Em 2025, o Sistema Único de Saúde (SUS) completa 35 anos de existência, consolidando-se como uma das maiores conquistas sociais do Brasil e um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Criado pela Constituição Federal de 1988, será que temos o que comemorar ? Segundo o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor do Departamento de Política e Gestão em Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, “sim, temos muito o que agradecer, já que antes tínhamos um país onde as pessoas não tinham acesso ao serviço de saúde pública”.
Ao longo dessas três décadas e meia, o SUS foi essencial na ampliação da vacinação, na redução da mortalidade infantil e no combate a epidemias, como dengue, H1N1, zika e, mais recentemente, a covid-19. Durante a pandemia, o sistema público demonstrou sua importância ao sustentar a maior campanha de vacinação da história do País e garantir atendimento em todo o território nacional.
Atualmente, o SUS realiza mais de 4 bilhões de procedimentos por ano, entre consultas, exames e cirurgias, e é responsável por mais de 80% dos transplantes de órgãos realizados no País.
Outros programas
Além disso, programas como o Samu 192, a Farmácia Popular e a Estratégia Saúde da Família são exemplos de políticas bem-sucedidas que aproximam o atendimento das comunidades. No entanto, o sistema ainda enfrenta desafios estruturais, como o subfinanciamento crônico, a falta de profissionais em áreas remotas e a demora no acesso a exames e cirurgias eletivas.
Especialistas alertam que o fortalecimento do SUS depende de investimentos contínuos, inovação tecnológica e gestão eficiente para atender a uma população cada vez mais envelhecida e com novas demandas de saúde. Segundo o docente, a reforma de 1998 deixou a desejar na questão do “destravamento do serviço público” no que diz respeito ao acesso à tecnologia.
Entre os desafios, estão a produção industrial de medicação, informatização e recursos humanos. A gestão ainda deixa a desejar, já que a “expectativa de vida de uma pessoa na cidade de São Paulo muda de acordo com o bairro onde mora, ou seja, é importante que existam políticas para combater a desigualdade social, e o SUS é um instrumento para isso, finaliza Vecina.
