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Seguro de vida: A ferramenta essencial no planejamento sucessório pós-reforma tributária

Por Pablo Alencar, economista e Diretor de Seguridade e empresas da Valor Investimentos

A reforma tributária brasileira trouxe um olhar mais rigoroso sobre os custos da transmissão de patrimônio. Com mudanças no ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação) — incluindo progressividade e novas bases de cálculo —, o valor efetivo que sai do bolso dos herdeiros tende a crescer de forma significativa, mesmo que a alíquota máxima permaneça em 8%.

Isso acontece porque mais tipos de bens e valores passarão a ser tributados, os patrimônios serão avaliados a preço de mercado e, com a progressividade, quem herdar mais pagará proporcionalmente mais imposto.

Analogamente, imagine uma família como um time de futebol no meio da temporada. De repente, o seu jogador mais importante sofre uma lesão grave e não pode mais atuar. Para não perder força e continuar na disputa, o clube precisa contratar rapidamente um reforço de peso.

Mas, sem dinheiro em caixa, recorre à venda de promessas da base — jogadores desenvolvidos por anos — e que poderiam render muito mais no futuro. O seguro, nesse cenário, é como uma reserva financeira pré-aprovada: No momento de uma faz inesperado, mas provável, permite trazer o reforço certo sem sacrificar os talentos em formação.

Essa analogia captura bem a realidade de muitas famílias: há ativos de peso — imóveis, empresas, investimentos — mas falta liquidez para lidar com taxas, burocracia, custos judiciais e tributários no inventário. E quando o prazo é curto, os ativos vendidos com maior liquidez são justamente os mais valiosos para o futuro do patrimônio.

Na prática, já vi situações reais:

  • Uma família com imóveis bem avaliados, mas sem liquidez, vendeu um apartamento a preço de ocasião (cerca de 30% abaixo do mercado) para pagar o inventário.
  • Outra com seguro de vida estruturado pagou ITCMD e custas sem desfazer nenhum ativo, preservando 100% do legado planejado. A diferença? Educação patrimonial e planejamento prévio — dois elementos cruciais no pós-reforma. 

O gráfico acima revela que, apesar de o Brasil estar entre os países com alíquotas mais moderadas, essa vantagem não elimina a urgência do tema. Ao comparar com sistemas mais pesados, percebemos que nossa margem de planejamento ainda é significativa — mas isso pode mudar com reformas futuras que expandam a progressividade ou permitam alíquotas maiores.

Portanto, no contexto atual, liquidar impostos sem comprometer o patrimônio em um momento de fragilidade deixou de ser apenas uma boa prática — tornou-se prioridade. Garantir uma reserva de caixa imediata, um verdadeiro “reforço financeiro”, é tão importante quanto cuidar da rentabilidade dos ativos no longo prazo.

A proteção e a continuidade patrimonial já não são aspirações distantes: são estratégias concretas, com parâmetros claros e custo conhecido, capazes de assegurar que o legado seja preservado e transmitido sem atropelos.

No planejamento sucessório, não se trata de escolher entre holdings, testamentos, doações planejadas ou seguro de vida. São soluções complementares que, quando estruturadas de forma integrada, potencializam a eficácia do plano.

Enquanto holdings e testamentos organizam juridicamente e reduzem conflitos, o seguro de vida garante a liquidez imediata que permite executar essas estratégias sem comprometer ativos valiosos. É o “patrocinador reserva” que entra em campo quando a temporada exige, mantendo o time competitivo até o fim do campeonato.

No pós‑reforma tributária, a questão já não é mais se o seguro será necessário, mas quando e em que proporção ele deve estar inserido na estrutura. E, como sempre, o momento ideal para definir essa escalação é muito antes de a urgência bater à porta.

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