Nesta sexta-feira (5), a B3, sede da bolsa de valores de São Paulo, será palco de um marco para a infraestrutura nacional: o leilão do túnel submerso que ligará Santos e Guarujá, no litoral paulista.
Dois grupos estrangeiros — a espanhola Acciona e a portuguesa Mota-Engil — apresentaram propostas para disputar a concessão da obra, que será construída, operada e mantida pela empresa vencedora ao longo de 30 anos.
Com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões, o projeto contará com aporte público de até R$ 5,14 bilhões, dividido igualmente entre os governos estadual e federal. O restante será financiado pela iniciativa privada.
Histórico de uma travessia esperada há décadas
A ligação entre Santos e Guarujá é uma demanda histórica da Baixada Santista. Por décadas, a travessia entre as duas cidades foi feita por balsas, barcas e pequenas embarcações — como as tradicionais catraias — ou por um trajeto rodoviário de 43 km pela Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055), que pode levar até uma hora.
Estudos de viabilidade e impacto ambiental começaram a ser discutidos ainda nos anos 1990, mas foi somente em 2024 que o projeto ganhou tração com a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). A licença ambiental prévia foi emitida pela Cetesb em agosto de 2025, abrindo caminho para o leilão.
Primeira travessia submersa do Brasil
Com 1,5 km de extensão — sendo 870 metros submersos — o túnel será o primeiro do tipo no Brasil. Os módulos de concreto serão pré-moldados e instalados no leito do canal portuário, permitindo uma travessia em cerca de dois minutos.
O projeto inclui três faixas de rolamento em cada sentido, uma delas adaptada para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de ciclovia, espaço para pedestres e galeria de serviços. A proposta é desafogar o sistema atual de travessias, aliviar o tráfego na SP-055 e ampliar a capacidade logística do Porto de Santos, que enfrenta congestionamentos frequentes.
Quem será impactado
Segundo o governo paulista, mais de 28 mil pessoas cruzam diariamente entre Santos e Guarujá por meio de embarcações. A obra deve beneficiar diretamente os 720 mil moradores das duas cidades, além de trabalhadores do porto, turistas, estudantes e profissionais que dependem da travessia para atividades cotidianas.
O impacto também será sentido na economia local, com expectativa de geração de milhares de empregos diretos e indiretos durante a construção e operação do túnel. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, classificou a obra como “emblemática” dentro do Novo PAC, destacando seu potencial para encurtar distâncias, fortalecer o turismo e dinamizar a economia regional.
Atualização com o resultado: Grupo Mota-Engil vence leilão
A vencedora da licitação foi a empresa Mota-Engil Latam Portugal, com proposta de desconto de 0,5% sobre a contraprestação pública máxima anual, fixada em R$ 438,3 milhões. A empresa espanhola Acciona foi a segunda proponente, com oferta de desconto de 0%.