Transformação Digital na Saúde, segundo a MV
Empresa aposta na sua inteligência artificial e na crescente digitalização dos sistemas de saúde para expandir mercados e fortalecer posição

A transformação digital na saúde tem sido um dos grandes desafios e, ao mesmo tempo, uma das maiores oportunidades do setor. Em um cenário que exige inovação constante, segurança da informação e integração de sistemas, a MV tem buscado se posicionar como protagonista dessa jornada, buscando oferecer conexão tecnológica, dados e experiência clínica em uma plataforma unificada e interoperável.
Com soluções já reconhecidas no mercado e uma atuação global, a empresa vem expandindo sua presença e investindo em inteligência artificial para tornar o cuidado com o paciente mais ágil, seguro e eficiente.
Nesta entrevista, Jeferson Sadocci, Diretor Corporativo de Mercado e Cliente da MV, compartilha sua visão sobre essa liderança na transformação digital da saúde, os desafios regulatórios e tecnológicos, e as principais apostas para sustentar o crescimento da empresa nos próximos anos.
Com uma meta ambiciosa de faturamento e investimentos estratégicos em pesquisa e desenvolvimento, a MV diz apostar em seguir inovando para consolidar sua posição no Brasil e internacionalmente.
GMD: A MV declara que tem buscado liderar a transformação digital na saúde no Brasil e no mundo. Como vocês definem essa liderança?
Sadocci: Nossa liderança está baseada na capacidade de oferecer soluções que conectam toda a jornada assistencial, integrando dados, tecnologia e experiência clínica em uma plataforma única e interoperável. É o que chamamos de saúde conectada, onde o cuidado com o paciente se torna mais ágil, seguro e assertivo.
Estamos à frente dessa transformação ao desenvolver produtos pioneiros, como o med.ai — primeira inteligência artificial regulada pela Anvisa — e ao sermos reconhecidos, pelo oitavo ano consecutivo, com o prêmio Best in KLAS pelo nosso Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), o melhor da América Latina.
GMD: Quais são os principais desafios dessa jornada?
Sadocci: Os desafios estão tanto na interoperabilidade de dados entre diferentes sistemas quanto na gestão de privacidade e segurança da informação, em especial com a entrada massiva da inteligência artificial na rotina médica. Além disso, é preciso lidar com um cenário regulatório ainda em formação no Brasil e em outros mercados onde atuamos. A cultura digital também precisa avançar dentro das instituições de saúde para que o potencial dessas tecnologias se concretize de forma efetiva.
GMD: Com a meta de alcançar R$1 bilhão em faturamento até 2027, quais são as principais apostas tecnológicas para manter esse crescimento sustentável?
Sadocci: As principais apostas estão na expansão da inteligência artificial aplicada à saúde, no fortalecimento de soluções voltadas para home care e transição de cuidados — com a aquisição da startup SpinCare — e na consolidação da interoperabilidade entre sistemas.
Além disso, temos projetos estratégicos para internacionalização, com soluções adaptadas às demandas locais e integração de tecnologias emergentes como big data, analytics avançado e automatização de processos clínicos e administrativos.
GMD: A MV investiu R$80 milhões em pesquisa e desenvolvimento em 2024. Quais foram as tecnologias mais promissoras desenvolvidas nesse período?
Sadocci: Entre os destaques, está o med.ai, nossa plataforma de inteligência artificial generativa aplicada à saúde, e novos módulos para o PEP MV, que aumentam a eficiência clínica e a experiência do paciente. Também investimos no desenvolvimento de recursos para home care digital, soluções mobile e ferramentas de automação e gestão preditiva em saúde.
GMD: O med.ai, lançado pela MV, foi a primeira IA regulada pela Anvisa. Como foi o processo de desenvolvimento e regulamentação dessa solução?
Sadocci: O desenvolvimento seguiu rigorosos critérios clínicos e técnicos, com curadoria de dados realizada por especialistas para evitar vieses e garantir segurança assistencial. O processo de regulamentação junto à Anvisa exigiu validações de usabilidade, performance e governança de dados. Essa certificação pioneira garante segurança clínica e respaldo legal para uso assistencial do med.ai.
GMD: Como a MV enxerga o papel da inteligência artificial na gestão da saúde? -
Sadocci: A inteligência artificial é peça-chave para tornar a assistência médica mais antecipatória, eficiente e personalizada. Na visão da MV, a IA deve atuar como um copiloto para o médico, apoiando na transcrição de consultas, sugestão de diagnósticos, recomendações terapêuticas e monitoramento de desfechos, sem substituir a decisão clínica do médico.
Além do apoio direto à prática clínica, a IA também desempenha um papel estratégico na gestão em saúde. Por meio da análise preditiva, é possível antecipar demandas, otimizar o uso de recursos, identificar gargalos operacionais e apoiar a tomada de decisões gerenciais baseadas em dados.
Isso contribui para uma gestão mais eficiente, sustentável e alinhada aos objetivos de qualidade e segurança assistencial.Na prática, isso se traduz em um cuidado mais ágil, preciso e centrado nas necessidades individuais de cada pessoa.
GMD: Qual o impacto esperado do med.ai na rotina dos médicos e na experiência dos pacientes? Há previsão de novos avanços ou funcionalidades para essa plataforma?
Sadocci: O med.ai já reduz o tempo de consulta ao automatizar registros e sugerir diagnósticos, melhora a precisão clínica e libera o médico para focar no atendimento humanizado.
É importante frisar que ela não substitui o trabalho do profissional e nem toma a decisão clínica, ela serve como um apoio para o atendimento. Está prevista a inclusão de novos recursos, como monitoramento remoto, análise preditiva de riscos e integração com wearables e dispositivos móveis.
GMD: Com soluções presentes em 12 países e mais de 5 mil instituições de saúde impactadas, como a MV adapta suas tecnologias às necessidades de diferentes mercados internacionais?
Sadocci: A internacionalização das soluções MV considera a customização para legislações locais, integração com sistemas nacionais de saúde e o respeito às particularidades culturais e assistenciais de cada país. Isso garante que o ecossistema digital MV se adapte às necessidades específicas de diferentes mercados.
Estamos presentes em 12 países, e cada um possui a sua particularidade ao falar do cuidado com o próximo. E para isso, adaptamos as nossas tecnologias de acordo com a necessidade e o perfil de cada instituição.
GMD: A aquisição da SpinCare fortaleceu o portfólio da MV na área de home care e transição de cuidados. Como essa integração contribuirá para o avanço da saúde digital?
Sadocci: Com a SpinCare, a MV passa a oferecer soluções específicas para cuidados domiciliares e pós-alta, conectadas ao prontuário hospitalar. Isso melhora a continuidade do cuidado, reduz readmissões e amplia o alcance da saúde digital para além das instituições físicas. Com grande potencial dentro do mercado, a SpinCare alcança uma parcela significativa do setor e onde a tecnologia pode fazer toda a diferença nos hospitais de transição.
GMD: Segurança de dados é um tema cada vez mais relevante na saúde digital. Quais são os principais desafios enfrentados pela MV nesse aspecto e como a empresa garante a proteção das informações dos pacientes?
Sadocci: A MV também investe constantemente na atualização de suas tecnologias de segurança e na capacitação de suas equipes, promovendo uma cultura organizacional voltada à proteção da informação.
Além de todos os nossos protocolos, recentemente nos alinhamos com a Bidweb em uma joint venture destinada à criação de um novo produto para a área de segurança de dados, reforçando o nosso investimento contínuo. Essa abordagem proativa garante não apenas a conformidade regulatória, mas também a confiança de instituições de saúde e pacientes na integridade e privacidade dos dados.
O grande desafio é proteger dados sensíveis em ambientes altamente conectados. A MV adota criptografia de ponta a ponta, controle rigoroso de acessos, anonimização de dados para treinamentos de IA e políticas de governança de dados alinhadas à LGPD e às regulamentações internacionais.
GMD: A regulamentação de inteligência artificial na saúde ainda está evoluindo. Como a MV lida com questões regulatórias no Brasil e em outros países onde atua?
Sadocci: A MV atua de forma proativa, participando de fóruns regulatórios e desenvolvendo soluções que já seguem padrões internacionais. O med.ai, por exemplo, foi estruturado para atender aos padrões da Anvisa e está sendo adaptado para certificações internacionais conforme a expansão global da solução.
Essa postura estratégica reforça o compromisso da MV com a inovação responsável, assegurando que suas soluções estejam preparadas não apenas para o presente, mas também para as exigências futuras de um mercado global. Ao alinhar tecnologia, regulação e escalabilidade, a MV se posiciona como referência na transformação digital da saúde.
GMD: Quais são as tendências tecnológicas que a MV acredita que irão revolucionar o setor de saúde nos próximos anos?
Sadocci: Entre as principais tendências, destacamos a inteligência artificial generativa integrada a sistemas assistenciais, interoperabilidade total entre plataformas, saúde preditiva baseada em big data, uso de wearables conectados e expansão do home care digital, sempre com foco na jornada do paciente e em cuidados personalizados.
GMD: Como a empresa pretende expandir sua presença global e consolidar sua liderança no mercado internacional?
Sadocci: A MV pretende expandir sua presença global por meio de parcerias estratégicas, localizações de produtos para atender às exigências regulatórias de cada país e certificações internacionais que asseguram a conformidade e a competitividade de suas soluções.
Além disso, a empresa investe em inovação contínua, internacionalização de talentos e presença em eventos globais de tecnologia e saúde. Recentemente estivemos na HIMSS, o maior evento do segmento no mundo, que aconteceu em Las Vegas. Pela primeira vez contamos com estande próprio, levando as novidades e os sistemas que lideram o mercado no Brasil.
Além das nossas ações na América Latina, também estamos de olho em outros mercados onde a saúde digital sai de uma tendência para ser uma realidade. O nosso objetivo é consolidar a transformação digital no Brasil, mas também compreendendo as particularidades de cada mercado à nossa volta e agregando valor aos sistemas de saúde em escala internacional.
GMD: Há planos para novas aquisições ou parcerias estratégicas que possam impulsionar ainda mais a inovação na MV?
Sadocci: Sim. A MV está sempre de olho no mercado, buscando expandir e chegar até a nossa meta de faturamento de R$1 bilhão em 2027. Isso inclui a ampliação de parcerias com startups de healthtech, alianças com instituições acadêmicas para pesquisa aplicada em saúde digital e a avaliação constante de oportunidades de M&A, especialmente em áreas como IA, interoperabilidade e gestão de cuidados continuados. A empresa também aposta na diversificação do portfólio, com o desenvolvimento de produtos escaláveis e baseados em plataformas, capazes de atender diferentes perfis de clientes.