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Se a identidade digital é a nova moeda – como protegê-la?

Por Jason Abbott, Diretor de Soluções de Fraude da Provenir

Nos últimos anos, a verificação de identidade digital baseada na captura de documentos e selfies conquistou espaço como símbolo de modernidade, conveniência e segurança. De bancos digitais a e-commerce, essa tecnologia promete agilizar o onboarding, reduzir atritos e oferecer uma experiência fluida aos clientes.

Mas há um ponto crucial que não podemos ignorar, ID&V, embora essencial, não é a solução definitiva contra as fraudes sofisticadas que enfrentamos hoje. A crença de que um documento digitalizado com perfeição e uma prova de vida convincente sejam suficientes para atestar a identidade de uma pessoa é uma simplificação perigosa.

Aumento sensível de fraudes – de deepfakes a identidades sintéticas

Estamos vendo que a identidade é a nova moeda, mas os sistemas de hoje estão quebrados. Somente em 2024, as perdas com fraudes dispararam para US$ 12,5 bilhões, um aumento de 25% em relação ao ano anterior, segundo a Federal Trade Commission (FTC) dos Estados Unidos. De deepfakes a identidades sintéticas, os fraudadores estão explorando brechas em documentos bancários, criptomoedas e até mesmo documentos de identidade emitidos por governos.

Em 2024, o Brasil enfrentou perdas significativas com fraudes online. O setor de e-commerce registrou prejuízos de aproximadamente R$ 7,5 bilhões, enquanto as fraudes envolvendo o sistema Pix aumentaram em 70%, totalizando R$ 4,9 bilhões. Além disso, o número de crimes digitais cresceu 45% em relação ao ano anterior, com cerca de5 milhões de ocorrências. Esses dados são provenientes de estudos realizados pela Serasa Experian, Security Leaders e pela ADDP – Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor.

Ainda de acordo com a Serasa Experian, em 2025, mais da metade dos brasileiros dizem ter sido vítima de algum tipo de fraude e 20% perderam até R$ 5 mil.

Nesse sentido, a verificação única no onboarding não garante proteção contínua, já que contas legítimas podem ser sequestradas ou usadas por terceiros. A ausência de inteligência contextual nos processos de ID&V agrava o problema, pois documentos e selfies são analisados isoladamente, sem considerar comportamentos, históricos de fraude ou conexões em rede.

O resultado é que muitos fraudadores “passam pela rede”, deixando prejuízos financeiros, danos à reputação e perda de confiança.

A importância de múltiplas camadas

A resposta não está em descartar a verificação digital, mas em complementá-la com uma estratégia de múltiplas camadas:

  • Orquestração de dados: integra informações de diferentes fontes como crédito, dispositivos, comportamento e históricos internos.
  • Modelos de machine learning avançados: capazes de identificar padrões sutis de fraude, incluindo esquemas de identidades sintéticas e quadrilhas organizadas.
  • Decisão em tempo real: capaz de equilibrar experiência do cliente e mitigação de riscos em milissegundos.
  • Análise contínua de clientes: acompanha o comportamento ao longo do tempo – e não apenas no momento do cadastro.

O futuro é abrangente, não complacente

A verificação de identidade digital continua sendo uma peça importante do quebra-cabeça. Porém, diante da sofisticação dos fraudadores, tratá-la como solução única é insuficiente, pois é como verificar o passaporte de um passageiro no embarque, mas nunca escanear sua bagagem, você validou a identidade em um momento, mas não percebeu o risco contínuo.

A verdadeira defesa está em estratégias adaptáveis, inteligentes e integradas, que unem tecnologia, dados e contexto a fim de antecipar ameaças e capturar atividades suspeitas antes que causem impacto.

Só assim as empresas poderão proteger seus ativos, reduzir perdas e, principalmente, fortalecer a confiança na economia digital.

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