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O futuro da diversidade é mensurável: quando os dados transformam discurso em prática

Por Taís Rocha de Souza, psicóloga, CHRO do Grupo Soulan e Diretora de Operações da Thomas International Brasil

Há alguns anos, falar sobre diversidade no ambiente corporativo era quase um gesto simbólico. Hoje, felizmente, tornou-se um imperativo estratégico para empresas que buscam relevância e sucesso. Mas entre o discurso e a prática existe um espaço que só pode ser preenchido com consciência, método e dados. É justamente aí que as ferramentas de assessment vêm ganhando força como aliadas da inclusão real.

Quando aplicadas com propósito, essas ferramentas conseguem traduzir o comportamento humano em uma linguagem mensurável. Em vez de decisões baseadas em intuição ou afinidade, as empresas passam a contar com dados, o que é fundamental em processos seletivos historicamente influenciados por percepções subjetivas como aparência, trajetória ou estilo pessoal.

A área de Gestão de Pessoas tem papel decisivo nesse avanço. Testes psicométricos e comportamentais ajudam a compreender perfis e traços de personalidade ligados à performance, permitindo enxergar pessoas além dos rótulos. Também oferece aos líderes elementos concretos para reconhecer potenciais com mais justiça, reduzindo vieses inconscientes de gênero, idade ou origem.

Esses vieses, embora sutis, ainda são frequentes. Um estudo global da McKinsey mostra que empresas com maior diversidade de gênero em cargos executivos têm 39% mais chances de superar a média de lucratividade do setor. Mesmo assim, poucas conseguem transformar esse potencial em resultados consistentes, pois estão “presas” em processos ultrapassados, que consideram apenas o “perfil ideal”, e não o melhor conjunto de perfis.

Os dados de assessment mudam essa lógica ao oferecer uma visão sistêmica das equipes: quem são as pessoas, como pensam, se comunicam e se motivam. Assim, torna-se possível formar times multidisciplinares e complementares e equilibrar perfis criativos com os analíticos, planejadores e executores, introvertidos e comunicadores. Dessa forma, a diversidade deixa de ser estética para se tornar estrutural, tornando o trabalho mais coeso e produtivo.

Mais do que uma fotografia do presente, o assessment é um instrumento vivo, que acompanha o desenvolvimento humano ao longo do tempo. Quando usado não só para contratar, mas também para desenvolver e reter talentos, ele cria um ciclo virtuoso e permite às empresas e gestores entenderem como cada profissional aprende, comunica-se e reage à pressão, permitindo planos de crescimento personalizados. Isso gera pertencimento, considerado o primeiro passo da inclusão real.

Nessa jornada em busca de valorização da diversidade e inclusão, o RH e os líderes são fundamentais. Afinal, relatórios e métricas só ganham sentido quando interpretados com sensibilidade e isso só pode ser feito por pessoas realmente envolvidas com esse propósito. O assessment não é um carimbo, mas um convite à consciência!

O ponto central desse debate é entender que é possível transformar dados em resultado, mas para isso é preciso compromisso e diálogo: dar feedbacks empáticos, redesenhar estruturas e ajustar estilos de liderança. Quando o gestor entende que um perfil diferente não é um desvio, mas uma oportunidade de complementaridade, o ambiente se torna mais humano e mais inteligente.

Quando bem aplicadas, as ferramentas de assessment transformam as diferenças em forças orquestradas. E os resultados são mensuráveis. Conforme o relatório Women in the Workplace 2023, elaborado pela McKinsey em parceria com a organização LeanIn, 60% das empresas aumentaram os investimentos financeiros e com pessoal em iniciativas de diversidade, equidade e inclusão num período recente. Ainda de acordo com o relatório, três em quatro líderes de RH consideram a adoção de políticas de diversidade, equidade e inclusão críticas para o sucesso futuro de suas empresas.

Está claro que ter equipes com diversidade traz resultados reais. Agora, é preciso que as empresas saiam do campo das ideias e comecem a praticá-la de fato. E a prática só se sustenta quando tem base em dados, escuta e humanidade. O assessment permite ultrapassar a ponte entre o discurso e a ação, entre o dado e o comportamento, e entre o que a empresa diz ser e o que ela realmente é.

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