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Investidor anjo não é pai de santo

Paulo Motta, que também lidera a holding The Networkers, com centralização em frentes de negócios em agenciamento artístico, inteligência comercial, experiências de alto padrão e networking corporativo
Por Paulo Motta, empresário, investidor e especialista em gestão de ativos com trajetória marcada por visão estratégica e capacidade de execução. Sócio da IMvester, atua na estruturação e operação de investimentos imobiliários com presença no Brasil, Portugal e Estados Unidos

Nos últimos anos, o termo “investidor anjo” ganhou espaço no vocabulário do empreendedorismo brasileiro. Sabemos que startups nascem todos os dias e muitas delas têm boas ideias e, algumas vezes, uma expectativa equivocada de que esse tipo de financiador será uma espécie de “pai de santo salvador da pátria”, capaz de resolver todos os problemas, prever o futuro e transformar um projeto frágil em um unicórnio da noite para o dia.

Infelizmente, a realidade é outra. Esse papel não é mágico e sim estratégico. Ele pode oferecer capital, rede de contatos e experiência de mercado, mas isso tudo só faz sentido quando o empreendedor apresenta um negócio com potencial sólido. Isso implica em clareza de propósito, modelo de negócio escalável, dedicação e capacidade de execução. Sem esses elementos, o dinheiro vira apenas uma aposta de risco.

Segundo a organização Anjos do Brasil, em 2023 o capital aplicado por esse tipo de investidor no país foi de aproximadamente R$1,2 bilhão. E, apesar do crescimento do ecossistema, a taxa de mortalidade das startups continua alta, já que cerca de 75% não chegam ao quinto ano de vida. Isso mostra que não basta captar recursos, é preciso saber usá-los com sabedoria.

Como investidor, aprendi que a relação com o empreendedor deve ser de parceria e franqueza. Não financio sonhos sem plano, nem participo de negócios em que o fundador não coloca a própria pele em jogo. O sócio anjo também erra, mas seu papel é ajudar a reduzir os equívocos, encurtar caminhos e abrir portas. Não é adivinhar o mercado ou salvar uma empresa mal estruturada. Isso tem que ficar bem claro.

Portanto, deixo um recado direto a quem tem uma grande ideia em andamento e busca investimento: faça o dever de casa. Teste hipóteses, valide clientes, construa um mínimo produto viável e demonstre comprometimento. O dinheiro pode acelerar trajetórias, mas não substitui a resiliência, a disciplina e a visão de longo prazo que só o próprio idealizador pode trazer para sua jornada.

No fim das contas, investidor nenhum é pai de santo. Ele é parceiro de quem está disposto a trabalhar duro, aprender com os erros e transformar ideias em negócios sustentáveis e lucrativos.

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