O setor mineral brasileiro registrou um faturamento de R$ 139,2 bilhões no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período de 2024. O desempenho foi acompanhado pela criação de 5.085 novos empregos diretos, elevando o total de vagas para 226.067, o maior número já registrado na série histórica, segundo dados divulgados pelo presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, neste 5 de agosto de 2025.
Em um cenário de desafios globais, o Brasil exportou 192,5 milhões de toneladas de minerais no período, um aumento de 3,7% no volume. Contudo, a valorização das commodities não foi suficiente para compensar a queda nos preços, e o valor total das exportações recuou 6,5%, somando US$ 20,1 bilhões. A balança comercial mineral, no entanto, manteve-se robusta, com um saldo de US$ 16,01 bilhões, representando 53% do saldo total da balança comercial brasileira.
Análise dos números: uma robustez em diversificação
Embora o minério de ferro ainda seja o carro-chefe das exportações, respondendo por 63% do volume, seu faturamento registrou uma queda de 8,2%. O crescimento do setor no semestre foi impulsionado pelo desempenho de outras substâncias, como o ouro, que teve um aumento de 80% no faturamento, e o cobre, com alta de 63,2%. Essa diversificação demonstra uma menor dependência do minério de ferro e a importância estratégica de outros minerais. A arrecadação total em tributos foi de R$ 48 bilhões, com R$ 3,7 bilhões especificamente da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
A pauta dos minerais críticos e a transição energética
O Brasil tem se destacado na produção global de minerais críticos, essenciais para a transição energética e a economia verde. As exportações desses minerais cresceram 5,2%, atingindo US$ 3,64 bilhões. Segundo Jungmann, o país produz 13 dos 17 minerais críticos demandados pelas principais fontes de energia limpa, como eólica e solar, o que o coloca em uma posição privilegiada. Para fortalecer essa posição, o IBRAM atua em conjunto com a Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin) para aprovar o Projeto de Lei 2780/2024, que institui a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos (PNMCE). A proposta, que tramita na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara, busca uma taxonomia clara para definir esses minerais e diversificar a matriz mineral do país.
Os desafios da mineração em promover uma operação sustentável
A crescente demanda global por minerais críticos para tecnologias de energia limpa impõe ao setor o desafio de alinhar o crescimento econômico com práticas sustentáveis. A mineração, por sua natureza, tem impactos ambientais e sociais que precisam ser geridos de forma rigorosa para garantir sua “licença social para operar” e atender às expectativas de consumidores e investidores internacionais.
A busca por uma operação sustentável exige investimentos em tecnologia e inovação para otimizar processos, reduzir o consumo de água, minimizar a geração de resíduos e promover a recuperação de áreas degradadas. A aprovação do Projeto de Lei 2780/2024, com o apoio da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, indica que a indústria reconhece a importância de formalizar uma política nacional que incentive a pesquisa e a inovação para o desenvolvimento de uma mineração mais eficiente e responsável. A capacidade do setor de se modernizar e mitigar seus impactos será crucial para que o Brasil consolide seu papel como um fornecedor confiável e estratégico na cadeia global de energia limpa.
Projeções e o futuro da mineração
As projeções do setor são ambiciosas. Para o período entre 2025 e 2029, a expectativa é de investimentos da ordem de US$ 68,4 bilhões, com US$ 18,45 bilhões direcionados especificamente a minerais críticos. Jungmann destacou que o Brasil ocupa posições de destaque no ranking mundial de produção e reservas, liderando em nióbio e figurando entre os cinco maiores produtores de alumínio, titânio e vanádio, com um papel estratégico para suprir a demanda global que deve crescer mais de 80% até 2040, segundo a Agência Internacional de Energia.