Em meio a um ambiente de transformações tecnológicas aceleradas, pressões inflacionárias ainda desafiadoras e uma retomada gradual da confiança dos consumidores, 2026 tende a marcar um ponto de virada para os donos de negócios raiz — aqueles empreendedores que nasceram do chão da fábrica, da loja de rua, do balcão ou da garagem de casa.
Nos últimos anos, vimos o sucesso das startups atrair investidores e holofotes. Porém, a realidade mostrou que boa parte desses projetos não resistiu à falta de caixa, à ausência de rentabilidade e ao excesso de dependência de capital de risco. Em contrapartida, empresas familiares, franquias consolidadas e pequenos comércios atravessaram crises mantendo o foco no essencial: vender, gerar caixa e atender bem o cliente.
Esse perfil (o empreendedor de essência, de verdade) sabe fazer muito com pouco. Em vez de rodadas milionárias, busca eficiência; em vez de discursos sofisticados, aposta no relacionamento direto. São donos de padarias, academias, oficinas, clínicas, redes de franquias regionais e comércios de bairro que sustentam a economia real.
O momento favorece justamente esses empresários. A reforma tributária, embora complexa, promete simplificar a vida de quem está na ponta. O crédito volta a fluir de forma mais equilibrada, e consumidores tendem a valorizar marcas próximas, autênticas e com história, após anos de desconfiança em relação a grandes plataformas e modelos efêmeros.
Vale lembrar que negócios tradicionais não significam negócios ultrapassados. Muitos desses empreendedores têm investido em tecnologia, mas sempre com foco em resolver problemas práticos: sistemas de gestão financeira simples, delivery eficiente, presença digital bem direcionada. A diferença é que cada real investido precisa trazer retorno.
As franquias são um exemplo claro: o setor, que já movimenta mais de R$ 200 bilhões ao ano no Brasil, está sendo impulsionado por formatos menores, com operação enxuta e baixo custo de entrada. Quem conhece o chão da operação tem vantagem em adaptar-se rapidamente às novas demandas do consumidor.
De acordo com o Sebrae, micro e pequenas empresas representam mais de 90% dos CNPJs ativos e respondem por quase 30% do PIB brasileiro. Em 2026, a expectativa é que esse percentual cresça, impulsionado pela força desse tipo de negócio, que se mostra mais resiliente em tempos de incerteza e mais próximo do público em tempos de recuperação.
Mais do que modelos empresariais, 2026 será o ano em que o espírito do dono voltará a ser valorizado. Aquele que conhece seus clientes pelo nome, que negocia com fornecedores, que resolve problemas junto à equipe e que põe a pele em jogo. Esse engajamento direto, que parecia ultrapassado diante do hype digital, se mostra agora como vantagem competitiva. Por isso, apoio totalmente o networking com propósito.
Em um cenário no qual a confiança é moeda escassa, negócios autênticos oferecem exatamente o que os consumidores buscam: proximidade, compromisso e verdade. E 2026 promete um prato cheio de oportunidades para quem tem essa essência.