Nos últimos anos, o aumento dos custos médicos no Brasil tem superado com folga a inflação. Segundo a ANS, as despesas assistenciais dos planos cresceram 9,35% em 2024, enquanto o teto de reajuste autorizado para planos individuais em 2025 foi de 6,06%. Já o preço dos planos privados acumulou alta de 327% em 18 anos — quase o dobro da inflação geral. Essa escalada estrutural pressiona os orçamentos familiares e desafia a sustentabilidade do sistema.
Na prática, o plano de saúde — muitas vezes o segundo maior custo das famílias, atrás apenas da moradia — cresce mais rápido que a renda, reduzindo a capacidade de poupar e investir. Um casal de classe média, por exemplo, contrata um plano com coparticipação moderada e, em cinco anos, vê o valor subir 45%, corroendo a margem de segurança do orçamento. Quando a renda aperta, a família adia objetivos e, em casos extremos, rebaixa o plano. Esse efeito é ainda mais crítico entre idosos e aposentados, que enfrentam reajustes progressivos e maior uso do sistema — justamente quando a renda tende a cair. Sem planejamento, a conta da saúde se torna insustentável.
Boa parte desses aumentos decorre da alta sinistralidade — quando o número e o custo dos atendimentos superam o previsto. Com sinistralidade elevada, as operadoras têm dificuldade de equilibrar receitas e despesas e acabam repassando custos aos beneficiários. Além disso, a reforma tributária, com os novos impostos IBS e CBS, pode influenciar o custo dos planos. Embora o setor de saúde tenha direito a alíquota reduzida, empresas que oferecem planos corporativos podem perder incentivos fiscais, elevando a participação dos funcionários.
Um dos caminhos mais eficazes para conter custos e promover justiça social é o fortalecimento da atenção primária e da medicina de família. Modelos baseados em prevenção e acompanhamento contínuo reduzem internações e custos, favorecendo também a equidade e aproximando o cuidado das comunidades.
Nesse cenário, é essencial contar com o apoio de um planejador financeiro certificado. Mais do que recomendar produtos, esse profissional traduz dados de mercado, normas tributárias e cenários familiares em decisões práticas, ajudando famílias a projetar impactos, criar reservas e conviver melhor com os reajustes. O ponto de partida é um diagnóstico financeiro completo — avaliar receitas, despesas, dívidas e objetivos permite definir até quanto o plano pode “pesar” sem comprometer metas maiores. A partir daí, vale criar uma reserva específica para saúde, além da reserva emergencial tradicional, destinada a absorver reajustes ou gastos extraordinários. Também é importante escolher conscientemente o tipo de plano, comparando opções de coparticipação, franquias e redes de atendimento, projetando custos futuros para cada faixa etária. Revisões e auditorias anuais ajudam a identificar cobranças indevidas e alternativas mais adequadas ao perfil familiar. Por fim, investir em prevenção e atenção primária — com check-ups e controle de doenças crônicas — reduz internações e sinistralidade, enquanto a governança contratual e a transparência fortalecem o poder do consumidor ao exigir relatórios e eficiência das operadoras.
O aumento dos custos tem levado famílias — especialmente as de renda média e os idosos — a reduzir coberturas ou abandonar planos, fragilizando saúde e patrimônio. O efeito é cumulativo: menos poupança hoje significa menor proteção amanhã. O plano de saúde não é apenas uma despesa — é parte estratégica do patrimônio familiar. Com o apoio de um planejador financeiro CFP®, é possível minimizar riscos, antecipar impactos e preservar objetivos maiores. Mais do que equilibrar a conta, trata-se de enxergar o plano de saúde como um investimento essencial para a vida — e para o legado que se deseja construir.
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