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Horário de Verão volta ao debate em meio à seca e Abrasel cobra decisão rápida do Governo

Foto de Jay Moon
Considerado como medida essencial para o setor, Associação critica a lentidão do governo em avaliar o retorno da medida

A crise hídrica que se intensifica em diversas regiões do Brasil reacende um antigo debate: o retorno do horário de verão. Diante do agravamento da seca e do risco crescente de sobrecarga no sistema elétrico nacional, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) pediu ao governo federal celeridade na tomada de decisão sobre a medida, que foi suspensa em 2019.

Segundo a entidade, o horário de verão representa uma solução simples, de baixo custo e com múltiplos benefícios — desde a economia de energia até o estímulo à atividade econômica em setores como comércio, turismo e alimentação fora do lar.

Dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) revelam que as principais bacias hidrográficas do país — Paraná, São Francisco e Tocantins — enfrentam secas severas há mais de uma década. O fenômeno, agravado pelas mudanças climáticas, compromete a geração de energia e pressiona o uso de recursos hídricos.

O alerta se intensifica com os dados divulgados neste mês pelo Monitor da Seca da Agência Nacional de Águas (ANA), que apontam o avanço da estiagem em áreas como o sul de São Paulo, oeste e norte de Minas Gerais, norte do Paraná, leste do Acre e sudeste do Pará. A escassez hídrica afeta diretamente a agricultura, aumenta a demanda por irrigação e eleva o risco de acionamento de termelétricas — mais caras e poluentes.

Além disso, especialistas apontam limitações no modelo de previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que não incorpora variáveis climáticas recentes e pode subestimar os riscos de interrupções no fornecimento.

Medida estratégica e econômica

Para a Abrasel, o retorno do horário de verão pode ajudar a mitigar esses impactos. “O horário de verão vigorou no Brasil por 34 anos, e foi uma medida extremamente exitosa. Ele ajudou a economizar energia, reduziu riscos sistêmicos e favoreceu o setor de comércio e serviços, especialmente bares e restaurantes”, afirma Paulo Solmucci, presidente-executivo da entidade.

Solmucci destaca que o risco de apagões aumentou significativamente. “Este ano, o risco é ainda maior. O ONS aponta que a chance de interrupção do fornecimento subiu de 10% para 30% entre 2026 e 2027, o que seria inaceitável.”

A associação também critica a lentidão do governo em avaliar o retorno da medida. “A demora em emitir um parecer torna a situação ainda mais crítica”, alerta o executivo.

Impacto direto no comércio e serviços

Além dos benefícios energéticos, o horário de verão tem impacto direto na economia. Com mais luz natural entre o fim da tarde e o início da noite, bares, restaurantes e lojas registram aumento de movimento e faturamento.

“Quando vigorou o horário de verão, observamos que entre 18h e 21h o faturamento do setor de bares e restaurantes chegava a crescer, ajudando a recuperar parte das perdas da pandemia. O setor de varejo também se beneficiava, com grandes redes relatando aumento de 3%, 4% ou até 5% nas vendas, isso sem falar na movimentação no setor turístico”, explica Solmucci.

Segundo estimativas da Abrasel, o faturamento mensal dos estabelecimentos pode crescer entre 10% e 15% com a adoção da medida.

Sustentabilidade e planejamento

A entidade reforça que o horário de verão contribui para a redução do consumo nos horários de pico, evitando o acionamento de termelétricas e ajudando a preservar recursos naturais. “É uma medida que alia sustentabilidade, eficiência energética e estímulo econômico”, resume Solmucci.

Com o cenário climático se agravando e os riscos ao sistema elétrico aumentando, a Abrasel espera uma decisão rápida por parte do governo. “É fundamental que a população possa se planejar e que a sociedade aproveite ao máximo os benefícios dessa medida”, conclui.

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