A John Deere, gigante da indústria de máquinas agrícolas nos Estados Unidos, vive um momento de retração. Após anos de crescimento, a empresa enfrenta uma combinação de fatores que pressionam suas operações: tarifas sobre metais, queda nos preços das safras e incertezas comerciais globais. O impacto já é visível — o lucro líquido caiu 29% no último trimestre, e a expectativa é de queda de até 20% nas vendas de máquinas agrícolas de grande porte em 2025.
A alta nos preços de tratores novos, que subiram mais de 60% em oito anos, tem levado agricultores a buscar alternativas no mercado de usados. Com o milho e a soja valendo até 50% menos do que em 2022, muitos produtores estão adiando investimentos e enfrentando prejuízos por hectare plantado.
Além disso, as tarifas impostas pelos EUA sobre produtos chineses provocaram retaliações que afetaram diretamente as exportações agrícolas. A venda de soja americana para a China caiu 51% este ano, com perdas estimadas em US$ 3,4 bilhões para os produtores.
A John Deere, que emprega cerca de 30 mil pessoas em 60 unidades nos EUA, já demitiu mais de 2.000 funcionários desde o início da crise. A empresa tenta reagir com incentivos financeiros e aposta em mudanças tributárias que podem estimular a compra de equipamentos em 2026. Ainda assim, o cenário permanece incerto, com os agricultores hesitantes diante de riscos climáticos e decisões políticas imprevisíveis.
Enquanto isso, concorrentes que fabricam fora dos EUA também devem sentir os efeitos das tarifas, o que pode favorecer a John Deere em mercados internacionais. Mas, no curto prazo, o setor agrícola americano segue pressionado por um ambiente de negócios volátil e pela cautela dos produtores.