O YouTube, plataforma de vídeos pertencente à Alphabet, anunciou nesta segunda-feira (29) um acordo de US$ 24,5 milhões para encerrar o processo movido pelo presidente Donald Trump e outros autores, após a suspensão de suas contas em janeiro de 2021. A medida foi tomada na época em resposta à invasão do Capitólio, quando o YouTube alegou que os conteúdos publicados poderiam incitar mais violência.
Segundo documentos judiciais apresentados à Corte Federal do Distrito Norte da Califórnia, a maior parte do valor — US$ 22 milhões — será destinada ao próprio Trump, que indicou que os recursos serão direcionados ao Trust for the National Mall e à construção de um salão de eventos na Casa Branca. Os US$ 2,5 milhões restantes serão divididos entre outros autores do processo, como a escritora Naomi Wolf e a American Conservative Union.
Disputa judicial e contexto político
Trump processou o YouTube em outubro de 2021, acusando a plataforma e outras redes sociais de censura indevida após a remoção de suas contas. A ação ficou paralisada por anos, até que, com a reeleição do presidente, os acordos começaram a avançar.
“Se ele não tivesse sido reeleito, estaríamos em tribunal por muito mais tempo”, afirmou John Coale, advogado de Trump. “Agora, as coisas estão mais favoráveis.”
O YouTube, que restaurou a conta do presidente em 2023, não comentou o acordo. A Alphabet, sua controladora, registrou US$ 9,7 bilhões em receita com anúncios no YouTube apenas no segundo trimestre de 2025, tornando o valor do acordo relativamente pequeno em termos financeiros.
Outros acordos com empresas de mídia e tecnologia
O caso do YouTube é apenas um entre vários acordos judiciais recentes envolvendo Trump e grandes corporações. Em janeiro, a Meta (dona do Facebook e Instagram) pagou US$ 25 milhões para encerrar uma ação semelhante. Em fevereiro, a X (antiga Twitter) concordou em pagar cerca de US$ 10 milhões. Já a Paramount desembolsou US$ 16 milhões em julho para resolver uma disputa sobre a edição de uma entrevista no programa “60 Minutes”, e a ABC News pagou US$ 15 milhões em dezembro por um processo de difamação.
Esses acordos ocorrem em meio a uma série de ações movidas por Trump contra veículos de imprensa, universidades e críticos públicos. Neste mês, ele processou o The New York Times por US$ 15 bilhões, mas o caso foi arquivado — com possibilidade de reabertura.
Mudanças nas políticas de moderação
Na semana passada, o YouTube anunciou que irá reavaliar suas políticas de moderação de conteúdo, incluindo a reintegração de criadores banidos por desinformação sobre Covid-19 e as eleições de 2020. A decisão ocorre após investigações conduzidas por parlamentares republicanos sobre possíveis interferências do governo anterior nas decisões das plataformas.
Segundo Coale, essas mudanças foram discutidas durante as negociações do acordo, mas não foram exigências formais. “Está melhor do que era antes. Não há mais pressão governamental sobre eles, e acredito que isso vai continuar, independentemente de quem vencer a próxima eleição”, afirmou.
O acordo entre YouTube e Trump encerra uma das disputas mais simbólicas sobre liberdade de expressão e moderação de conteúdo nas redes sociais. Em um cenário de polarização política e crescente influência das plataformas digitais, os desfechos judiciais indicam uma nova fase nas relações entre tecnologia, governo e opinião pública.