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Portugal como ponte estratégica para empresas brasileiras na Europa

Fábrica da brasileira Weg em Santo Tirso, investimento de 15 milhões de Euros da empresa em Portugal.
Evento em São Paulo discutirá oportunidades de negócios e vantagens fiscais, com a presença de especialistas que projetam um crescimento de 50% nos investimentos brasileiros no país até 2028

A internacionalização de empresas brasileiras para a Europa tem ganhado fôlego, e Portugal se consolida como a porta de entrada preferencial para este movimento. É nesse cenário que a cidade de São Paulo sediará, no dia 8 de agosto de 2025, o Atlantic Connection 2025, um evento que visa debater oportunidades estratégicas entre os dois países. 

Nos últimos cinco anos, o investimento brasileiro em Portugal cresceu em média 12% ao ano, e a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira (CCILB) projeta um aumento de 50% nos investimentos diretos de empresas brasileiras no país europeu nos próximos três anos.

O evento, organizado pela Atlantic Hub, reunirá mais de 500 empresários, investidores e executivos no World Trade Center (WTC) para uma imersão prática e estratégica. Os debates abordarão desde os mecanismos institucionais de incentivo à internacionalização até os desafios jurídicos e fiscais, áreas de grande interesse para os investidores. 

Dados da AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) mostram que, no início de 2024, os investimentos brasileiros em Portugal atingiram 5,3 bilhões de euros, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Além disso, Portugal é um dos principais destinos para os milionários que deixam o Brasil, com a previsão de receber cerca de 1,4 mil pessoas de alta renda em 2025.

A importância da visão multidisciplinar

A programação do Atlantic Connection 2025 reúne especialistas de diversas áreas, como direito, branding e tecnologia. Entre os palestrantes está o advogado Evandro Grili, sócio do escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia, uma banca brasileira com unidades em Lisboa e Porto, em Portugal, e no Brasil. 

O escritório conta com advogados especializados no tema da internacionalização empresarial e, para Grili, a abordagem técnica é fundamental: “Abrir uma empresa em qualquer lugar do mundo é algo que envolve alguma complexidade. O empresário tem que se preocupar com os mais diversos aspectos de seu negócio. E esses aspectos se conectam, se confrontam e, muitas vezes, uma pretensão de negócio tem gargalos tecnológicos, regulatórios, de posicionamento, de marca”. 

Grili complementa afirmando que “quem vai a Portugal para empreender, por exemplo, não pode se aventurar sem conhecer as regras legais, sem fazer planejamentos tributários, sem um esboço societário, sem estratégias para proteger e registrar sua marca na comunidade europeia a partir de Portugal. Negligenciar esses aspectos regulatórios podem inviabilizar o próprio negócio. É por isso que o evento traz essa multidisciplinaridade de assuntos. Da nossa parte pretendemos compartilhar com os participantes a nossa experiência jurídica de mais de uma década assessorando empresários brasileiros nessa jornada”, afirma.

Vantagens fiscais e geopolíticas em pauta

Um dos pontos mais estratégicos do diálogo entre os dois países é o papel geopolítico de Portugal como elo entre mercados globais. Fernando Senise, sócio coordenador das unidades do escritório em Lisboa e Porto, explica que a existência de tratados para evitar a dupla tributação entre Portugal e EUA – ao passo que Brasil e EUA não têm esse acordo diretamente – torna o país europeu uma ponte relevante para estratégias fiscais e comerciais.

Diante do cenário internacional, em que tarifas impostas pelos Estados Unidos à produção brasileira geram preocupações, o advogado destaca que estabelecer parte da produção industrial em Portugal pode ser uma solução para viabilizar o acesso ao mercado norte-americano com menor impacto fiscal, ampliando a competitividade das empresas brasileiras.

O sócio Gabriel Prata complementa que os debates abordarão o processo de abertura de empresas em Portugal, o regime tributário aplicado a pessoas jurídicas e físicas, e outras variáveis que influenciam a tomada de decisão para a internacionalização. Em Portugal, a taxa geral de IRC é de 21%, um dado relevante para o planejamento financeiro das empresas.

Brasil em Portugal

Várias empresas brasileiras estão bem estabelecidas em Portugal, atuando em setores diversos como indústria, cosméticos, tecnologia e logística. Veja a seguir algumas delas:

  • WEG S.A.: Gigante na fabricação de motores elétricos, transformadores e geradores. Possui fábricas em Maia e Santo Tirso.
  • Embraer: Líder mundial em aeronaves comerciais até 150 lugares. Tem duas fábricas em Évora e participação majoritária na OGMA, em Alverca.
  • CSN/Lusosider: Atua no setor siderúrgico, produzindo aços planos laminados a frio em Seixal.
  • O Boticário: Presente em Portugal desde 1986, com mais de 60 lojas físicas e e-commerce.
  • Chilli Beans: Marca de óculos e acessórios, com presença desde 2002.
  • Ambev: Uma das maiores empresas de bebidas do mundo, com investimentos contínuos em Portugal.
  • Loggi: Empresa brasileira de logística com filial em Lisboa, oferecendo vagas na área de tecnologia.

Essas empresas não apenas expandiram seus negócios, mas também contribuem significativamente para a economia portuguesa e oferecem oportunidades de emprego para brasileiros. 

A GZM conversou com Benício Filho, um dos organizadores do evento, para saber mais detalhes sobre os objetivos e sobre o contexto dos projetos de internacionalização em 2025. Confira:  

GZM: O Atlantic Connection se consolida como ponte entre Brasil e Portugal. Quais são os principais objetivos da edição de 2025 e o que a torna especialmente relevante no atual cenário internacional?

Benício: O Atlantic Connection 2025, chega à sua nona edição. Em especial, neste ano, ele não poderia deixar de refletir sobre o momento crítico nas relações comerciais que vivemos no mundo, mas que também oferecem grandes oportunidades. O mundo está em transição: cadeias produtivas se reorganizam, a tecnologia acelera a competitividade, e empresas precisam decidir se serão passageiras ou motoristas dessa transformação.

Nosso principal objetivo em 2025 é oferecer uma imersão real e pragmática para empresários brasileiros que desejam atuar globalmente, tendo Portugal como ponto de partida para acesso ao continente Europeu. Mas não estamos falando apenas de palestras, estamos falando de conexões, agendas com o ecossistema local, conteúdo técnico e inteligência de mercado.

O que torna esta edição particularmente relevante é o contexto atual: Portugal se afirma como hub estratégico não só para a Europa, mas também para o acesso à África. Além disso, o país vive uma nova onda de incentivo à inovação e à atração de empresas estrangeiras que nunca esteve tão intensa.

GZM:: Portugal tem sido apontado como porta de entrada para o mercado europeu e até norte-americano. Que tipo de empresa brasileira está mais preparada para aproveitar esse posicionamento estratégico?

Benício: As empresas que mais têm sucesso são as que unem três características: visão global, adaptabilidade e consistência operacional.Negócios com soluções tecnológicas, modelos escaláveis, impacto ambiental positivo ou diferencial competitivo em nichos de mercado têm enorme vantagem. Mas isso não significa que outros mercados não possam internacionalizar.

O que sempre dizemos é que antes de qualquer ação de internacionalização, um bom estudo de mercado estruturado nos ajudará a ter uma visão clara do tamanho da oportunidade. Cabe lembrar que somos especialistas nestes estudos e nesta análises de viabilidade.

Temos visto, muitas empresas médias e grandes do Brasil em segmentos tradicionais, tais como a indústria da saúde, logística ou indústrias ganhando mercado em Portugal. Quando estas empresas chegam preparadas, com modelo validado e capacidade de relacionamento com o ecossistema português o processo de acesso a mercado é tem pouco atrito.

Portugal não é um “atalho” fácil, mas é um caminho estratégico. As empresas que entendem isso e investem em planejamento, parceiros locais e conhecimento do ambiente regulatório são as que prosperam. E o Atlantic Connection é um catalisador para isso.

GZM: Quais são os principais desafios enfrentados por empresas brasileiras ao se internacionalizarem via Portugal, e como o evento pretende oferecer soluções práticas para superá-los?

Benício: O principal erro é acreditar que “falar a mesma língua” significa entender o mesmo mercado. O Brasil e Portugal compartilham o idioma, mas a cultura de negócios, o ritmo das decisões e a regulação são muito diferentes.

Outro desafio frequente é a subestimação da burocracia europeia e da complexidade fiscal e jurídica. Empresas vêm com entusiasmo, mas sem uma estratégia jurídica sólida, sem estrutura societária clara e, muitas vezes, sem um plano comercial validado.

No Atlantic Connection 2025, oferecemos mais do que diagnósticos. Queremos criar uma visão completa sobre como construir uma empresa em Portugal. Para isso, criamos uma agenda incrível para esta edição do Atlantic Connection.

Painéis com temas e jornadas concretas de empresas brasileiras em Portugal, palestras com autoridades, consultores locais e toda a nossa experiência em exposições de como é possível internacionalizar o Brasil para Portugal.

São mais de 300 clientes construindo uma via de negócios entre o Brasil e a Europa tendo Portugal como esta porta de acesso a um mercado de 500 milhões de pessoas.

GZM: Além do conteúdo técnico, o Atlantic Connection aposta fortemente no networking. Que tipo de conexões e oportunidades concretas os participantes podem esperar ao longo da imersão?

Benício: Essa é uma das joias do evento. Mais do que conteúdo, o Atlantic Connection oferece proximidade estratégica com pessoas que fazem o mercado acontecer. Empresários participantes têm a chance de se conectar com potenciais sócios, investidores, representantes de hubs de inovação, aceleradoras, escritórios jurídicos, agentes de internacionalização e até representantes governamentais.

Tudo isso em um evento presencial com mais de seis horas de duração e ao final um bom momento para tomar um bom vinho portugues. Já tivemos casos de empresas que fecharam contratos, iniciaram parcerias internacionais e até conseguiram investimento por conexões feitas dentro do evento. O networking aqui não é uma “parte extra” do programa, ele é parte estruturante da experiência. A ponte que construímos é feita de gente, visão e confiança.

Serviço

  • Evento: Atlantic Connection 2025 – Imersão Empresarial
  • Data: 8 de agosto de 2025 (sexta-feira)
  • Horário: a partir das 13h
  • Local: WTC – World Trade Center São Paulo (Av. das Nações Unidas, 12.551 – Brooklin Novo – SP)
  • Mais informações: atlantichub.com

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