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O que a maior feira de aviação executiva da América Latina, que movimentou milhões em 2025, diz sobre “as economias” brasileiras em 2025

Movimentada e pulsante, LABACE 2025, realizada em São Paulo, confirma bom momento da aviação civil no Brasil
Evento confirma a posição do Brasil no mercado de aviação executiva. Com projeção de 1 milhão de voos até o fim do ano, país se consolida como um dos maiores mercados do setor no mundo

A 20ª edição da LABACE (Latin American Business Aviation Conference & Exhibition) aterrissou no Campo de Marte no início de agosto com pompa e resultados expressivos. Foram mais de 14 mil visitantes, 54 aeronaves expostas e uma estimativa de US$ 150 milhões em negócios gerados, consolidando o evento como o principal ponto de encontro da aviação de negócios na América Latina.

Mas enquanto empresários, operadores e executivos circulavam entre jatos de última geração e helicópteros de cauda T, dois personagens discretos observavam o espetáculo com olhos que não podiam comprar passagem para aquele mundo. Seu Arlindo, 70 anos, faxineiro, e Wescley, 25, auxiliar de serviços gerais, limpavam fuselagens como quem tenta polir a própria esperança.

“A gente limpa avião que vale mais do que tudo que eu já ganhei na vida. Mas é trabalho, né? Tem que fazer”, diz seu Arlindo, que vive com um salário mínimo e complementa a renda vendendo lanches aos domingos.

Wescley, que sonha em ser médico veterinário, não consegue parar para estudar. “Eu queria fazer cursinho, mas não dá. Trabalho o dia todo e ainda ajudo em casa. Ver esses aviões me dá vontade de voar também, mas por enquanto é só pano e produto de limpeza.”


Aviação de negócios: motor da economia, mas acessível a poucos

Enquanto alguns sonham, outros fazem negócios e a LABACE 2025 não apenas superou as expectativas comerciais, como também reforçou o papel estratégico da aviação de negócios no Brasil. 

Segundo a Associação Brasileira de Aviação Geral (ABAG), o setor registrou crescimento de 32% na movimentação aérea no primeiro semestre de 2025, com aumento expressivo na frota de jatos, turboélices e helicópteros.

Com projeção de 1 milhão de voos até o fim do ano, o Brasil se consolida como um dos maiores mercados de aviação executiva do mundo. A infraestrutura aeroportuária, centros de formação e mão de obra qualificada sustentam esse avanço. No entanto, o setor enfrenta desafios como carga tributária elevada, escassez de técnicos especializados e pressões regulatórias ambientais.

“A aviação de negócios é essencial para a conectividade e o desenvolvimento econômico no Brasil”, afirma Flavio Pires, CEO da ABAG. “Mas precisamos garantir um ambiente regulatório que estimule investimentos e preserve a competitividade.”


A distância entre o hangar e o sonho

A aviação executiva é, de fato, uma ferramenta de desenvolvimento. Ela conecta regiões remotas, facilita negócios e impulsiona setores como agronegócio, mineração e saúde. Mas também escancara as discrepâncias sociais brasileiras: enquanto aeronaves são vendidas por dezenas de milhões de dólares, trabalhadores como Arlindo e Wescley vivem com pouco. Bem pouco mesmo.

A LABACE é vitrine de inovação, digna de ser comemorada, mas parece ser também um espelho de um país de imensos contrastes, como o abismo entre quem voa e quem limpa o chão do hangar.

“A gente vê tudo isso e pensa: será que um dia muda?”, pergunta Wescley, enquanto observa um executivo embarcar em um jato particular.

Voar pode custar muito caro, mas sonhar, Brasil, não custa nada.


Helicóptero modelo ACH140, fabricado pela Airbus. Modelos expostos na LABACE, entre aviões e helicópteros, tinham valores entre R$ 60 milhões e R$ 360 milhões.

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