A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) lançou nesta quinta-feira (30), em Brasília, o projeto “Energias da Floresta”, em parceria com o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). O evento também marcou a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica entre as instituições, formalizando o início de um esforço conjunto para ampliar o acesso à energia elétrica em comunidades tradicionais da Amazônia Legal.
O projeto nasce como resposta a um desafio persistente: cerca de 1,2 milhão de pessoas ainda vivem sem acesso à energia elétrica em estados como Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e o oeste do Maranhão. São populações indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhas que enfrentam barreiras logísticas, ambientais e sociais para serem atendidas pelo sistema convencional.
A proposta da ANEEL é criar um sandbox regulatório — um ambiente de experimentação que permita testar soluções inovadoras em parceria com órgãos públicos, ONGs e empresas privadas. O objetivo é identificar gargalos regulatórios, propor alternativas, modernizar a legislação e fomentar políticas públicas voltadas à redução da pobreza energética.
Distribuição de energia na Amazônia: cenário atual
Segundo o relatório “Caminhos para a Transição Energética na Amazônia”, publicado pela FGV CERI, a região enfrenta um dos maiores déficits de infraestrutura elétrica do país. A maioria das comunidades isoladas depende de geradores a diesel, com alto custo e impacto ambiental. A distribuição é fragmentada e marcada por baixa densidade populacional, o que dificulta a viabilidade econômica dos modelos tradicionais.
A reforma do setor elétrico em curso no Congresso Nacional também prevê ajustes na atuação da Sudam e incentivos ao armazenamento de energia, o que pode beneficiar diretamente projetos como o Energias da Floresta.
O que foi apresentado no lançamento
Durante o evento, foram detalhadas as etapas do projeto, que incluem:
- Mapeamento das comunidades sem acesso à energia
- Identificação de barreiras regulatórias e operacionais
- Desenvolvimento de modelos de negócio sustentáveis
- Criação de parcerias público-privadas para implementação
- Monitoramento dos impactos sociais e ambientais
O projeto também prevê o uso de fontes renováveis e soluções descentralizadas, como sistemas fotovoltaicos e microgrids, adaptados às realidades locais.
Parcerias para um futuro mais justo
A ANEEL informa que a assinatura do acordo com o IEMA “reforça o compromisso da agência com a transição energética inclusiva”. A expectativa é que o projeto sirva como modelo para outras regiões do país e contribua para a construção de uma matriz elétrica mais limpa, resiliente e acessível.