Carregando...

UFMG aponta que restaurar áreas de Mata Atlântica é mais rentável do que alugar para pasto

Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, na Zona da Mata de Minas Gerais. Foto: Charles Fonseca
Conclusão leva em conta cenários projetados por pesquisa da pós-graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais do IGC, tema de novo episódio do 'Aqui tem ciência', da Rádio UFMG Educativa

Localizado na Zona da Mata de Minas Gerais, o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro é uma reserva de Mata Atlântica que abrange 15 municípios. Em contraste com a conservação do bioma na área, seu entorno é marcado pela presença de pastagens e terrenos destinados ao cultivo de vegetação para alimentar os animais, atendendo às atividades agropecuárias desenvolvidas nas proximidades.

A restauração florestal ao redor do parque pode promover a sustentabilidade ambiental e socioeconômica da região, sendo mais vantajosa economicamente do que a manutenção das pastagens. A conclusão é de estudo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais, vinculado ao Departamento de Cartografia do Instituto de Geociências (IGC) da UFMG. 

Autor do trabalho, o pesquisador Charles de Oliveira Fonseca explica que o estudo foi realizado em três etapas, a começar pelo diagnóstico da paisagem. Em seguida, foi realizada a modelagem determinística, que identificou áreas prioritárias para restauração. Por último, a modelagem probabilística, que projetou cenários de uso da terra até 2050.

“Os dois pilares das modelagens foram: onde podemos melhorar a produção de água e o que podemos fazer para aumentar as manchas florestais?”, relata Fonseca. 

O diagnóstico foi realizado com base em dados do projeto MapBiomas em três momentos: 1985, 2005 e 2022. De 1985 a 2005, foi observada a diminuição da formação das matas nas propriedades rurais. Por outro lado, de 2005 até 2022, foi constatado um leve aumento das formações florestais, atribuído à atuação de organizações ambientais que oferecem aos proprietários consultoria técnica gratuita no processo de restauração da vegetação.

Projeções
Na etapa de modelagem determinística, com base em variáveis como relevo, temperatura e umidade do solo, foram definidas áreas prioritárias para restauração, totalizando 5.801 hectares, o equivalente a 3,6% da área estudada. O percentual ultrapassa o déficit de 2.273 hectares (1,4% da área analisada), estabelecido pelo Código Florestal – lei brasileira que contém as normas gerais sobre a proteção da vegetação nativa. 

Por último, na modelagem probabilística, foram feitas projeções de cenários de uso da terra até 2050. O cenário projetado com base nas condições atuais indicou maior presença do bioma em 2050, com 3.851 hectares restaurados. Se fossem consideradas as áreas prioritárias apontadas na modelagem determinística, seriam 12.815 hectares restaurados em 2050, mais que o triplo da área calculada com a manutenção das atuais condições. Fonseca explica que as projeções foram feitas sem afetar os espaços já ocupados pelos produtores rurais. 

Nos dois cenários projetados na pesquisa, foi feita uma análise de custo, que revelou que a restauração florestal é mais vantajosa economicamente do que a manutenção de pastagens. Mantidas as atuais condições, a pastagem poderia gerar ganhos de 280 mil dólares anuais, enquanto a restauração e a venda de créditos de carbono referentes à área reflorestada poderiam render mais de 1 milhão de dólares.

No segundo cenário, com a restauração das áreas identificadas como prioritárias, o aluguel da pastagem renderia 932 mil dólares anuais; a conversão dessas áreas em florestas, por sua vez, geraria 3,7 milhões de dólares anuais com a venda de créditos de carbono, quatro vezes mais que o aluguel de pastagens. 

Em colaboração com Comunicação UFMG

Compartilhe nas redes:

Boletim por E-mail

GZM NEWS

Cadastre seu e-mail e receba nossos informativos e promoções.

publicidade

Recentes da GZM

Mais sessões