Os resultados das duas maiores instituições financeiras do Brasil mostram lucros sólidos, crescimento nas carteiras de crédito e um investimento estratégico em tecnologia para impulsionar a eficiência e a competitividade.
A divulgação dos balanços do segundo trimestre de 2025 pelo Itaú e pelo Bradesco revelou a força do setor financeiro brasileiro em um cenário de incertezas macroeconômicas. Ambas as instituições apresentaram resultados robustos, impulsionados por estratégias que combinam a gestão de crédito, a diversificação de receitas e, principalmente, a digitalização dos negócios.
Itaú: lucratividade sólida e foco no cliente
O Itaú Unibanco encerrou o segundo trimestre com um lucro líquido recorrente gerencial de R$ 11,5 bilhões. O resultado representa um crescimento de 3,4% em relação ao trimestre anterior e de 14,3% na comparação anual. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) consolidado atingiu 23,3%, com um ROE no Brasil de 24,4%, demonstrando uma melhoria consistente.
A carteira de crédito total do banco cresceu 7,3% em doze meses, alcançando R$ 1,389 trilhão. A expansão foi puxada principalmente por segmentos estratégicos, como o de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que teve alta de 13,1%, e o de crédito imobiliário, que subiu 17,2%. A inadimplência (NPL) superior a 90 dias se manteve estável em 1,9% no consolidado. Em um sinal de confiança nas perspectivas, o banco revisou para cima o guidance da margem financeira com clientes, que agora projeta um crescimento de 11,0% a 14,0% em 2025.
Bradesco: crescimento e a estratégia ‘AI First’
O Bradesco também apresentou resultados sólidos, com um lucro líquido contábil de R$ 11,8 bilhões no primeiro semestre de 2025, um aumento de 40,9% na comparação anual. A carteira de crédito expandida cresceu 11,7% na comparação anual, chegando a R$ 1.018,4 bilhões, com destaque para o crescimento de 15,9% na carteira de pessoas físicas.
A instituição reforçou sua aposta em tecnologia, com uma estratégia “AI First” que consolida a inteligência artificial como um pilar de transformação digital. O banco criou a plataforma proprietária “Bridge”, que utiliza modelos de IA generativa para acelerar o desenvolvimento de soluções.
O uso de IA já resultou em uma redução de 95% no tempo de modelagem de crédito para o projeto “Renda BRA 5.0” e em uma melhora de 20% na performance de cobrança. A dedicação à inovação rendeu ao Bradesco o prêmio de Banco Mais Inovador da América Latina pela Global Finance. Além disso, o banco segue comprometido com a sustentabilidade, atingindo 95,5% de sua meta de R$ 350 bilhões para financiar negócios sustentáveis até o final do ano.
Análise GZM: a digitalização como pilar de crescimento
Os balanços de Itaú e Bradesco revelam uma tendência comum no setor financeiro: a digitalização e a inovação não são mais diferenciais, mas sim pilares essenciais para o crescimento. Ambas as instituições se beneficiaram de um cenário macroeconômico com PIB aquecido e mercado de trabalho em alta no primeiro semestre, como apontou o relatório do Bradesco, mas seu desempenho sólido é um reflexo de uma gestão interna focada em eficiência e em um novo modelo de negócio.
A estabilidade da inadimplência do Itaú e o crescimento em segmentos como MPMEs demonstram uma gestão de risco eficaz. Já a estratégia de IA do Bradesco exemplifica como a tecnologia se tornou o principal motor para a otimização de custos e processos, o que o torna mais competitivo.
As duas empresas estão investindo em novas tecnologias para oferecer experiências mais personalizadas aos clientes, o que as prepara para enfrentar as incertezas esperadas para a segunda metade do ano. A agenda ESG do Bradesco e a visão do Itaú de crescimento com responsabilidade social complementam essa estratégia, mostrando que o propósito e a inovação caminham juntos para criar valor a longo prazo.
