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São Paulo,08/05/2025

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O Brasil forma, o mundo contrata: um alerta sobre a fuga de talentos em IA

Por Paulo Perez, CEO e Cofundador da Biofy Technologies


O Brasil forma, o mundo contrata: um alerta sobre a fuga de talentos em IA

Com o avanço acelerado da inteligência artificial em nível global, o Brasil corre o risco de se limitar ao papel de exportador de profissionais qualificados, sem conseguir integrá-los plenamente ao desenvolvimento tecnológico nacional.

A demanda por especialistas em IA é crescente, e líderes de empresas como Microsoft e Google já alertaram: é necessário que o país implemente, com urgência, políticas públicas eficazes para a formação e retenção desses profissionais, sob pena de continuar perdendo talentos em escala significativa.

Para quem viu o setor de tecnologia evoluir ao longo das décadas, esse movimento de evasão de talentos intelectuais pode até ser preocupante. Como aponta o Relatório Global de Contratações Internacionais 2024, o Brasil se tornou o quinto maior exportador de talentos do mundo, com um aumento expressivo de contratações por empresas estrangeiras, especialmente nos setores de tecnologia e engenharia de software.

O que está em jogo não é só a perda de profissionais, mas a capacidade do país de desenvolver soluções próprias e estratégicas em uma área que definirá o futuro de tudo: da saúde à economia.

Apesar dos desafios, o cenário também apresenta uma oportunidade. A própria inteligência artificial pode desempenhar um papel estratégico na aceleração da formação de profissionais na área.

Ferramentas como plataformas de ensino automatizadas, assistentes pedagógicos baseados em IA e ambientes de simulação imersiva já demonstraram eficácia em diferentes contextos educacionais. Em vez de depender exclusivamente de métodos tradicionais, cuja expansão é mais lenta, é possível utilizar a tecnologia como instrumento para ampliar o acesso e a eficiência na capacitação profissional.

Eventos especializados têm se revelado verdadeiros celeiros de inovação. Jovens em formação, muitas vezes sem acesso às universidades mais prestigiadas, encontram na maratona de programação uma vitrine — e uma porta de entrada — para o mercado. Iniciativas como essa não substituem políticas públicas, mas mostram caminhos possíveis enquanto elas não chegam.

Fortalecer ecossistemas de inovação regionais é mais do que uma boa prática: é uma necessidade. É necessário firmar parcerias, ampliar o acesso e diversificar os protagonistas da transformação tecnológica. Afinal, não se constrói um país digital com oportunidades concentradas em meia dúzia de cidades.

Por mais que iniciativas privadas avancem, é ilusório pensar que elas darão conta sozinhas. A competição com empresas estrangeiras é desleal quando os salários são em dólar e os benefícios superam qualquer pacote nacional. Se o Brasil quiser manter seus talentos aqui, precisará ir além do discurso.

É preciso criar políticas públicas que tornem permanecer no país uma escolha viável — e vantajosa. Incentivos fiscais, valorização profissional e parcerias público-privadas são apenas o começo. A inteligência artificial já ocupa um papel central na nova economia, mas seu avanço no Brasil depende de bases concretas.

É fundamental investir em educação acessível, ampliar as oportunidades de formação e criar um ecossistema tecnológico capaz não apenas de desenvolver talentos, mas também de garantir que eles encontrem motivos para permanecer no país. A janela de oportunidade está aberta, mas não permanecerá assim indefinidamente.


Paulo Perez é formado em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação, com mais de 30 anos de experiência em Software e Segurança da Informação. É programador, professor e CEO e Cofundador da Biofy Technologies.




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