Depois de anos transitando entre salas de reunião corporativas e comunidades periféricas, descobri algo que mudou completamente minha forma de entender negócios no Brasil.
Não é sobre escolher um lado. É sobre construir a ponte entre os dois.
Minha jornada começou no Espaço do Povo, jornal onde informação e comunidade se encontravam organicamente. Foi ali que percebi: existia um abismo entre dois ecossistemas que tinham tudo para se potencializar, mas que simplesmente não se falavam. De um lado, empresas buscando inovação, autenticidade e conexão real com o Brasil diverso. Do outro, comunidades transbordando criatividade, resiliência e soluções que o mercado nem imaginava existir.
Daí nasceu o Grupo CRIA. E nos últimos anos, tive o privilégio de trabalhar com marcas como Amazon, Google, Avon, Skala, Tecban, junto a agências como DPZ, Ogilvy, Lew Lara, Publicis. Atendemos governos. Construímos projetos que entregaram resultados reais, mensuráveis.
Mas o que aprendi não foi nas apresentações de PowerPoint. Foi no dia a dia dessa construção.
Aprendi que quando você cria o FavelaCRIA para promover diálogo genuíno entre mercado e favela, todo mundo cresce. Que quando você investe em cursos de tecnologia, IA e programação em Recife e Belém, não está fazendo favor, está acessando um oceano de talento que seus concorrentes ainda não descobriram. Que quando você faz conscientização como o OncoCRIA chegar onde realmente precisa chegar, você não está apenas cumprindo KPI de ESG, está salvando vidas e construindo confiança real.
E aqui está o insight que quero compartilhar com você nesta coluna: o mercado brasileiro está passando por uma transformação silenciosa que vai redefinir quem vence nos próximos anos. Não é sobre tecnologia. Não é sobre modelo de negócio. É sobre conexão autêntica.
As empresas que aprenderem a criar pontes reais, não simuladas nem feitas só para inglês ver, entre seus indicadores de responsabilidade/sustentabilidade e a diversidade do Brasil vão conquistar três ativos que dinheiro só não traz:
– Inovação nascida da escassez, que é muito mais poderosa que inovação bancada por capital abundante
– Credibilidade verdadeira, num tempo em que consumidor fareja falsidade a quilômetros
– Acesso a mercados e talentos que seus concorrentes nem sabem que existem
Não estou falando de filantropia. Estou falando de estratégia de negócio inteligente.
Passei anos aprendendo a traduzir os dois lados. Entender a linguagem, as dores, as oportunidades de cada um. Facilitar encontros que geram valor real, não aquele valor que fica bonito no relatório anual, mas o que aparece no resultado financeiro e no impacto mensurável.
E é sobre isso que vou escrever aqui, semanalmente.
Vou te mostrar o Brasil real, com suas contradições e seu potencial explosivo. Vou trazer histórias que funcionaram e algumas que não funcionaram, porque erro também ensina. Vou compartilhar dados, insights e caminhos práticos para sua empresa navegar esse território.
Não porque eu tenha todas as respostas. Mas porque construí algumas pontes sólidas e quero te mostrar como atravessar.
Porque o futuro dos negócios no Brasil não vai ser construído ignorando nossas contradições, vai ser construído justamente através delas.
Vou te provocar. Às vezes vai incomodar. Mas prometo uma coisa: nunca vai ser genérico.
Porque se tem algo que anos trabalhando dos dois lados dessa ponte me ensinaram é que discurso bonito não muda nada. O que muda é ação estratégica com propósito real. É entender que impacto social e resultado financeiro não são antagônicos, são combustível um do outro quando você sabe jogar o jogo direito.
Porque enquanto alguns estão apenas reproduzindo cases do Vale do Silício, nós vamos estar construindo o futuro daqui de dentro.
Bem-vindo à coluna. Nos vemos toda semana por aqui. E se você quiser receber essas reflexões direto, com histórias e dados exclusivos que não cabem neste espaço, assina minha newsletter. É o lugar onde aprofundo essas conversas com quem está genuinamente interessado em construir esse futuro junto.