Em um setor cada vez mais pressionado por critérios ESG e pela necessidade de gerar valor compartilhado, a Órigo Energia, uma das líderes em geração distribuída no Brasil, dá um passo estratégico ao implementar um robusto programa de Gestão e Engajamento de Partes Interessadas. A iniciativa, baseada nos Padrões de Desempenho do IFC e no padrão AA1000, visa construir relações duradouras com comunidades vizinhas às suas operações, promovendo transparência, escuta ativa e desenvolvimento local.
Com apoio técnico da consultoria H&P, especializada em relações comunitárias e análise socioeconômica, a Órigo já ouviu mais de 1.000 stakeholders em nove estados brasileiros, incluindo quase 300 organizações da sociedade civil. Os dados coletados estão sendo utilizados para customizar planos de engajamento, definir canais de comunicação e alimentar a régua de relacionamento ESG da empresa, que já conta com cerca de 200 stakeholders ativos.
Engajamento como estratégia de gestão territorial
A abordagem da Órigo vai além da mitigação de riscos. O programa busca antecipar expectativas, prevenir conflitos e incorporar percepções locais às decisões estratégicas da companhia. “Acreditamos que o sucesso da geração distribuída precisa estar alinhado ao desenvolvimento local. Nossa atuação busca ir além da entrega de energia renovável, criando pontes com as comunidades que nos recebem”, afirma Marcus Pimenta, diretor de operações da Órigo Energia.
A metodologia inclui georreferenciamento das áreas de influência, análise de criticidade dos stakeholders e produção de dashboards gerenciais que orientam a tomada de decisão. Mesmo os públicos classificados como de baixa influência ou criticidade são mantidos na régua de comunicação, reforçando o compromisso com a inclusão e a escuta contínua.
Impacto na governança e na materialidade
O modelo de escuta adotado também será utilizado na revisão da matriz de materialidade da empresa, permitindo que as vozes das comunidades influenciem diretamente os temas prioritários da agenda ESG da Órigo. A iniciativa reforça o posicionamento da companhia como uma das mais comprometidas com a gestão responsável de stakeholders no setor de energia renovável.
A GZM conversou com Marcus Pimenta, diretor de operações da Órigo Energia, para a empresa para saber mais detalhes das iniciativas de gestão de comunidades. Confira:
GZM: Como a empresa pretende escalar o programa de escuta ativa para novas regiões à medida que expande suas operações?
Marcus: Pensando justamente na ampliação do programa à medida que o negócio cresce, a Órigo firmou uma parceria estratégica com uma consultoria especializada e de atuação nacional, o que possibilitará a realização de mais escutas simultâneas em diferentes regiões do Brasil.
Vale acrescentar que a expansão do programa acompanha o cronograma de crescimento da companhia, com planejamentos semestrais que priorizam comunidades situadas em locais onde novas obras serão iniciadas. No entanto, também contemplamos comunidades próximas a fazendas em operação ou em fase final de construção e comissionamento, zelando por uma abordagem contínua e abrangente.
GZM: Quais são os principais aprendizados obtidos até agora com a escuta de OSCs e comunidades locais?
Marcus: A escuta ativa tem sido essencial para compreendermos as expectativas e receios das comunidades diante da chegada da Órigo na região. Esse entendimento nos permite desenvolver ações de engajamento e esclarecimento mais assertivas, fortalecendo a confiança mútua. O canal direto de comunicação com a comunidade também tem sido fundamental para esclarecer dúvidas, alinhar expectativas e mitigar possíveis impactos das atividades da Órigo.
Já as Organizações da Sociedade Civil, representam a escuta de um grupo comunitário, onde conseguimos entender a percepção de forma mais abrangente. Além disso, a proximidade da Órigo com as OSC tem intenção de ampliar o impacto positivo que elas geram no território, pois através do Programa Órigo Social, conseguimos beneficiar Instituições sem fins lucrativos com a doação mensal de créditos de energia elétrica, ocasionando uma economia mensal a essa Instituição, que pode investir na ampliação das atividades, beneficiando a comunidade local”
GZM: Como os dados coletados estão sendo incorporados à estratégia de negócios e à governança da empresa?
Marcus: Os dados e outras informações coletadas pelo programa de escuta ativa norteiam a Órigo na tomada de decisões estratégicas e fortalecem a governança, além de orientar ações de comunicação e relacionamento com as comunidades.
Os dados provenientes do programa são apresentados trimestralmente no Comitê ESG, que reúne representantes dos investidores e membros do Conselho de Administração. Nesse encontro, o time de ESG, responsável pela gestão do programa de engajamento com stakeholders, compartilha os avanços, aprendizados e oportunidades de melhoria do programa, ouvindo sugestões do comitê para aprimoramento do programa.
GZM: De que forma a Órigo mede o impacto social e reputacional do programa de engajamento?
Marcus: A Órigo utiliza softwares de inteligência para consolidar e analisar todas as interações com as partes interessadas nas áreas de influência direta das operações. A compilação e categorização dos dados permite identificar temas recorrentes e ajustar estratégias de engajamento, se necessário.
Além disso, a Órigo está desenvolvendo uma pesquisa de satisfação ao final de cada ciclo de escuta, o que permitirá mensurar com mais precisão o impacto social da iniciativa e identificar oportunidades de aprimoramento. Um exemplo prático foi a adaptação de materiais de comunicação. A Órigo identificou um alto índice de analfabetismo em algumas comunidades e substituiu conteúdos escritos por vídeos com linguagem acessível e recursos visuais.
GZM: Há planos para integrar stakeholders como clientes e investidores nesse modelo de escuta estruturada?
Marcus: Atualmente, os clientes e investidores da Órigo já são ouvidos por meio de canais específicos, embora não integrem o modelo de escuta voltado às comunidades do entorno das nossas operações.
Em 2024, por exemplo, realizamos uma consulta com clientes para orientar ações alinhadas ao aspecto ESG, cujos resultados embasaram a revisão da nossa matriz de materialidade — publicada no Relatório Anual de Sustentabilidade 2024, disponível no site da Órigo Energia.
Os investidores, por sua vez, participam ativamente da governança da companhia, com presença nos Comitês e no Conselho de Administração, contribuindo diretamente para decisões estratégicas, inclusive nas pautas ESG.
