Numa quinta-feira de agosto, em São Paulo, um evento luxuoso e prestigiado pode não ser novidade, mas esse tinha uma particularidade: reunia um segmento importante de um mercado que talvez você ao menos já tenha ouvido falar ou mesmo faça parte dele: a comunidade Sugar.
Era a primeira festa Sugar do Brasil, organizada pela plataforma MeuPatrocínio, que completa 10 anos de operação e, para tal, reuniu cerca de 200 convidados em uma casa de eventos no bairro da Vila Olímpia, com direito a máscaras venezianas, traje de gala, caviar e champagne Veuve Clicquot.
O evento marcou uma década de atuação da empresa que transformou o chamado relacionamento Sugar em um modelo de negócio. Nesse tipo de relação, uma Sugar Baby — geralmente uma mulher jovem, ambiciosa e em busca de estabilidade — se conecta com um Sugar Daddy, homem mais velho, bem-sucedido e disposto a oferecer apoio financeiro e experiências sofisticadas em troca de companhia e afeto. E no meio dessa “química”, a plataforma atua como ponte entre esses dois perfis, já acumulando mais de 16 milhões de usuários cadastrados.
Os ingressos para a festa variaram entre R$ 3 mil e R$ 10 mil, dependendo do nível de exclusividade. E como curiosidade, segundo levantamento da própria plataforma, o gasto médio mensal de um Sugar Daddy com sua Sugar Baby gira em torno de R$ 15 mil — podendo ultrapassar esse valor com facilidade.
A noite foi marcada por um menu refinado, que incluía presunto de parma, pistaches, queijos nobres e drinks temáticos com nomes como “Sugar Baby”, “Sugar Daddy” e “MeuPat”. A trilha sonora ficou por conta de música ao vivo, e os convidados circularam por ambientes decorados para exalar sofisticação.
Tendência em alta entre jovens brasileiros
De acordo com Queila Farias, vice-presidente de Comunicação do MeuPatrocínio, o evento consolida a liderança da plataforma na América Latina e reflete o crescimento do relacionamento Sugar no Brasil. “A hipergamia — busca por parceiros com maior poder aquisitivo — tem ganhado força entre jovens brasileiros. É uma tendência que se intensificou na última década e continua em alta”, afirma.
Uma pesquisa realizada em 2025 pela plataforma em parceria com o Instituto QualiBest revelou que mais de 30% dos jovens da Geração Z demonstram interesse nesse tipo de relacionamento. Entre os principais benefícios apontados pelos usuários estão segurança emocional, estabilidade financeira, motivação diária e companheirismo, a maior parte desses atributos considerando, obviamente, que o Daddy não é casado.
Um modelo de negócio que virou estilo de vida
Fundado em 2015, o MeuPatrocínio se posiciona como o maior site de relacionamento Sugar da América Latina. A empresa monetiza por meio de planos pagos e eventos exclusivos, como o realizado em São Paulo, que reforçam a proposta de oferecer experiências de alto padrão para seus usuários.
Para Caio Bittencourt, especialista em relacionamentos da plataforma, o sucesso do evento mostra que o relacionamento Sugar deixou de ser tabu e passou a ocupar espaço legítimo no mercado de relacionamentos. “É uma escolha consciente de estilo de vida, baseada em transparência e objetivos mútuos”, afirma.
E se alguém ainda torce o nariz para o universo Sugar, talvez seja hora de aceitar que o amor moderno tem múltiplas formas — algumas com jantares românticos, outras com jantares “semânticos”.
O MeuPatrocínio parece ter conseguido transformar o que muitos podem considerar uma “troca de favores” em um modelo de negócio sustentável, com direito a pesquisa, plataforma robusta e até festa com caviar.
No fim das contas, pode até parecer interesse, mas é impossível negar: esse relacionamento é movido por paixões sinceras e cartões (Black, de preferência).