A Spirit Airlines, conhecida por operar no segmento de baixo custo nos Estados Unidos, entrou com novo pedido de recuperação judicial, o segundo em menos de um ano. A medida, registrada na sexta-feira em Nova York, ocorre após a companhia ter saído do Capítulo 11 em março, sem conseguir estabilizar suas operações diante de uma concorrência cada vez mais agressiva e uma demanda que migra para serviços de maior valor agregado.
O diretor executivo da Spirit, Dave Davis, que assumiu o cargo em abril, afirmou que o primeiro processo teve como foco a redução da dívida e a captação de capital, mas que “há muito mais trabalho a ser feito” para reposicionar a empresa. Segundo Davis, a nova fase será marcada por uma abordagem mais estratégica, com revisão profunda do modelo de negócios.
Estratégia de sobrevivência
A Spirit planeja usar o processo de falência para implementar mudanças estruturais, incluindo:
- Corte de custos operacionais
- Redução de voos em mercados menos rentáveis
- Enxugamento da frota de aeronaves
- Foco na demanda por viagens premium, segmento que tem crescido nos EUA
A companhia não registra lucro anual desde 2019 e acumula prejuízos superiores a US$ 2 bilhões nos últimos cinco anos. Tentativas de fusão com outras empresas — como a Frontier Airlines em 2022 — foram frustradas, e a proposta mais recente, feita pela JetBlue Airways, acabou bloqueada por decisão judicial.
Concorrência e desafios operacionais
Além da pressão competitiva das grandes companhias — American Airlines, Delta e United — que têm capitalizado sobre a demanda por voos internacionais e serviços premium, a Spirit também enfrentou problemas técnicos, como inspeções imprevistas em motores de aeronaves Airbus, que afetaram sua capacidade operacional.
A empresa garantiu que os voos seguirão normalmente, e que passagens, créditos e pontos de fidelidade continuarão válidos. Em carta aberta aos clientes, classificou o novo pedido como um “passo proativo para construir uma base mais sólida”.
Contexto do setor
Falências e reestruturações são comuns na aviação comercial americana. As três maiores companhias do país passaram por processos semelhantes nas últimas duas décadas, mas conseguiram se recuperar e adaptar seus modelos ao novo perfil de consumo, oferecendo tarifas básicas e serviços personalizados que atraíram parte do público das empresas de baixo custo.A Spirit, por sua vez, não conseguiu acompanhar essa transição, e agora busca uma nova chance para se reinventar — em um mercado onde eficiência, experiência e diferenciação são cada vez mais determinantes.