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São Paulo,12/05/2025

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Comunidade de Aprendizagem em IA estimula o uso criterioso da tecnologia no ensino

Iniciativa do Insper promove a troca de experiências sobre o uso pedagógico da inteligência artificial e fortalece o desenvolvimento de docentes


Comunidade de Aprendizagem em IA estimula o uso criterioso da tecnologia no ensino

Lançada em 2024, a Comunidade de Aprendizagem em IA é uma iniciativa do Insper que tem como propósito estimular o uso criterioso e pedagógico da inteligência artificial (IA) no ensino. A ideia é oferecer um espaço estruturado para que professores compartilhem experiências, aprofundem seus conhecimentos e desenvolvam práticas inovadoras com apoio institucional. Voltada ao desenvolvimento docente e à construção coletiva de conhecimento, a comunidade surgiu em resposta às dúvidas crescentes sobre como integrar a IA de forma ética, eficaz e alinhada aos objetivos educacionais.

“Recebemos uma série de questionamentos por parte do corpo docente sobre como deveriam proceder em relação ao uso da IA. Sem uma diretriz institucional clara, muitos não sabiam se estavam agindo de forma alinhada aos valores da escola”, diz Guy Cliquet do Amaral Filho, gerente executivo da área de Desenvolvimento de Ensino e Aprendizagem (DEA) do Insper.

Para lidar com essa questão, o Insper decidiu adotar uma abordagem descentralizada: o professor pode optar por não permitir IA, permitir parcialmente ou liberar totalmente, sempre com justificativas pedagógicas claras. A Comunidade de Aprendizagem foi o canal escolhido para fomentar a discussão sobre como implantar tal uso nos cursos de forma contínua, colaborativa e estruturada.

“A comunidade foi pensada para apoiar o professor não apenas no aspecto técnico do uso da IA, mas, principalmente, no desenvolvimento de um olhar pedagógico crítico sobre o que ela pode agregar à sua prática”, afirma Guy.

Troca de experiências e construção coletiva

Segundo Guy, comunidades de aprendizagem são grupos de pessoas que compartilham uma preocupação comum ou interesse em um tema, reunindo-se com o propósito de alcançar objetivos individuais e coletivos. “Esses espaços valorizam o compartilhamento de práticas e a construção de novos conhecimentos a partir da experiência dos próprios docentes. São ambientes dinâmicos, sustentados pelos próprios membros ao longo do tempo”, explica.

A Comunidade de Aprendizagem em IA foi a primeira formalizada no Insper e já serve como modelo para outras iniciativas em desenvolvimento dentro da instituição. Seu objetivo principal é disseminar boas práticas no uso da inteligência artificial e de outras tecnologias educacionais, por meio da troca de experiências entre educadores, promovendo a reflexão sobre impactos, desafios e estratégias de sucesso.

“Nosso propósito é criar um espaço onde os professores possam compartilhar o que estão fazendo, discutir literatura, debater casos e aprender uns com os outros. Isso fortalece tanto a cultura institucional de ensino quanto o desenvolvimento profissional individual”, afirma Fabiana Paixão, analista sênior do DEA e gestora da comunidade.

Três tipos de encontro

De acordo com Fabiana, a Comunidade de Aprendizagem em IA promove três formatos principais de encontros: workshops, trocas de experiências e discussões em grupo.

Os workshops, realizados presencialmente, têm foco na capacitação técnica e pedagógica. No ano passado, os encontros tiveram caráter mais introdutório, voltados à apresentação de conceitos básicos de IA generativa. Neste ano, os temas abordados passaram a incluir recursos mais avançados, como o uso da ferramenta institucional de IA do Insper — que integra modelos como ChatGPT e Mistral — e o emprego de “agentes” para automatizar tarefas educacionais. 

“A ideia é construir uma escadinha: começamos com os fundamentos, depois exploramos ferramentas mais específicas, sempre com uma parte prática. Os professores saem do workshop com algo aplicável à sua realidade”, explica Fabiana.

As trocas de experiências, realizadas em formato online, reúnem professores de diferentes áreas para compartilharem como têm utilizado a IA em suas práticas pedagógicas. Cada evento geralmente conta com dois docentes convidados, que apresentam suas abordagens, estratégias e resultados, além de responderem às perguntas dos colegas. A próxima atividade, focada em engenharia de prompt — um tema pelo qual os docentes têm demonstrado grande interesse —, está agendada para os dias 30 de maio e 5 de junho. As gravações e os materiais de apoio ficam disponíveis na página da comunidade no Blackboard. 

Já as discussões em grupo propõem a leitura prévia de artigos sobre IA e educação, seguidos de encontros para debate mediado. Um dos textos mais discutidos, por exemplo, apresentou uma escala de uso da IA pelos estudantes — que vai desde o apoio à geração de ideias até a produção completa de conteúdos. “O objetivo é estimular a reflexão crítica sobre os impactos e possibilidades da IA no processo de avaliação e no ensino como um todo”, ressalta Fabiana.

 Avanços e desafios

Um dos aspectos destacados por Guy é a diferença entre utilizar a IA no preparo das aulas e integrá-la efetivamente nas atividades com os alunos. Segundo ele, muitos professores já reconhecem o potencial da tecnologia para economizar tempo e apoiar a produção de materiais. No entanto, o verdadeiro desafio está em criar propostas pedagógicas que incorporem a IA de forma crítica, intencional e alinhada aos objetivos de aprendizagem com o propósito de desenvolver os alunos indo além do uso dos docentes.

“Não é difícil aprender a usar IA do ponto de vista técnico. A questão está em saber o que extrair da ferramenta e como avaliar o que ela produz. A expertise do professor é essencial nesse processo”, afirma Guy.

A Comunidade de Aprendizagem em IA foi criada justamente para apoiar os docentes nesse desenvolvimento. Ao oferecer um ambiente de troca, exemplos práticos e orientação institucional, a iniciativa contribui para que os professores avancem na construção de um uso pedagógico mais consciente e refinado da inteligência artificial.

Uma experiência replicável

Embora a Comunidade de Aprendizagem em IA tenha sido desenvolvida a partir das necessidades específicas do Insper, seus princípios podem inspirar outras instituições de ensino superior que buscam enfrentar os desafios da inteligência artificial de maneira democrática, colaborativa e pedagogicamente fundamentada.

“A solução não está em decisões centralizadas. Ela passa por engajar os professores, criar espaços de troca e fortalecer uma cultura institucional de ensino. Só assim uma escola pode realmente afirmar que domina um tema como a IA”, afirma Guy.

O Insper já planeja expandir essa experiência com a criação de novas comunidades de aprendizagem voltadas a outros temas estratégicos. A expectativa é que o modelo se consolide como uma abordagem transversal de desenvolvimento docente, fortalecendo o aprendizado entre pares e contribuindo para uma cultura educacional cada vez mais aberta à inovação.




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