No segundo trimestre de 2025, o mercado de investimentos em private equity no Brasil demonstrou resiliência, com um aumento de 3% no valor total aportado em relação ao primeiro trimestre do ano. Enquanto isso, os setores de venture capital (VC) e corporate venture capital (CVC) registraram uma queda no volume de capital investido. Os dados são do relatório trimestral da ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), em parceria com a TTR Data.
Private Equity: resiliência em um mercado desafiador
Os fundos de private equity (PE) realizaram 16 operações no segundo trimestre, totalizando R$ 6,8 bilhões em investimentos. O valor representa um crescimento de 3% se comparado aos R$ 6,6 bilhões investidos nos três primeiros meses de 2025. O desempenho é notavelmente superior ao do mesmo período no ano passado, quando 17 transações somaram apenas R$ 800 milhões.
Os maiores deals do trimestre incluíram o aporte de R$ 4,2 bilhões na Serena Energy, por Actis e GIC, e o investimento de R$ 1,06 bilhão na GSH Corp Participações, realizado pela CVC Capital Partners. O setor de Energia foi o que mais recebeu investimentos no primeiro semestre, com 54,5% da fatia, seguido por Consumo, Produto e Serviços (20,1%) e Serviços Financeiros (5,8%). Apesar da “janela de IPOs fechada”, como afirma Priscila Rodrigues, presidente da ABVCAP, os gestores realizaram 13 saídas no primeiro semestre, via trade sale e secondary buyout, totalizando R$ 1,5 bilhão.
Venture Capital e CVC: a seletividade em alta
O cenário foi diferente para os fundos de venture capital (VC). Entre abril e junho, as gestoras investiram R$ 1 bilhão em 20 transações, uma queda de 33% em relação ao trimestre anterior (R$ 1,5 bilhão em 24 transações) e de 60% na comparação com o segundo trimestre de 2024 (R$ 2,5 bilhões em 33 deals). Quase metade do valor investido no primeiro semestre (46,93%) foi para o setor de TI, com destaque para a captação de R$ 240 milhões pela Onfly e R$ 168 milhões pela Mombak Gestora de Recursos.
Os investimentos em corporate venture capital (CVC) também recuaram, fechando o segundo trimestre com R$ 10,5 milhões em três transações. O valor representa uma queda de 62% em relação ao trimestre anterior e de 85% na comparação com o mesmo período de 2024. Segundo Priscila Rodrigues, “há uma redução do volume de capital disponível”, e os investidores estão “mais seletivos”. O diretor da TTR Data, Wagner Rodrigues, complementa que o mercado “segue oscilando e sofrendo os impactos de acordo com o cenário político e econômico”.
O foco da indústria e as perspectivas futuras
Apesar dos desafios, os dados do primeiro semestre mostram para onde o capital está fluindo. Enquanto o PE focou majoritariamente no setor de Energia, o VC direcionou quase metade de seus investimentos para o setor de TI, e o CVC seguiu a mesma tendência. A indústria de investimento, como destacou a presidente da ABVCAP, é de longo prazo e está acostumada a ambientes voláteis, o que indica uma busca contínua por oportunidades estratégicas de crescimento, mesmo em um contexto de juros altos e incertezas macroeconômicas.