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Plataforma pioneira avalia reciclabilidade de embalagens plásticas e impulsiona economia circular no Brasil

Ferramenta gratuita já realizou mais de 1.200 análises e se consolida como referência técnica e estratégica para empresas, designers e profissionais da indústria de embalagens

A Rede pela Circularidade do Plástico acaba de lançar oficialmente a RETORNA, uma plataforma online, gratuita e inédita no Brasil que avalia o Índice de Reciclabilidade de Embalagens Plásticas. A iniciativa tem como objetivo acelerar a transição para uma economia circular do plástico, oferecendo às empresas e profissionais da cadeia de embalagens uma ferramenta prática, técnica e alinhada às diretrizes do Plano Nacional de Economia Circular e da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Diagnóstico técnico e de mercado

Desde sua criação, a RETORNA já foi utilizada em mais de 1.200 análises, com a participação de mais de 300 usuários cadastrados, entre empresas, designers, engenheiros, técnicos ambientais e especialistas da indústria. A plataforma permite uma avaliação completa e personalizada de cada embalagem, considerando aspectos como:

  • Materiais utilizados na composição
  • Design e estrutura física
  • Pigmentação, adesivos e rótulos
  • Infraestrutura regional de coleta e reciclagem

O resultado é uma nota de reciclabilidade que varia de A (alta reciclabilidade) até E (baixa reciclabilidade), com 11 níveis intermediários que detalham os entraves específicos para cada tipo de embalagem.

Do design à infraestrutura: uma abordagem sistêmica

“A reciclabilidade técnica é o ponto de partida, mas só será eficaz se for acompanhada de viabilidade econômica e infraestrutura regional. Por isso, a RETORNA integra esses critérios à avaliação, para evidenciar gargalos e caminhos de ação concretos”, explica Juliana Seidel, líder do Eixo Design de Embalagens da Rede pela Circularidade do Plástico.

A plataforma gera duas notas complementares:

  • Nota Técnica: avalia se os materiais e tecnologias utilizados tornam a embalagem reciclável segundo guias de design para embalagens rígidas e flexíveis.
  • Nota de Mercado: verifica a existência de infraestrutura de coleta e comercialização da embalagem nas diferentes regiões brasileiras.

Ferramenta estratégica para decisões sustentáveis

A análise é feita por meio de um formulário estruturado e intuitivo. Ao final do processo, a empresa recebe um relatório completo com todas as respostas, justificativas e nota final — insumos valiosos para decisões de design, produção e logística.

“Com a RETORNA, oferecemos às empresas uma ferramenta acessível e prática para reavaliar suas decisões de design, materiais e processos produtivos. Por meio de algumas adaptações e conhecimento técnico, é possível alterar o design da embalagem para que seja mais fácil de reciclar”, afirma Seidel. “Entretanto, se não houver estrutura de coleta, triagem e reprocessamento, as embalagens continuam fora da economia circular.”

Regionalização e impacto nas políticas públicas

Um dos diferenciais da RETORNA é sua capacidade de apresentar as diferenças regionais do Brasil, mostrando como a reciclabilidade de uma mesma embalagem pode variar de acordo com a localidade. “A regionalização da análise permite uma leitura mais realista e estratégica do cenário brasileiro, identificando oportunidades de avanço em infraestrutura para coleta e reciclagem. Essa leitura ajuda a construir políticas públicas e soluções logísticas mais eficazes”, observa Seidel.

Transparência e mudança de mentalidade

A plataforma nasceu da necessidade de promover a transparência e o compartilhamento de conhecimento sobre o impacto do desenho de embalagens em sua reciclabilidade. “Entender e compartilhar o quanto é fácil — ou difícil — reciclar as embalagens que estão chegando ao mercado é fundamental para redesenhar produtos e investir em soluções mais sustentáveis. Foi um dos compromissos assumidos em 2018, quando nasceu a Rede pela Circularidade do Plástico”, destaca Seidel.

Disponível gratuitamente para empresas de todos os setores, a RETORNA pode ser acessada pelo site redeplastico.com.br/retorna-projeto.

“O design da embalagem é o ponto de partida da circularidade. Com a RETORNA, queremos provocar uma mudança de mentalidade e oferecer dados confiáveis para que o plástico deixe de ser visto como resíduo e avance ainda mais no caminho de ser tratado como recurso”, conclui Juliana Seidel.

A GZM conversou com Juliana Seidel, líder do Eixo Design de Embalagens da Rede pela Circularidade do Plástico, para saber mais detalhes da iniciativa. Confira:

GZM: Quais foram os principais desafios técnicos e operacionais na criação da plataforma RETORNA?

Juliana Seidel: O principal desafio foi traduzir a complexidade da reciclabilidade em uma ferramenta prática, que pudesse ser usada por Empresas, entidades, academia, que trabalham com a cadeia do plástico. A reciclabilidade do plástico não depende apenas do material em si, mas também de fatores incluídos na concepção das embalagens, como pigmentação, rótulos, adesivos e da infraestrutura regional para coleta e reciclagem. 

Outro esforço importante foi integrar esses aspectos técnicos e operacionais num formulário estruturado e intuitivo, mas com rigor metodológico baseado em guias de design, que entregasse diagnósticos confiáveis e comparáveis entre diferentes tipos de embalagens e seus diferentes níveis de reciclabilidade, estimulando a adoção de embalagens 100% recicláveis. 

Para ampliar o alcance e abrangência desse conceito, a RETORNA foi lançada para ser uma ferramenta on-line, gratuita e de fácil uso, envolvendo dedicação e cuidado no desenvolvimento tecnológico da plataforma

GZM: Como a RETORNA pode influenciar diretamente o comportamento das empresas na escolha de materiais e design de embalagens?

Juliana Seidel: A RETORNA ajuda as empresas a entenderem melhor como suas embalagens se comportam na reciclagem, oferecendo dados concretos que orientam decisões mais sustentáveis, desde a fase de concepção. Ao entregar uma nota de reciclabilidade de A a E, para uma nota técnica e outra de mercado, além de um relatório detalhado, a ferramenta só mostra essa classificação de acordo com as escolhas das embalagens das empresas, sugiro excluir essa parte. Muitas vezes, pequenas mudanças de design — como optar por uma cor mais clara ou simplificar um rótulo — já aumentam, significativamente, a reciclabilidade.

Com essas informações, as empresas conseguem repensar o design, os materiais e até os processos de produção, alinhando suas escolhas às realidades da cadeia de reciclagem local. Essa transparência transforma a RETORNA em uma poderosa ferramenta de gestão e inovação, capaz de orientar novos projetos e estimular a adoção de práticas de ecodesign em larga escala, Garantindo que um maior volume de embalagens plásticas pós-consumo, possam voltar para a economia, de forma sustentável.

GZM: A plataforma já gerou algum impacto concreto em políticas públicas ou projetos de infraestrutura regional?

Juliana Seidel: Desde sua criação, a RETORNA já realizou mais de 1.200 análises e conta com a participação de mais de 300 usuários cadastrados, entre empresas, designers, engenheiros, técnicos ambientais e profissionais da indústria de embalagens.

A RETORNA avalia, além do material da embalagem, a estrutura local para coleta, separação e reciclagem desses materiais, que podem ser reinseridos na economia. Isso é importante porque uma embalagem pode ser reciclável na teoria, mas na prática não ser reaproveitada por falta de coleta ou infraestrutura. Com essa visão, a plataforma ajuda governos e órgãos responsáveis a identificar onde estão os maiores desafios e a planejar investimentos mais eficazes para fortalecer a logística e a infraestrutura da reciclagem em cada região, contribuindo diretamente para a construção de políticas públicas alinhadas ao Plano Nacional de Economia Circular.

GZM: Quais setores da indústria têm demonstrado maior interesse ou engajamento com a ferramenta?

Juliana Seidel: O maior interesse e engajamento têm vindo de setores que dependem, fortemente, de embalagens plásticas para a comercialização de seus produtos, como os de alimentos, bebidas, cosméticos, limpeza e outros bens de consumo. Nesses segmentos, há uma crescente preocupação em adequar o design e os materiais utilizados às exigências de reciclabilidade e circularidade, tornando a RETORNA em uma aliada estratégica para aprimorar o desempenho ambiental e atender às novas demandas de sustentabilidade do mercado.

Ampliar a conscientização da sociedade e empresas sobre a importância de aumentar a reciclabilidade bem como o volume das embalagens plásticas recicladas e efetivamente reintroduzidas no ciclo produtivo, está entre as prioridades.

GZM: Como a RETORNA se conecta com o Plano Nacional de Economia Circular e outras iniciativas governamentais?

Juliana Seidel: A RETORNA está totalmente alinhada aos princípios do Plano Nacional de Economia Circular e da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A plataforma traduz esses conceitos em uma metodologia prática, capaz de identificar o quão circular é o design de uma embalagem, tecnicamente, e como ele se adequa à realidade de infraestrutura de cada região. 

Esse alinhamento fortalece a conexão entre a indústria e as políticas públicas, criando uma ponte entre metas nacionais e ações empresariais concretas. O objetivo é contribuir para que a economia circular avance de forma coordenada, mensurável e eficaz em todo o Brasil.

GZM: Há planos para expandir a plataforma para outros tipos de materiais além do plástico?

Juliana Seidel: A RETORNA está focada nas embalagens plásticas, em consonância com a missão da Rede pela Circularidade do Plástico. A base técnica da plataforma, que considera critérios de design, composição e reciclabilidade regional se baseia nos aspectos relacionados à reciclabilidade do plástico e não de outros materiais. 

Vale observar que a plataforma considera a presença de misturas de materiais na formulação dos plásticos, mas o índice de reciclabilidade é reduzido – ou até zerado – quando existem barreiras técnicas para a separação e reaproveitamento desses componentes. Um exemplo é a utilização de alumínio em pequenas quantidades em estruturas complexas, como embalagens metalizadas de salgadinhos, que, apesar de terem o plástico como material predominante, tornam o item não reciclável na prática.

A prioridade da Rede pela Circularidade do Plástico é consolidar a ferramenta no cenário nacional, ampliando o número de acessos e a participação de empresas e outras entidades de diferentes portes e setores.

GZM: Como a Rede pela Circularidade do Plástico pretende fomentar o uso da RETORNA entre pequenas e médias empresas?

Juliana Seidel: A RETORNA é uma ferramenta gratuita e online, o que já facilita muito o acesso das pequenas e médias empresas (PMEs). Muitas vezes, essas empresas querem adotar práticas mais sustentáveis, mas enfrentam limitações de recursos ou falta de orientação prática. A plataforma ajuda a superar esses desafios, oferecendo uma forma acessível de avaliar e aprimorar o design das embalagens. 

Além disso, o movimento crescente, em torno da economia circular, vem estimulando o interesse do setor e ampliando o uso da ferramenta. Com isso, a RETORNA tem se mostrado um importante apoio para difundir o conhecimento sobre design circular e fortalecer práticas mais sustentáveis em toda a cadeia produtiva.

Tabela do Índice de Reciclabilidade do Plástico, iniciativa criada pela Rede pela Circularidade do Plástico

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