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São Paulo,11/05/2025

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Livro aborda governança e sustentabilidade empresarial, temas ainda desafiadores, apesar de fundamentais

"Governança e Sustentabilidade para Pequenas e Médias Empresas" é obra do economista e professor da PUC-SP, Milton dos Santos


Livro aborda governança e sustentabilidade empresarial, temas ainda desafiadores, apesar de fundamentais Foto: Piti Reali

Nos últimos anos, a governança corporativa e a sustentabilidade tornaram-se temas centrais para empresas de todos os portes. No entanto, para pequenas e médias empresas (PMEs), esses desafios são ainda mais significativos, pois exigem estratégias que equilibram crescimento, competitividade e responsabilidade socioambiental. 

Por tudo isso, o livro "Governança e Sustentabilidade para Pequenas e Médias Empresas", do economista e professor da PUC-SP, Milton dos Santos, chega em um momento crucial. A obra explora as melhores práticas e diretrizes que podem ajudar gestores e empreendedores a enfrentar esses desafios, promovendo uma gestão mais eficiente e alinhada com os princípios da sustentabilidade.

Com um olhar técnico e estratégico, o autor apresenta soluções práticas para transformar a governança das PMEs em um motor de inovação e crescimento sustentável.

Nesta entrevista, vamos discutir com o autor a importância desse tema para o futuro das empresas, os desafios enfrentados no cenário atual e as principais recomendações para organizações que buscam se adaptar às novas exigências do mercado sem comprometer sua viabilidade econômica.

Afinal, governança e sustentabilidade não são apenas diferenciais, mas necessidades urgentes para qualquer empresa que deseja prosperar em um ambiente empresarial cada vez mais dinâmico e exigente.


GMD: O senhor já atua há mais de três décadas na implementação de mecanismos de sustentabilidade. O que levou à decisão de transformar essa experiência em um livro voltado para PMEs?

Milton: Basicamente, foram três motivos: organizar o conhecimento e a experiência. Embora neste período eu tenha me dedicado ao desenvolvimento teórico-conceitual e prático, bem como à sua aplicação na realidade das pequenas e médias empresas, de fato eu nunca tinha feito uma sistematização como agora com o livro; compartilhar o conhecimento e a experiência: conhecimento e informação são dois recursos que têm a capacidade de se multiplicar quando compartilhados.

Diferente de coisas, que quando você compartilha a soma continua a mesma, conhecimento e informação quando são compartilhados são multiplicados; contribuir para um maior número de empresas, empresários e profissionais: meu raio de influência pessoal é pequeno.

O livro vai ajudar a alcançar – e contribuir – com um número muito maior de pessoas e organizações.

GMD: Quais são os principais desafios das PMEs na adoção de práticas ESG?

Milton: Eu acredito que os maiores desafios sejam a conscientização dos empresários e profissionais que atuam nestes portes de empresas e a desmistificação dos conceitos e práticas.

Pelo fato de o alcance das PMEs ser pequeno se comparado às grandes empresas, muitas necessidades e tendências não se pronunciam e não batem à porta de maneira mais contundente. Isso coloca o ESG como algo distante e menos importante. 

Por outro lado, pelo fato de o ESG ter se desenvolvido mais fortemente nas grandes empresas, ainda persiste uma visão que “isso é coisa de empresa grande”, quando, na verdade, os fundamentos do ESG são importante para qualquer organização, de qualquer porte, que queira sobreviver e se desenvolver nos próximos anos.

GMD: A obra menciona que muitas pequenas e médias empresas ainda enfrentam dificuldades para implementar governança e sustentabilidade. Qual é o obstáculo mais comum e como superá-lo?

Milton: No aspecto da governança é a customização dos conceitos e práticas para a realidade destes portes de empresas. Tem-se muito, ainda, a tentativa de reproduzir nas PMEs conceitos e práticas de ESG como existem nas grandes empresas.

Ser PME não é só uma questão de tamanho mas, fundamentalmente, de cultura e disponibilidade de recursos.

Não é só diminuir o tamanho de um projeto de ESG que o fará apropriado para uma PME. É necessário ter em conta a realidade destas empresas.

No aspecto da Sustentabilidade, o maior obstáculo é a conscientização. Por considerar que seu impacto ambiental é pequeno, a maioria das PMEs avaliam que pouco podem contribuir com a sustentabilidade.

Mas isso, claro, não é verdade. De fato, o impacto específico de uma PME pode ser menor, mas não significa que não seja importante no contexto social mais amplo de esforço para sustentabilidade.

Há, também, a questão do exemplo e da conscientização das pessoas. Colaboradores de PMEs que desenvolvem práticas ambientais tornam-se divulgadores e multiplicadores dessas consciência e práticas em seus círculos sociais.

Por fim, PMEs podem contribuir com projetos ambientais de maior alcance, fortalecendo essas iniciativas.

GMD: Como a governança pode impulsionar a competitividade das PMEs?

Milton: Hoje falamos de governança, mas há décadas que os profissionais, como eu, que contribuem para o crescimento e desenvolvimento das PMEs, insistem na necessidade de profissionalização da gestão destas empresas.

Ainda há um número muito grande de PMEs que são geridas com baixo grau de profissionalização. Isso gera inúmeras ineficiências, com perdas ou mal aproveitamento de recursos físicos, financeiros e humanos, baixos níveis de qualidade de produtos e serviços, perdas de oportunidades de investimento e crescimento.

A governança, hoje, representa um novo impulso para a profissionalização das PMEs, com uma visão mais ampla e mais profunda do que era a de profissionalização. Desta forma e em resumo, ao promover maior organização e melhores práticas de gestão, a governança permite às PMES se tornarem mais eficientes no uso de recursos, reduzir custos, aprimorar qualidade, melhorar a gestão de caixa, reduzir erros e desvios, investir melhor, promover um ambiente de trabalho mais justo e mais saudável, reter talentos, desenvolver competências etc.

A lista dos benefícios da governança para as PMEs é grande. 

GMD: Grandes corporações já investem em ESG há anos. Para PMEs, quais são os benefícios práticos da governança corporativa na competitividade e atração de investidores?

Milton: Sobre os benefícios para a competitividade, creio que os comentários à pergunta anterior encaminhem a questão. Em relação à atração de investidores, e eu acrescentaria a obtenção de recursos financeiros em geral, não só de investidores, a implementação de práticas consistentes de ESG demonstra ao mercado o compromisso e a solidez da atuação da empresa.

Um dos principais fatores que investidores e financiadores levam em consideração é o nível de risco que uma empresa demonstra. Práticas consistentes de ESG demonstram ao mercado que aquela empresa tem organização e atua de maneira planejada, consistente e orientada a objetivos. As decisões não são aleatórias ou no calor da emoção, trazendo maior segurança a investidores e financiadores. 

GMD: O livro traz casos de sucesso sobre PMEs que adotaram práticas de governança e sustentabilidade. Pode compartilhar algum exemplo inspirador?

Milton: Há um caso que eu gosto muito de mencionar. Embora eu não tenha participado diretamente do desenvolvimento desta empresa, acompanho e considero suas práticas de ESG um grande referencial. Trata-se do Grupo Korin.

O que mais me chama atenção é que, por traz de todos os conceitos e práticas de ESG que nasceram e se desenvolveram com a empresa, existe uma filosofia de vida, uma forma de como compreender as ações e o impacto da empresa no ecossistema ambiental e social. É uma empresa, podemos dizer, completa, pois une o melhor do ESG com uma filosofia de um mundo melhor.

GMD: Muitas PMEs temem que a implementação de ESG seja cara e burocrática. Existe um caminho viável para pequenas empresas adotarem essas práticas sem comprometer a agilidade dos negócios?

Milton: Sim, com certeza. E este é um dos principais mitos quando se fala de ESG para as PMES, de que é caro e burocrático. Se formos simplesmente transpor as práticas de ESG de grandes empresas para as PMES, realmente vai ser muito dispendioso e vai burocratizar.

Daí a importância do conhecimento profundo da realidade das PMEs, além do conhecimento dos conceitos e práticas de ESG, para formatá-los às características e limitações das empresas destes portes de modo a construir um caminho de ampliação crescente do ESG naquela organização.

Há práticas como conselhos consultivos compartilhados, ao invés de um conselho de administração formal, que permitem às PMEs iniciarem práticas de ESG de maneira viável e alinhadas com suas realidades e limitações. Estes conselhos consultivos podem, inicialmente, ter uma visão mais ampla, orientando quando a assuntos não apenas de governança, mas também de sustentabilidade e responsabilidade social.

O funcionamento destes conselhos consultivos é estruturado em termos de frequência, duração e foco de modo a não criar conflitos com a agenda dos gestores e permitir seu funcionamento de modo produtivo para os negócios. 

As PMEs podem criar comitês internos de sustentabilidade e responsabilidade social para iniciarem a conscientização e as práticas dentro da sua realidade e disponibilidade de recursos. Há muitos caminhos que podem ser desenvolvidos nas PMEs para uma crescente implementação de conceitos e práticas de ESG.

Mas, o primeiro passo para isso é os sócios e gestores estarem conscientes da necessidade e benefícios que a ESG pode trazer para os seus negócios.


O livro pode ser adquirido no portal do Clube dos Autores, você pode acessar neste link: https://clubedeautores.com.br/livro/governanca-e-sustentabilidade-para-pequenas-e-medias-empresas




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