os líderes precisam sair da lógica do controle para adotar a lógica da confiança.
  5. O RH precisa liderar esse novo pacto. Não como departamento executor, mas como curador da cultura. É papel do RH escutar, adaptar, proteger os valores da empresa e garantir coerência entre discurso e prática.

A pergunta que fica é: você está tentando convencer jovens a viver o seu modelo de sucesso… ou está disposto a construir um novo modelo com eles? A Geração Z não quer destruir o mercado. Quer reconstruí-lo para que trabalhar valha a pena. Quem entender isso, atrai os melhores talentos. Quem ignorar, verá sua força de trabalho evaporar — em silêncio, mas em massa.

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