O setor bancário enfrenta um cenário de transformação acelerada, impulsionado por avanços tecnológicos e mudanças no comportamento dos consumidores. A digitalização dos serviços financeiros, a implementação do Drex (moeda digital brasileira) e a evolução do Pix programado são algumas das inovações que vêm redefinindo a forma como os bancos operam.

Apesar dos investimentos crescentes em inteligência artificial, blockchain e computação em nuvem, os bancos ainda lidam com desafios como segurança cibernética, regulamentação e inclusão financeira. A necessidade de equilibrar inovação com proteção de dados e estabilidade do sistema financeiro exige estratégias bem planejadas.

Eventos como o Febraban Tech 2025 destacaram a importância da inovação para o futuro do setor, reunindo líderes e especialistas para discutir tendências como IA generativa, tokenização de ativos e hiperpersonalização dos serviços bancários. 

Mas o sucesso da inovação bancária dependerá da capacidade das instituições de adaptar-se rapidamente às novas tecnologias, garantindo eficiência e segurança para os clientes. 

Foi nesse cenário que o Banco ABC Brasil divulgou, recentemente, a chegada de um executivo para tocar a área de inovação interna. Já na cadeira e com os desafios à sua frente, Rodrigo Cordeiro, novo Vice-Presidente de Produtos e Inovação do banco, conversou com a Gazeta Mercantil para falar sobre sua missão. 

GMD: Você iniciou sua carreira como trainee no Banco ABC Brasil e, após 17 anos, assumiu a posição de Diretor Vice-Presidente. Como essa jornada influenciou sua visão sobre inovação e transformação digital no setor bancário? 

Rodrigo: Minha trajetória no banco começou de forma muito orgânica, sem planos de atuar no setor financeiro. No entanto, encontrei aqui uma cultura colaborativa e de alta performance que me proporcionou desafios e aprendizados constantes.

Ao longo do tempo, pude passar por diferentes áreas, desde produtos até dados e inovação. Essa vivência multidisciplinar me mostrou a importância de construir soluções com base em conhecimento técnico e visão estratégica.

O processo de transformação digital não é apenas sobre tecnologia — é sobre entender profundamente os desafios do cliente e criar soluções sob medida. Foi isso que aprendi ao liderar projetos que nasceram do zero e hoje fazem parte da espinha dorsal do banco.

GMD: Quais são os principais desafios enfrentados pelo setor bancário na adoção de novas tecnologias, e como o Banco ABC Brasil pretende se posicionar diante dessas mudanças?

Rodrigo: Um dos maiores desafios está em transformar estruturas tradicionais e bem- sucedidas sem comprometer a robustez dos processos. É preciso manter a confiabilidade e segurança enquanto se avança em direção à agilidade, personalização e eficiência digital.

No ABC Brasil, enfrentamos esse desafio com uma abordagem estruturada: criamos ambientes de experimentação seguros, buscamos talentos com visão técnica e mantemos o foco em inovação aplicada — aquela que de fato gera valor ao cliente.

Estamos posicionados como um banco que alia solidez à capacidade de adaptação, criando uma infraestrutura moderna para acompanhar a evolução do mercado.

GMD: A digitalização dos serviços financeiros tem alterado o comportamento dos clientes. Como o ABC Brasil está adaptando seus produtos e canais para oferecer uma experiência mais inovadora e eficiente? 

Rodrigo: Temos uma visão clara de que a digitalização precisa caminhar junto com a personalização. Ao mesmo tempo em que desenvolvemos canais eletrônicos práticos e seguros, como o internet banking com funcionalidades de conciliação em tempo real, mantemos um modelo de atendimento consultivo.

Nosso cliente não quer um atendimento massificado — ele quer conveniência com proximidade. Por isso, cuidamos para nosso portfólio de produtos esteja sempre atualizado aos avanços de mercado, com flexibilidade para adaptar a oferta as características e as necessidades de cada cliente, e disponibilizamos acompanhamento especializado durante toda a jornada, através de um time de Informação de uso público, vendas qualificado ou por plataforma digital (inclusive por meio de APIs e integrações com ERPs e PSPs), sempre com foco na eficiência e na satisfação do cliente.

GMD: A inovação no setor bancário envolve não apenas tecnologia, mas também novos modelos de negócios. Quais tendências você acredita que terão maior impacto na forma como os bancos operam nos próximos anos? 

Rodrigo: A descentralização financeira é uma das mudanças mais impactantes que estamos observando. O banco, que antes ocupava um papel central como intermediador de confiança, agora precisa repensar seu valor diante de um ecossistema com múltiplos participantes.

Modelos como embedded finance, digitalização de ativos (como recebíveis e duplicatas) e non-banking financial institutions estão transformando a dinâmica do setor. Acredito que o banco do futuro será muito mais uma infraestrutura invisível, comoditizada e o diferencial estará na qualidade da entrega de soluções, não apenas nos produtos bancários em si.

GMD: Pensando no futuro, quais são as principais iniciativas e estratégias que você pretende implementar para fortalecer a inovação e o crescimento do Banco ABC Brasil?

Rodrigo: Temos três grandes frentes: aumentar nossa base de clientes com perfil aderente, ampliar a oferta de produtos e expandir nossa capacidade de geração de receita por cliente. Além disso, estamos retomando a área de novos negócios, com foco em incubar soluções para horizontes estratégicos do banco.

A ideia é criar, testar e escalar soluções que ainda não fazem parte do core do banco, mas que podem gerar novas fontes de crescimento. Tudo isso com uma abordagem baseada em dados, proximidade com o cliente e um ecossistema de parceiros que fortaleça a nossa entrega.

Rodrigo Cordeiro, novo Vice-Presidente de Produtos e Inovação do Banco ABC Brasil